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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Chumbo quente: Brasil rumo ao autoritarismo



Famintos, desempregados e a explosão da violência não poderão ser contidos pela repressão

Local onde funcionou o DOI/Codi, em São Paulo, no bairro do Paraíso

*Luís Alberto Alves/Hourpress

As declarações do general Heleno Fonseca, que assumirá a chefia do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), a respeito de mais investimentos na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), precisa ser vista com preocupação. Não é novidade a proposta de caça às bruxas de movimentos de esquerda e de opositores do novo governo.
Luís Alberto Alves

A Abin é um SNI (Serviço Nacional de Informações) sofisticado. Na ditadura militar de 1964, os agentes desta CIA inventada no Brasil se infiltravam entre a oposição e entidades de classe, principalmente estudantis e sindicalistas, para identificá-los, prendê-los e depois torturá-los até a morte nas casas de horror espalhadas por todo o Brasil.

Ninguém tem mais dúvida de que o governo Bolsonaro será dominado pela extrema-direita. Qualquer reivindicação sofrerá repressão. No campo, o MST (Movimento Sem Terra) vai enfrentar muita bala de borracha ou mesmo de chumbo para conter ocupações de gleba de terras à espera de valorização para cair nas mãos do agronegócio.

Sindicatos de trabalhadores, sem o dinheiro do imposto relativo a um dia de serviço descontado de todo brasileiro, ficaram sem força. As entidades patronais encontraram a torneira do bilionário sistema S e continuarão em atividade. Para complicar, o ministério da Justiça, nas mãos do juiz Sergio Moro, ficará no pé dos sindicalistas. Um protesto, que é garantido pela Constituição Federal, será interpretado como ato terrorista. Resultado: prisão de diretores e militantes.

A maioria do eleitorado, grande parte sem consciência política, vai elogiar a detenção de opositores, classificados pelo sistema de baderneiros, contrários ao progresso do Brasil. Igual na ditadura de 1964. Não vai demorar em começar prisões ilegais e a tortura se transformar em ato legal, para obtenção de informações.

Jornalistas que se recusaram a dar benção para o autoritarismo também entrarão na alça de mira. Calculo que blogs e sites críticos ao governo enfrentarão problemas. Os patrões da grande imprensa continuarão batendo palmas a toda besteira que o presidente da República fizer, desde que a verba publicitária do Palácio do Planalto esteja na conta corrente deles.

Uma das regras do jornalismo é a observação. Prestar atenção a detalhes que o leigo deixa passar em branco. Notem que vários postos chaves do próximo governo são ocupados por militares. Por que? Tudo para contribuir no fechamento do cerco. A extinção do ministério do Trabalho é para aprofundar a falta de direito no mercado. Emprego será sinônimo de escravidão. Não somente para negros, como ocorria no século 19, mas incluídos todos os brasileiros.

A adoração ao ditador mor Donald Trump e elogio as suas loucuras revela o quanto o Brasil mergulhará em enrascadas no comércio exterior. A primeira delas foi deixar a neutralidade em relação ao conflito árabe no Oriente Médio. Ao puxar a sardinha para Israel, disse não aos importadores de carne e outros produtos que rendiam muito dinheiro ao País. A segunda foi arrumar encrenca com o maior comprador de mercadorias do planeta: a China.

Sem as importações chinesas, que ultrapassam as cifras de bilhões, e árabes, logo os empresários começarão a protestar. Sem dinheiro em caixa irão demitir, jogando mais pólvora no barril do desemprego, que a cada dia cresce mais. Falta de trabalho reduzirá circulação de dinheiro, aumentarão os problemas sociais. A rede pública de saúde não terá condição de atender a gigantesca demanda.

Nesta altura do campeonato, o presidente não poderá jogar a culpa no PT. Porque foi ele o responsável pelas burradas. O big boss Paulo Guedes perceberá que não basta só encher, cada vez mais, os cofres dos banqueiros. A indústria quebrada exigirá redução de impostos e reivindicará renúncia fiscal. Famintos, desempregados e a explosão da violência não poderão ser contidos pela repressão. É quadro perfeito para a queda de alguém que pensou administrar o Brasil apenas com bravatas.

*Luís Alberto Alves é diretor de redação do hourpress.com. br e jornalista há mais de 30 anos. Trabalhou nos principais veículos de comunicação de SP. É expert em Política Internacional, Segurança Pública, Economia, Música, Veículos, Gospel Music, Sindicalismo e Meio Ambiente. É grande estudioso de Black Music, arranjador e músico de formação clássica.


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