A abobrinha foi o alimento que apresentou maior irregularidade |
Redação
Levantamento divulgado pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) nessa sexta-feira (14) com um grupo de seis
frutas e verduras mostrou que 25% dos alimentos analisados contêm um nível de
agrotóxico acima do limite ou não permitidos para o tipo de produto produzido.
A agência analisou 1.397 amostras de
abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva em 2012. Do total de
produtos com irregularidades apresentados no relatório do Para (Programa de
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) apenas 2% contêm níveis de
agrotóxicos acima dos limites máximos permitidos e 21% apresentaram agrotóxicos
não aprovados para o produto, como por exemplo o uso de um tipo específico para
o tomate sendo aplicado em uma plantação de abobrinha. Outros 2% apresentaram
ambos os problemas. O estudo não identificou qualquer produto proibido nos
alimentos.
No restante do material que foi considerado
satisfatório pela Anvisa, ou seja, 75% da amostra dos alimentos, em 33% deles
não foi encontrado qualquer tipo de agrotóxico. Nos outros 42%, os agrotóxicos
estavam em níveis aceitáveis. As coletas dos alimentos foram feitas no último
momento antes de chegar ao consumidor final, nos pontos de venda como
supermercados e feiras.
A
abobrinha foi o vegetal que apresentou o maior número de irregularidades, em
que 48% das amostras foram consideradas insatisfatórias. Das 229 amostras
analisadas, 48% foram reprovadas, sendo 45% por uso de agrotóxicos não
permitidos para seu cultivo e 2,2% por conter mais agrotóxico do que o
permitido.
Alface
Em seguida, aparece a alface com um índice de
45% de reprovação, a uva com 29%, o tomate com 16%, o feijão com 7,3% e o fubá
de milho com 2,9%.
Segundo a Anvisa, o uso inadequado de
agrotóxicos acontece por falta de informação do agricultor ou indisponibilidade
de produtos específicos no mercado. Por isso, a agência, o Ibama (Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente) e o Ministério da Agricultura editaram uma norma
neste ano que amplia a possibilidade de registro de produtos agrotóxicos para
culturas que possuem poucas opções no mercado.
Apesar
dos resultados, o consumidor não precisa deixar de comprar esses alimentos. De
acordo com a superintendente de toxicologia da Anvisa, Silvia Cazenave, o
benefício do consumo da fruta ou verdura é maior do que o prejuízo causado pelo
uso inadequado dos agrotóxicos.
"As
pessoas consomem esses produtos em pequenas quantidades. Não vai acontecer
nenhum tipo de intoxicação alimentar ao comer esses alimentos. A Anvisa faz as
análises para manter um controle de qualidade e para adotar as medidas de
conscientização e melhores práticas junto aos agricultores", explicou
Silvia.
Consumo
Para reduzir o consumo de agrotóxicos, a
agência recomenda que as pessoas preferência para alimentos com certificação ou
com origem identificada e procurem as redes varejistas que possuem programas de
rastreabilidade e de controle da qualidade dos alimentos. O estudo aponta que
os maiores prejudicados com o uso dos agrotóxicos são os agricultores. Para o
consumidor final os riscos estão mais relacionados ao consumo crônico.
De acordo com a Anvisa, os resultados de 2012
não podem ser comparados com os dados de 2010 porque há diversas variáveis que
influenciam nas análises, como quantidade de chuvas no período, pragas e uso de
diferentes agrotóxicos ao longo dos anos.
Em números absolutos, foram analisados 229
amostras de abobrinha, 240 de alface, 245 de feijão, 280 de fubá de milho, 246
de tomate e 229 de uva. O Para faz a análise de amostras de alimentos in natura
todos os anos. São 25 tipos de alimentos analisados a cada três anos, alterados
a cada ciclo.
Para todas as amostras insatisfatórias
oriundas da coletas para análises, foi aberto um processo administrativo que
autua os responsáveis pelo alimento comercializado fora dos padrões
estabelecidos pela agência.
Em 2013, a Anvisa divulgou a primeira etapa do
monitoramento de 2012 que incluiu: abacaxi, arroz, cenoura, laranja, maçã,
morango e pepino. Para estas culturas, o percentual de amostras insatisfatórias
havia ficado em 29%. A segunda etapa só foi divulgada nesta sexta porque os
laboratórios, devido ao grande volume de amostras, não conseguiram finalizar as
análises.
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