Do total
de 63 milhões de toneladas de lixo geradas por ano no Brasil, mais de 30%
têm potencial de reciclagem, mas apenas 3% dos resíduos urbanos são
efetivamente reciclados, segundo alerta a Abrelpe (Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).
“Quinto
maior produtor mundial de lixo urbano, o Brasil viu seu volume de resíduos
crescer 21% na última década, muito acima do índice de crescimento da
população, que foi de 9,6% no período”, destacou Carlos Silva Filho,
diretor-presidente da Abrelpe. As iniciativas de reciclagem, contudo, não
cresceram na mesma proporção e atualmente apenas 60% dos municípios
brasileiros têm “alguma iniciativa” de coleta seletiva. “Isso não significa
que esses municípios tenham coleta seletiva em todo o seu território ou que
contem com um programa formalizado porta a porta, apenas indica que o
município está aberto ao tema”, observou o executivo.
De
maneira geral, o índice registrado tem relação direta com o trabalho dos
catadores, que fazem a separação do material proveniente da coleta urbana a
céu aberto e sem estrutura adequada, algumas vezes em lixões ou aterros
controlados – destinos considerados inadequados segundo a Política Nacional
de Resídios Sólidos (PNRS).
Aprovada em 2010, esta política estabelece
o mês de agosto deste ano como data limite para que os municípios deem
destinação adequada a seus resíduos, o que inclui encaminhar as ações de
gestão integrada de resíduos, observando a ordem de prioridade de ações:
reduzir, reutilizar, reciclar, promover o tratamento e a recuperação e
apenas como última opção fazer a disposição dos rejeitos em aterros
sanitários.
Para que
as metas estabelecidas sejam alcançadas é preciso a sensibilização e o
envolvimento do cidadão, que tem um papel a cumprir em prol do meio
ambiente e de uma qualidade de vida melhor. “É preciso implementar
programas permanentes de esclarecimento e incentivos à separação do lixo,
com o estabelecimento de punições para descarte de materiais recicláveis no
sistema regular de limpeza urbana”, comenta Carlos Silva Filho.
O
sistema de coleta seletiva e de reciclagem no Brasil sofre com vários
gargalos ao longo da cadeia e até hoje não conseguiu se estabelecer como um
setor da economia, com o potencial que se apresenta pelo volume de materiais
descartados. O processo desenvolvido é praticamente todo manual, sem
nenhuma coordenação ou gestão e não conta com um mínimo de incentivos para
crescer.
“Alguns gargalos são bastante latentes, como a
falta de instrumentos econômicos para a reciclagem, com pouco ou nenhum
investimento realizado nessa área, no sentido de permitir uma economia de
escala. Isto prejudica o processo de comercialização e de vendas destes
materiais”, concluiu o diretor-presidente da Abrelpe.
Para
fomentar discussões a respeito de uma gestão integrada e sustentável dos
resíduos sólidos urbanos (RSU) e apontar caminhos e soluções viáveis para
os municípios brasileiros, a Abrelpe trará para o País, em setembro, o ISWA
2014 - Congresso Mundial de Resíduos Sólidos e o Fórum Global de Resíduos
da ONU, nos quais serão apresentados casos de sucesso de várias partes do
mundo.
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