A cabo Andreia teria sido chamada para participar de roubo a caixa eletrônicos |
Um dos carros usados em assalto a caixa eletrônico em Parada de Taipas |
Luís Alberto Caju
Algumas coincidências chamam a atenção no caso da chacina em que morreu
um casal de Pms em Vila Brasilândia, Zona Norte de SP, no dia 5 de agosto. A
primeira delas é que nos últimos cinco anos três militares do 18º Batalhão da
Polícia Militar foram executados a tiros.
Em
janeiro de 2008, o coronel José Hermínio Rodrigues acabou assassinado na
Avenida Engenheiro Caetano Álvares, próximo do bairro do Imirim, Zona Norte, quando
andava à paisana de bicicleta. Segundo o DHPP (Departamento de Homicídio e
Proteção à Pessoa), ele teria sido morto por combater a atuação de policiais em
grupos de extermínio na região de Vila Brasilândia. Três soldados acusados do homicídio
saíram livres do Tribunal de Justiça Militar por falta de provas.
Em julho de 2008, seis meses
após morte do comandante do 18º Batalhão da PM/SP, coronel José Hermínio
Rodrigues; um outro comandante e três policiais militares da Força Tática
tiveram a prisão decretada pela Justiça Militar sob a acusação de prender,
matar e simular um tiroteio para justificar o assassinato de Everton Torres
Rodrigues, de 21 anos, na madrugada de 30 de julho no bairro de Parada de
Taipas, também na Zona Norte.
No mês de agosto de 2011, um policial militar foi preso
suspeito de participar de uma tentativa de assalto a caixas eletrônicos no supermercado
Comprebem, localizado à Avenida Elísio Teixeira Leite, diante do Hospital Geral
de Taipas. Seis pessoas morreram durante tiroteio entre assaltantes e policiais da Rota (Rondas Ostensivas
Tobias de Aguiar). De acordo com a Corregedoria da PM, o policial estava perto
do estabelecimento na hora do crime. Próximo ao local fica o 74º DP (Parada de
Taipas). A Rota apreendeu dois fuzis 556, duas carabinas, duas metralhadoras,
uma pistola, três coletes, um maçarico e botijões de gás. Dez bandidos
conseguiram fugir.
Policial feminina morta na porta de casa
A noite de 4 de novembro de 2012 terminou com a morte da
policial feminina Marta Umbelina da Silva, alvejada a tiros quando saiu do
carro para abrir o portão de sua casa na Rua Dr. Roberto Zwicker, Vila
Brasilândia, a poucos minutos da Rua Dom Sebastião, no mesmo bairro, onde
ocorreria a chacina de 5 de agosto de 2013, matando o casal de Pms Luís
Pesseghini e Andreia Bovo Pesseghini. Marta era colega de Andreia no 18º
Batalhão da PM. Naquele sábado, ela estava de folga e à paisana, quando acabou
atacada por dois homens que atiraram sete vezes e fugiram num Honda Civic
prata. Dia após a morte do casal de PMs, uma testemunha ressaltou que viu várias
vezes um carro prata circulando na Rua Dom Sebastião, inclusive chegando a
parar diante da residência onde morava o sargento da Rota, Luís Pesseghini.
A cabo
Andreia avisou, em 2011, sobre o convite do roubo ao caixa eletrônico instalado
no supermercado Comprebem em Parada de Taipas, a seu superior, o capitão Fábio
Paganotto, na época comandante da 1ª Companhia do 18º Batalhão. Paganotto
tentou apurar o fato e acabou transferido, posteriormente, para o 9º Batalhão. Na ocorrência da
tentativa de assalto ao estabelecimento comercial, o capitão foi um dos
policiais que esteve presente, com soldados da Rota.
Coronel desmente
entrevista
No dia
7 de agosto, o tenente-coronel Wagner Dimas, então comandante do 18º
batalhão, disse em entrevista à rádio Bandeirantes que a cabo Andreia havia denunciado colegas envolvidos em roubo
a caixas eletrônicos e que não acreditava que o menino fosse o responsável
pelas mortes. No dia seguinte, ele foi chamado para depor na Corregedoria da PM
e desmentiu os fatos. Anteontem (12) o tenente-coronel Dimas
foi afastado do comando do 18º Batalhão. A PM não se pronunciou sobre o
afastamento.
Nessa
terça-feira (12) o deputado major Olímpio Gomes (PDT) disse que não foi
punido nenhum policial que chamou a cabo Andreia para participar de roubo a
caixas eletrônicos. Ele comunicou no mesmo dia o corregedor da PM, o coronel
Rui Conegundes. Nesse mesmo dia, a delegada Elisabete Sato, do DHPP
(Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) afirmou que a casa onde a
família foi morta não teve a cena de crime totalmente preservada.
Mais tarde, a Secretaria de Segurança Pública ressaltou que isso não iria interferir nas
investigações, que coloca como principal suspeito o adolescente Marcelo
Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, de ter matado a mãe, o pai, sargento da Rota
Luís Marcelo Pesseghini, 40, a avó Benedita Oliveira da Silva, de 65 anos a tia avó, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos. O crime
ocorreu no dia 5 e o menino se matou após ir até a escola.
Sebastião de Oliveira Costa, 54, parente das vítimas, disse, no último
sábado, que chegou à casa às 17h45 do dia 5 e que havia ao menos 30 PMs dentro
dela, antes da chegada da perícia. A polícia pretende chamar para depor os
policiais militares que entraram na casa antes da chegada da perícia.
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