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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Crônica: O velhinho tempo não espera ninguém



Quando parado no trânsito, às vezes subia nas calçadas para chegar rápido em casa ou no trabalho

Astrogildo Magno

Marlucio poderia ser classificado como alguém super ansioso. Estava ainda no domingo, mas já pensando no outro final de semana. Mesmo quando passeava com a família, levava o  notebook para tentar adiantar alguma tarefa do escritório de advocacia, que ajudou a tornar realidade ao lado de um colega que conheceu na famosa faculdade de Direito do Largo São Francisco, na região central de São Paulo.

Tudo para ele acabava resumido a tempo. Dizia aos familiares e amigos que o velhinho tempo não espera por ninguém. Vive correndo deste o início do mundo. Sobrevive a tragédias, a sistemas políticos, seja de esquerda ou direita, crises, guerras. Nada consegue deter a caminhada deste idoso que trabalha todos os dias, de noite e de dia.

Imagem

Por causa disto, Marlucio procurava viver acelerado. Não admitia lentidão. Quando parado no trânsito, às vezes subia nas calçadas para chegar rápido em casa ou no trabalho. Jamais esperava. Neste pique agitado conseguiu atingir excelente padrão de vida. Comprou diversos imóveis top de linha, tinha bons carros na garagem do edifício de luxo, onde adquiriu um requintado apartamento de cobertura.

Chegou aos 60 anos, mas com visual de alguém de 30. Vaidoso, cuidava muito bem da imagem. As rugas, quando apareciam, logo desapareciam em cirurgias plásticas. Só não tinha domínio sobre a ansiedade. Desde a adolescência era embalado pela agitação. De olho nos preparativos para as festas de final de ano, escorregou e lecionou um osso da coluna. O médico fez uma cirurgia, e o imobilizou durante 40 dias. Durante este período a sua pressa se tornou em lentidão....

Astrogildo Magno é cronista


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