O mensaleiro Costa Neto, mesmo condenado, continuará ganhando o salário de deputado de R$ 26 mil |
Luís Alberto Caju
Bandidos com
tratamento VIP: Ao dar para mensaleiros, com mandato, o mesmo tratamento dispensado ao
deputado-presidiário Natan Donadon, a Câmara atirou contra o próprio pé.
Dependendo da decisão que será tomada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o
Brasil será o único país no mundo, onde o Poder Legislativo poderá abrigar dois
parlamentares que, após o expediente, serão algemados, colocados no camburão e
levados à cadeia, para dormir.
Na tarde de hoje (13) começa a
terceira fase do julgamento do mensalão. Nessa rodada o STF julgará a segunda
rodada de embargos de declaração (recursos que visam corrigir eventuais
contradições, omissões ou obscuridades do veredicto). Para os 13 condenados,
será o fim da linha, pois sem possibilidade de manejar novos recursos, poderão
ir para a cadeia.
Nesse grupo estão os deputados
federais Valdemar Costa Neto (PR/SP), condenado a 7 anos e 10 meses, e Pedro
Henry (PP/MT), que pegou 7 anos e dois meses. Penas abaixo de 8 anos garante ao
réu regime semiaberto. Eles poderão pedir ao STF o direito de deixar o presídio
durante o dia para trabalhar. Enquanto não forem cassados, estarão circulando livremente
pela Câmara dos Deputados.
Enquanto o deputado/bandido Natan
Donadon perdeu toda a estrutura que os parlamentares dispõem no Congresso
Nacional, Costa Neto e Henry, mesmo presos, continuarão ganhando o “módico e
irrisório” salário de R$ 26 mil e demais verbas para manter o gabinete em
funcionamento. É o mesmo de pagar para o criminoso cometer seus delitos.
Já para o cidadão comum
(trabalhadores que enfrentam ônibus, Metrô e trens superlotados) não existe
regalia. Experimente furtar um frasco de xampu ou levar dois sabonetes para
casa, sem pagar, para ver o que acontece. Continuo afirmando com todas as
letras: Justiça no Brasil só funciona para Pobre,
Preto e Prostituta. Rico e Político raramente são vistos por ela.
Cano de esgoto
entupido: O auditor Luis Alexandre Magalhães, segundo escutas autorizadas pela
Justiça e feitas pelo Ministério Público, ameaçou seu antigo chefe Ronilson
Bezerra Rodrigues: “Não vai cair ninguém. Se cair cinco vão cair 50. Eu tenho
anotado, eu tenho transtorno obsessivo compulsivo. Eu anoto todos os acertos
desde 2002”.
Magalhães ao lado do automóvel que teria sido comprando com o dinheiro da propina do ISS |
Ele gravou a conversa mantida com
Rodrigues e com o colega Carlos Alberto Di Lallo num restaurante. O trio
explica que após o afastamento, o suposto esquema de fraude do ISS e IPTU teria
prosseguido na Prefeitura de SP. Na maior cara de pau, Magalhães sugere que se esqueça
do passado, pois já ganhou muito dinheiro. Mas ameaçou para que não se mexa no
patrimônio obtido com o dinheiro sujo da corrupção nem com nenhum dos
integrantes de sua antiga equipe.
De acordo com investigações do
Ministério Público, os auditores suspeitos de fraude em SP têm 59 imóveis e
lancha de R$ 1 milhão. Magalhães vai mais longe ao dizer que ser bandido também
é difícil. Ela não sabe que dificuldade
é continuar honesto diante de tanta sujeira. Quando o cidadão de bem precisa
fazer malabarismo para pagar todas suas contas em dia, sem correr o risco de
apelar para o crime. Dormir e acordar pensando em pagar dívidas, para não
deixar o nome na lista de maus pagadores.
É tão grande a cara de pau do
auditor Magalhães, que ele ameaça o atual subsecretário de Finanças da
Prefeitura de SP, Douglas Amato, para ele ficar atento com as informações que
passa. Como percebeu que vai para a cadeia, não quer ficar sozinho. Já disse na
coluna anterior (vaso sanitário entupido)
que tinha mais gente envolvida, bastasse o Ministério Público apertar o cerco.
Para o bem público, caso tenha 50 envolvidos, que todos eles sejam presos e
condenados. A cidade ficaria livre de tamanha sujeira. E os bens dos corruptos
vendidos para ressarcir os cofres públicos.
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