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Crônica: De bem-sucedido ao amargo do ostracismo

    Hourpress/Arquivo Morava num apartamento de cobertura na Região dos Jardins, com direito a três vagas na garagem, onde tinha estacionad...

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Raio X de Sampa: Conheça a história da Rua Caio Prado



Luís Alberto Alves/Hourpress


Caio Prado foi notável político paulista, parlamentar e jornalista no tempo do Império. Como jornalista, redigiu em São Paulo "A República" e o "Correio Paulistano". Presidiu a Província do Ceará. Faleceu em Fortaleza em 25 de maio de 1889. A Rua Caio Prado (foto) fica na Consolação, Centro. 

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Variedades: Festival A Vida no Centro leva música, história e experiências ao Centro Histórico


Show com Mariana Aydar levou milhares de pessoas para dançar forró e emocionou o público no palco montado na Rua 15 de Novembro. Em clima de paz e harmonia, a Praça Antônio Prado teve shows de música brasileira e festa com DJ Theo Werneck até a madrugada de domingo

Redação/Hourpress
Milhares de pessoas dançando e cantando juntas, transformando o Centro Histórico de São Paulo num imenso palco da celebração da cultura brasileira. Assim foi a noite de sábado, dia 9, durante o show de Mariana Aydar no Festival A Vida no Centro. A apresentação da cantora e compositora paulistana, que vem dedicando sua carreira ao forró nos últimos anos, foi o ponto alto do evento, que teve o tema brasilidades em todas as atrações musicais. As outras atividades ao ar livre foram realizadas na Praça Antônio Prado, que sediou uma festa com o DJ Theo Werneck até a madrugada de domingo, transformando o entorno do coreto numa grande balada.
“Ficamos muito felizes com esta primeira edição do festival. Foi um sonho realizado trazer as pessoas para dançar música brasileira no Centro Histórico”, diz Denize Bacoccina, cofundadora da plataforma A Vida no Centro. “Foi incrível ver as pessoas felizes, se divertindo, aprendendo e vivenciando o Centro de São Paulo, um lugar tão importante para a história da cidade que volta a ser visto como um local de visita cultural e de lazer”, diz Clayton Melo, cofundador do A Vida no Centro.
"É um orgulho enorme ter realizado o Festival A Vida no Centro, junto com a plataforma A Vida no Centro. O evento foi gestado com muito amor, dedicação e empenho para valorizar o Centro Histórico e oferecer uma experiência única aos visitantes do local",  comenta Gê Rocha, da CoPlayers.
Realizado pelo A Vida no Centro, plataforma de informação e inteligência especializada no Centro de São Paulo, e pela CoPlayers, o festival teve patrocínio da Bio Ritmo e apoio da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, do CCBB e do vereador José Police Neto. A iniciativa ocupou a Praça Antônio Prado, Rua Quinze de Novembro, João Brícola e São Bento no fim de semana com shows, debates, arena infantil, tours, visitas guiadas a prédios históricos e feira de moda e gastronomia, mostrando que é possível ter arte, cultura e entretenimento no Centro de São Paulo para todas as idades.
 Música
No coreto da Praça Antônio Prado, o som rolou a partir das 16h do sábado, dia 9, com um show do músico Thiago Pimentel, que apresentou músicas do seu disco Sal e um repertório de clássicos da música brasileira. Às 20h, a cantora Mariana Aydar subiu ao palco montado na Rua Quinze de Novembro e colocou todo mundo pra dançar um bom forró. Ela apresentou músicas de vários trabalhos e também do Bloco Forrozin, que celebra a música nordestina durante o Carnaval. “Não podia deixar de tocar músicas desse trabalho que fazemos no Centro e que é tão bonito”, disse Mariana.
Em um clima de paz, milhares de jovens, idosos e crianças cantaram, dançaram e se divertiram ao ar livre e em uma convivência harmoniosa. Mônica Lima, 52 anos, curtiu o show do começo ao fim. Ela não mora no Centro, mas sempre vem para essa região passear e se divertir. “O Centro é parte da cidade e precisa ser habitado. Então, não deixo de vir”, contou.
Quem também curtiu o show foi Patrícia Magre, 40 anos. Ela estava com a Júlia, de 13 anos, e ressaltou a importância de eventos como o Festival no Centro Histórico. “Eventos como este são importantes para dar vida ao lugar”, disse ela, que voltou à praça no domingo para o show de encerramento, com Ana Cacimba.
No domingo, dia 10, a música rolou durante à tarde com o DJ Theo Werneck e seguiu com o show da cantora, compositora e pesquisadora Ana Cacimba, que faz uma música repleta de referência da cultura popular, principalmente o samba de coco e o samba de roda. Ela lembrou que o show estava acontecendo ao lado da estátua de Zumbi dos Palmares, no local onde, no passado, ficava a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e onde muitos escravos foram sepultados. “Tem muito sangue negro aqui embaixo. Estamos trazendo nossos tambores para lembrar a nossa história e o porquê de tocarmos música negra hoje”, disse.
Ao final da apresentação, uma grande ciranda se formou na praça e, cercado pelos prédios históricos, o público dançou de mãos dadas, mostrando que o centro é lugar de arte, cultura e, principalmente, convivência.
 Diálogos A Vida no Centro
A programação incluiu quatro debates do projeto Diálogos A vida no Centro. No sábado, dia 9, muita gente se reuniu no auditório do CCBB para conversar sobre “Negócios de impacto social: o que são e o que isso tem a ver com o centro”, “Como a gastronomia está transformando o centro de São Paulo” e “O poder da diversidade no centro e os benefícios da pluralidade para o desenvolvimento”. Todos os painéis tiveram intérprete de Libras e transmissão ao vivo pelo Facebook do A Vida no Centro.
No domingo, dia 10, a conversa aconteceu na academia Bio Ritmo da Rua Quinze de Novembro, e o assunto foi “A importância da atividade física e os riscos do sedentarismo”. Na sequência, o público pode participar de uma aula aberta de Fit Dance conduzida pelo professor Cirilo Becher, que colocou a galera pra dançar em pleno Centro Histórico.
 Arte e Cultura
A Praça Antônio Prado foi o cenário para muitas atividades artísticas e culturais e o ponto de partida de passeios que exploraram o potencial turístico e histórico do Centro.
A equipe do educativo do Centro Cultura Banco do Brasil levou para a praça o projeto Derivas da Memória, um jeito inovador de falar de história. Neste projeto, o público é levado a conhecer e refletir sobre a presença indígena e negra no centro de São Paulo. Presença essa que, em muitos momentos, foi apagada da história. “Precisamos trazer à tona os vários olhares que existem sobre a história da cidade”, disse a educadora Andréa Lalli.
A Feira Preta, que completa 18 anos em 2019, levou uma versão pocket para a praça com empreendedores focados em roupas e acessórios. Alguns dos expositores vieram de longe apostando no potencial do centro de São Paulo. É o caso da Laís Costa, que é de Criciúma, Santa Catarina, e tem uma marca de calçados e acessórios. “É sempre bom poder expor o nosso trabalho a mais pessoas”, disse.
 Passeios guiados pelos prédios históricos do Centro
Explorações históricas sobre o centro de São Paulo também aconteceram durante o Festival A Vida no Centro. Em caminhadas guiadas pela equipe do coletivo CalçadaSP e também do Caminhos do Triângulo, o público pode conhecer mais sobre lugares como a própria Praça Antônio Prado, o Largo São Bento, o Largo São Francisco e o Vale do Anhangabaú. A guia Tayana Santos fez um tour pelo Centro pelo olhar da arquitetura. E o São Paulo Free Walking Tour liderou um passeio bilíngue em português e inglês.
 Infantil
As crianças também tiveram espaço no Festival A Vida no Centro. Na Arena Infantil, no domingo de manhã, a programação começou com a contadora de histórias Alexsandra Mauro, voluntária da Associação Viva e Deixe Viver, que contou a história do Enigma do Imperador.
Em seguida, a palhaça Sinira Antonieta divertiu os pequenos com o circo-teatro A Cenoura Gigante, baseada no conto O Nabo Gigante, de Aleksei Tolstói.
Teve, ainda, um tour infantil para que pais e filhos pudessem descobrir juntos a histórias e os personagens que fazem parte do Centro Histórico. Letícia Gomes, 40, participou do festival com a filha Bia, 3 anos, e disse que voltará ao centro sempre que houver alguma atividade interessante. “Foi muito tranquilo e divertido. A gente adorou”, disse Letícia sobre o Festival A Vida no Centro, cujo segunda edição será realizada em 2020. 

Variedades: Cacife Clandestino lança álbum visual com longa dividido em 14 episódios


Projeto intitulado "Conteúdo Explícito Pt. 2" conta história de Felp, e sua batalha entre o amor à música e a vida do crime

Redação/Hourpress
 
Felp 22 é um dos grandes nomes da cena atual do Rap, lançando música atrás de música, inovando e ousando. Ao lado de Terror dos Beats, com quem forma o duo Cacife Clandestino, Felp protagoniza o audacioso projeto “Conteúdo Explícito Pt. 2”, um álbum visual, digno de cinema, dividido em 14 episódios. Os primeiros capítulos já estão disponíveis e os áudios do álbum completo já podem ser ouvidos também.
Em “Conteúdo Explícito Pt. 2”, Felp vive no subúrbio e sonha em se tornar um rapper, porém sua realidade o incentiva a entrar na vida do crime. Depois de diversas experiências cruéis, ele finalmente consegue realizar seu sonho de se tornar um músico reconhecido. Para ver e ouvir o longa, os fãs deverão acompanhar o canal da Medellin, em que a cada semana dois episódios serão lançados. As músicas mostram a maturidade e a capacidade de Felp em compor histórias, passeando pelo rap, trap, sem perder a essência.
“Decidi fazer o CD em formato de filme para ser um entretenimento diferente. Para todos também entenderem a ideia do enredo com o audiovisual”, conta Felp. “Pretendo alcançar patamares novos no mercado do rap com este trabalho. Tenho certeza que vai ser algo inédito”, finaliza o artista.
Vale destacar também as participações especiais de Luccas Carlos, Duani, Xamã e BK, que abrilhantam o projeto. As histórias e cenários do filme passeiam pela casa dos personagens, festas, bailes, bares, mas mais do que isso, o enredo traz ação, questionamentos, reflexões, sendo não apenas um entretenimento audiovisual.
Dirigido por Gabriel Duarte, o filme, foi uma criação em conjunto, com participação de Felp, do diretor e da equipe da Medellin Records. “Transformar 14 clipes/episódios em apenas 12 diárias não foi fácil”, conta Gabriel. “Foram diárias extensas de 12h-16h, equipe se doando, resolvendo todos os problemas que surgiam, foi incrível”, comemora.
O Cacife Clandestino faz parte do cast da Medellin Records, que conta também com WC no Beat, MC KF, Igor Adamovich, Júlia Peixoto e Dapaz. O duo ficou conhecido com a faixa “Beija Flor”, ainda em 2012. Um dos principais singles é “Fuga”, com mais de 40M áudio/vídeo streams. Com alguns lançamentos este ano, destaque para a trilogia “Triunfo”, que conta com a faixa “Jogo Virou”, que acumula mais de 4.9M de visualizações no YouTube.

Variedades: Barões da Pisadinha assinam com a Sony Music e lançam novo single


Precursores do movimento da Pisadinha apresentam "Quem Me Colocou Pra Beber"

Redação/Hourpress
De Heliópolis (BA) até Paris, onde Neymar dançou a música “Tá Rocheda”, os Barões da Pisadinha são precursores do maior movimento musical do momento no Brasil: a Pisadinha. O estilo musical valoriza o som do teclado e a coreografia baseia-se em pisar com força, o que deu origem ao nome. Com mais de 35 shows por mês e público de aproximadamente 15 mil pessoas, o grupo lança hoje sua nova música, “Quem Me Colocou Pra Beber”. O clipe da faixa também está disponível.
Formado por Rodrigo Barão e Felipe Barão, os Barões da Pisadinha são a mais nova aposta da Sony Music dentro deste estilo e movimento que passeia pelo forró e o tecnobrega. O cartão de visita, o single “Quem Me Colocou Pra Beber”, é uma faixa que tem tudo para conquistar o público. Com um recado que passa entre a vingança e um aviso: “Quem Me Colocou Pra Beber / Agora Tá Bebendo / Quem Me Fez Sofrer / Agora tá sofrendo”.
Com mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify os Barões estão no Top 100 de artistas dentro da plataforma no Brasil e contam com várias músicas com pelo menos 2.5 milhões de plays na plataforma. Além disso, vídeos de usuários no YouTube com a música da banda chegam a 60 milhões de views.

Geral: Livro descreve experiência de escola paulistana que é referência mundial em educação transformadora para jovens e adultos


No mês em que se celebra o Dia Nacional da Alfabetização (14/11), programa Escolas Transformadoras compartilha experiência de escola responsável por inovações pedagógicas que a tornaram um exemplo de sucesso em educação


Redação/Hourpress

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018 indicam que o Brasil tem 11,3 milhões de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais. Para mudar a realidade desses brasileiros e brasileiras e, de fato, celebrar o Dia Nacional da Alfabetização - em 14 de novembro -, educadores e educadoras do CIEJA Campo Limpo, em São Paulo (SP), contam como é possível pensar em uma educação integral, democrática e inclusiva para jovens e adultos no artigo "No fio da memória: o CIEJA Campo Limpo e sua linha do tempo", que faz parte do livro digital "Criatividade - mudar a educação, transformar o mundo", organizado pelo programa Escolas Transformadoras, correalizado no Brasil pela Ashoka e pelo Instituto Alana.
O CIEJA Campo Limpo não é apenas uma escola pública com mais de 20 anos de história, mas berço e abrigo de inovações pedagógicas. A escola atende pessoas com 15 anos ou mais e que não tenham completado o ensino básico. Para incluir esse público que quer retomar e concluir os estudos, a escola propõe a integração entre todos: as mesas são coletivas, para que todos interajam; os estudos são modulares para que os estudantes possam aprender conforme as habilidades já adquiridas em suas trajetórias de vida; não há disciplinas, o aprendizado foca em áreas integradas de conhecimento; os conteúdos não são impostos, mas propostos e escolhidos com a participação dos estudantes; e os horários são flexíveis, para que cada pessoa possa transitar de acordo com seu tempo, alinhando trabalho, vida e estudos.
Esse sistema de ensino que contribuiu com a formação de mais de 1.500 estudantes, sendo 230 com deficiência, não surgiu do dia para a noite. Foram anos de questionamentos sobre a metodologia de ensino, que culminou em transformações profundas para que a escola chegasse ao modelo atual. O método apostilado - considerado injusto pelos educadores por "premiar" os alunos com boa memória e "condenar" os demais a uma crescente defasagem - foi substituído após uma escuta feita com os próprios estudantes. E, assim, com muita criatividade, poucos recursos e nenhum medo de errar, a mudança foi feita. Os desafios ainda são imensos, mas servem de estímulo para que a equipe pedagógica siga experimentando soluções para educar, cada vez mais, pessoas que vinham excluídas do direito à educação.
"Se há uma coisa boa no CIEJA-CL, é que não temos medo de errar e estamos sempre prontos a reconhecer, com toda a humildade, que algo não deu certo. Se algo não funciona, simplesmente revertemos a mudança, e sempre fica a possibilidade de, na tentativa seguinte, aproveitarmos o que se aprendeu com o erro. Por isso, todo ano começamos avaliando o ano anterior para pensarmos o que fazer no novo, discutindo as falhas e suas possíveis soluções", explicam os autores do artigo Eda Luiz, pedagoga que fez parte da escola por duas décadas; Diego Elias, o atual diretor da escola; e as professoras Karen Carreiro e Paola Russano.
"Criatividade - mudar a educação, transformar o mundo"
Escrito por estudantes, professores, gestores de escola, pesquisadores, profissionais do setor social e professores universitários, o livro digital aborda a importância da criatividade - uma das dez competências gerais estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular - na superação de desafios na educação e na sociedade. Os capítulos abordam o tema propondo reflexões inspiradas nas experiências relatadas pelos 43 autores e autoras, que assinam os 16 textos da publicação. O e-book já está disponível para download gratuito no site do Escolas Transformadoras. Acesse aqui.
Sobre a Ashoka
Ashoka é uma organização social global fundada em 1981 que congrega quase quatro mil empreendedores sociais em 92 países, e busca colaborar na construção de um mundo de pessoas que transformam (Everyone a Changemaker ), no qual qualquer pessoa pode desenvolver e aplicar as habilidades necessárias para solucionar os principais problemas sociais de hoje e de amanhã.
Sobre o Instituto Alana
Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão "honrar a criança".

Geral: Sustentabilidade econômica da coleta e destino do lixo é crucial



O problema é dimensionado com clareza em estudo inédito 

*Luiz Gonzaga Alves Pereira

As queimadas na Amazônia, sazonais, que têm ocupado o noticiário nacional e internacional, são um problema grave e precisam ser mitigadas e combatidas preventivamente. Em paralelo, nosso país enfrenta outro dano ambiental muito grave, que prejudica número muito maior de cidades e habitantes o ano todo, ameaçando o habitat urbano e a saúde das pessoas. Trata-se dos lixões, cuja existência, à revelia das leis e sob a complacência do poder público, persiste em mais da metade dos municípios brasileiros.

O problema é dimensionado com clareza em estudo inédito que realizamos na Associação Brasileira das Empresas de Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes (Abetre). Analisamos diversos bancos de dados públicos, como o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), e cruzamos com informações próprias. Confirmou-se que o Brasil enfrenta sérias dificuldades para a destinação correta dos resíduos sólidos.

Cerca de 60% dos municípios utilizam lixões, o que impacta, aproximadamente, 42 milhões de pessoas. De 3.556 cidades que responderam a pesquisa do SNIS em 2017, estima-se que existam 2.307 unidades de disposição final, sendo 640 aterros e 1.667 lixões. Em cada 10 locais de destinação final, sete são lixões. Há evidências de que os 2.014 municípios que não declararam a destinação final de seus resíduos também utilizem lixões. Estes locais impróprios receberiam, por ano, mais de 70 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, sendo 78% recicláveis (dentre orgânicos e secos). Rejeitos e outros representam 22%.

A Abetre calcula que para resolver os problemas dos lixões no Brasil sejam necessários aproximadamente 500 aterros sanitários, que podem ser construídos com investimento de R$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 63,40 per capita). Não bastam, porém, os recursos para as obras. É fundamental, também, garantir a sustentabilidade econômica dos aterros sanitários e do sistema de coleta e destinação do lixo. A abordagem mais aprofundada do tema abrange pontos importantes: legislação; principais problemas dos serviços de limpeza urbana; e as peculiaridades do cenário nacional.

No tocante ao arcabouço legal, existem duas normas harmônicas e integradas que regem as atividades de coleta, tratamento e destinação de resíduos sólidos: Lei Federal de Saneamento Básico (LFSB -- nº 11.445/2007), que dispõe sobre a prestação dos serviços públicos de saneamento básico (água, esgoto, limpeza urbana e drenagem urbana) e é focada na promoção da saúde, melhoria da qualidade da vida, universalização e proteção ambiental; e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS -- nº 12.305/2010), que dispõe sobre a gestão e o gerenciamento de resíduos (públicos e privados) e é centrada no desenvolvimento sustentável e ecoeficiência. Dentre suas determinações, está a extinção dos lixões, que deveria ter ocorrido em agosto de 2014.

A Sustentabilidade Econômica é uma obrigatoriedade estabelecida na LFSB (art. 2º - VII e art. 29 -- II). Aliás, trata-se de um modelo consagrado internacionalmente, funcionando em países como Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, Finlândia, Inglaterra, Holanda e Nova Zelândia. No Brasil, a lógica que norteou a LFSB foi a de dotar os serviços de saneamento básico de recursos próprios e específicos, para minimizar a recorrente disputa anual pelas verbas do orçamento municipal.

Quanto aos problemas dos serviços de limpeza urbana, são os seguintes: municípios têm fragilidade orçamentária crescente; repasses de recursos federais e estaduais não podem ser feitos para custeio, apenas para investimento (restrição constitucional); demanda pelos serviços é crescente em quantidade e qualidade; modelo tradicional não educa os munícipes; cidades assumem e custeiam serviços de coleta e destinação que não são de sua responsabilidade, como resíduos de geradores não domésticos e sujeitos à responsabilidade pós-consumo (logística reversa); não cobrança pelos serviços; planejamento técnico-econômico aquém das diretrizes legais; e regulação frágil, com tendência à pulverização e pouca harmonização.

Em meio a todos esses problemas, a questão da sustentabilidade econômica é enfática. Dados mostram que quanto maior a autossuficiência financeira, menor a incidência de lixões. Dados do SNIS mostram que mais de 70% dos 901 municípios brasileiros cujos serviços de limpeza urbana têm autossuficiência financeira acima de 10% já conseguiram eliminar os lixões. Isso significa 630 cidades.

Outro estudo, realizado pela Abetre, com apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur), mostrou como os valores de investimento e custeio de aterros sanitários variam em função da população atendida. Nas cidades com menos de 100 mil habitantes, os aterros não têm economia de escala e ficam onerosos para a sociedade. Arranjos regionais para populações maiores, com logística de transbordo e transporte otimizada, resultam em menor custo.

Para áreas a partir de 300 mil pessoas, o investimento per capita para a construção de um aterro varia entre R$ 34,00 e R$ 64,00 por ano. O custo de manutenção per capita é de R$ 32,00 a R$ 58,00 por ano. Isso deixa evidente que o gargalo para a eliminação dos lixões não é a baixa capacidade de investimento, mas, sim, a falta de recursos para o custeio contínuo. Muitos aterros sanitários feitos com verbas federais já viraram lixões por falta de dinheiro para manutenção. Assim, é fundamental a sustentabilidade econômica para solução de um gravíssimo problema ambiental do País, que não pode continuar ignorado.

*Luiz Gonzaga Alves Pereira é o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre).

Geral: Tipos de pais, mães ou responsáveis: a perspectiva dos professores e dos teóricos

A análise de pensadores da educação que refletem sobre o papel das famílias no processo educacional


*Claudio Sassaki
Teóricos da educação, sobretudo os norte-americanos, têm produzido vasto conteúdo sobre o comportamento de pais, mães e responsáveis de todo o mundo; muitas dessas análises derivam na construção de perfis a partir da resposta que as famílias dão às demandas de diferentes gerações de crianças. Nos últimos anos, as classificações dos especialistas foram de famílias ao ar livre – que enfatizam a importância da liberdade e da independência da criança – até os chamados helicópteros ou cortadores de grama, que assumem a responsabilidade pelos sucessos e fracassos da criança, desenvolvendo um comportamento controlador e protetor; são os que tiram os obstáculos da frente e evitam que os filhos possam enfrentar qualquer tipo de desconforto.  
A análise de pensadores da educação que refletem sobre o papel das famílias no processo educacional, sobretudo das novas gerações, não chega a ser uma novidade, como também não é inédito que rotulações surjam para classificar e caricaturar comportamentos e formas de exercer a paternidade. Entretanto, acredito que seja importante criar um canal de diálogo permanente entre pais e professores; um espaço para reflexão franca e que traga uma perspectiva propositiva dos caminhos possíveis para preparar nossos filhos para as demandas do século XXI.
Como pai de quatro filhos, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador da Geekie – empresa que se tornou referência no país em educação com apoio da tecnologia e inovação – tenho acompanhado polêmicas envolvendo, sobretudo, pais superprotetores e ultracontroladores. Diante das classificações feitas pelos professores – e com base na minha experiência pessoal e profissional –, acredito que esses comportamentos descritos são reais, por mais duros ou exagerados que possam parecer em um primeiro momento. Na minha visão, o olhar atento dos educadores capturou a realidade vivenciada em muitas escolas. Entretanto, é importante que esse "diagnóstico" possa almejar a autorreflexão e o diálogo.
O primeiro perfil descrito pelos professores é o Dramalhão, ou seja, aquele (pais ou responsáveis) que transforma qualquer incidente escolar corriqueiro em um épico – mesmo os que não contaram com a participação do próprio filho. Ele repete a mesma história para a escola inteira e somente se sente satisfeito quando o caso se transforma em uma novela mexicana. Nesse cenário há um agravante: o uso incorreto das redes sociais, os famosos grupos de whatsapp dos pais. O Dramalhão utiliza esse meio para transformar um problema específico do filho em algo coletivo; o objetivo é contaminar os demais pais ou responsáveis e envolvê-los em questões que não são de cunho coletivo.
O tipo Especial tem certeza que, no mundo, não há criança mais importante, singular, inteligente e incrível que os próprios filhos; para ele sempre há um motivo para que a criança possa chegar atrasada ou descumprir regras, ou seja, agir acima do bem e do mal. Segundo a classificação, essas famílias acreditam que os filhos não têm culpa de nada. Em diversas ocasiões, mesmo sabendo sobre a culpabilidade da criança ou adolescente, passam por cima de fatos e ensinam, indiretamente, que não existe consequência; que uma atitude certa ou errada não provoca reações. E, nem precisamos detalhar o tamanho do dano que esse comportamento e ensinamento traz à esse filho na vida adulta.
Sem fronteiras é o que envia mensagens diárias aos professores para checar algo – em horários inconvenientes, claro! Não percebe que passa dos limites e não usa o bom senso. Na categoria Clone estão os pais ou responsáveis que estão em todos os lugares: são os últimos a deixar o portão e os primeiros a chegar; estão presentes nas reuniões e não deixam a criança fazer nada sozinha. Os Superprotetores dispensam apresentações, mas vale dizer que para eles, o filho ou a filha nunca apronta; qualquer eventual comportamento inadequado é culpa das outras crianças. Por último, os pais ou responsável Fantasma – embora o nome esteja nos documentos da criança, nunca apareceu; uma ausência, aliás que impacta no desempenho escolar do filho.
Na minha percepção, o contexto da escola contemporânea – e a relação das famílias com essa realidade – explica o fortalecimento desses perfis de pais ou responsáveis e o olhar crítico dos educadores. Penso que o atrito velado entre docentes e famílias, sobretudo as protetoras e controladoras, têm nos colocado distante da criação de uma “sociedade educacional”. Ao fortalecer uma comunidade escolar – um grupo de indivíduos com vínculos e objetivos comuns – é possível construir uma nova lógica de aprendizado.
 Esse senso de comunidade traz a ideia de construção coletiva da educação, fazendo com que pais, estudantes, educadores e empresas dialoguem; encontrem soluções juntos; sejam corresponsáveis pela educação dos estudantes. A escola precisa ser um lugar de interação, conversa, troca de ideias, cooperação, enriquecimento cultural e aprendizado. Precisamos tornar o que hoje está invisível em visível. As relações estão enfraquecidas, tornando-se necessário criar um espaço para construir uma solução em conjunto.
Uma reflexão que faço é que a grande ambição dos pais é que os filhos sejam automotivados, porque o futuro demanda a iniciativa e motivação para sermos aprendizes constantes, independente da área profissional seguida. Não temos outro jeito de aprender a tomar decisões complexas se não tomando decisões complexas. Na escola, em um ambiente de fomento ao diálogo, devemos incentivar o desenvolvimento dessa habilidade. Esse deve ser um lugar seguro onde o estudante aprenda a tomar decisões e a arcar com a responsabilidade delas – sem correr grandes riscos; em um ambiente controlado.  O erro deve fazer parte do processo de aprendizado e não ter consequência irreversível dentro desse ambiente. A escola deve ser um simulador da vida real.
Penso que,  no Fundamental I, os pais têm um papel de gestor da vida escolar dos filhos; quando eles vão para o Fundamental II, no final dessa jornada escolar, como pais devemos nos empenhar em ensinar como nossos filhos podem desenvolver a autonomia, automotivação, autodisciplina, autoconsciência. O nosso papel – como pais ou responsáveis – deve evoluir de gestor para ser um consultor; precisamos criar pontes para que nossos filhos venham nos consultar quando forem demandados a tomar decisões importantes; a nossa tarefa é criar uma relação de confiança, de proximidade e de abertura para que eles nos enxerguem como parceiros.
Na escola, o diálogo, a proximidade e o vínculo devem fazer com que haja um ambiente seguro de incentivo ao estudante; traz a tolerância ao erro, desenvolve a determinação, persistência e garra para que o estudante possa lidar de maneira saudável com o processo de aprendizagem. Hoje, a escola muitas vezes ainda está distante de ser um ambiente de colaboração; o estudante por vezes está sozinho; as famílias não possuem informações tangíveis sobre os processos educacionais e desafios enfrentados pelo filho ou filha; o professor está em uma jornada solitária, dando aulas em várias escolas e sem tempo de estabelecer vínculos; o coordenador vive uma rotina sobrecarregada e de cobranças. 
Ou seja, cada um está imerso no próprio cotidiano, sendo que a escola deveria ser por essência um lugar de colaboração e de corresponsabilidade em prol de um objetivo maior – o desenvolvimento das pessoas. Estamos perdendo uma oportunidade gigantesca de ensinar nossos filhos em um ambiente seguro, onde podemos tornar presente alguns aprendizados que são importantes para a vida futura: a capacidade de tomar decisões complexas; resolver impasses com diálogo; o erro é tolerado e parte do processo de aprendizagem contínua para a vida toda.
Quando lançamos luz a essas particularidades e reforçamos essa noção de corresponsabilidade, todos podem brilhar juntos e colaborar para criar um lugar de encontro, no qual todos estarão unidos em uma comunidade escolar de fato.  
*Claudio Sassaki é mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo.