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Crônica: De bem-sucedido ao amargo do ostracismo

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terça-feira, 16 de abril de 2019

Política: Ministério da Justiça quer unificar dados estaduais em grande banco de segurança pública



Durante audiência da Comissão de Ciência e Tecnologia sobre reconhecimento facial, especialista lembra que sistemas de videomonitoramento em alguns estados viraram ‘elefantes brancos’

Luís Alberto Alves/Hourpress/Agência Câmara

O representante da Diretoria de Gestão e Integração de Informações do Ministério da Justiça, Wanderley da Silva Júnior, informou nesta segunda-feira (15), durante audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, que existe um processo em andamento no ministério para estabelecer um grande banco de informações sobre segurança pública, unificando as informações estaduais.
Ele participou de reunião para discutir as novas tecnologias de reconhecimento facial que estão sendo utilizadas em todo o mundo. Para ele, é preciso analisar qual sistema de identificação facial deve ser adotado pelo governo federal.
“Vamos estudar o que o mercado está oferecendo e oferecer para o Ministério da Justiça uma solução que seja viável para o governo e que traga a melhor aplicação para a segurança pública de um modo geral”, disse.
Financiamento
O conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Arthur Trindade, destacou que o uso de tecnologias é uma grande tendência do policiamento moderno, mas o financiamento escasso para os estados na área de segurança pode inviabilizar o acesso a essas tecnologias.
Além disso, Arthur Trindade alertou para o fato de que só investir em tecnologia não resolve o problema. Segundo ele, antes é preciso implementar políticas públicas para que essas tecnologias sejam utilizadas de forma eficiente.
“Alguns estados adquiriram aquele sistema de videomonitoramento, que se tornou uma dor de cabeça para os gestores. É um grande elefante branco. Em alguns estados o sistema fica sob controle da Polícia Militar, que não compartilha as informações com a Polícia Civil”, disse.
Teste na Câmara
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) informou que a Comissão de Ciência e Tecnologia já iniciou os testes com sistemas de reconhecimento facial.
“Para o primeiro teste será fixado, por quatro reuniões, um tablet acima da tela de marcação de presença na entrada do plenário, que fará o reconhecimento dos membros da comissão. Desta forma, será possível confrontar o resultado do teste com os das presenças registradas pelo sistema biométrico adotado pela Casa”, explicou.
Bibo Nunes informou que, após análise, e se o sistema se mostrar eficiente, um pedido será encaminhado para a Presidência da Casa para que a tecnologia de reconhecimento facial seja usada para conferir a presença dos parlamentares na Câmara.

Economia: Somente 10% das empresas criam lucro econômico no Brasil


Especialista lista algumas estratégias essenciais para empresas gerarem lucro econômico

Redação/Hourpress
Uma análise feita no Brasil com empresas de capital aberto e com relatórios transparentes, indica que 75% desses empreendimentos ficaram no ponto de equilíbrio, enquanto 15% destruíram valor e apenas 10% têm realmente gerado lucro econômico. A pesquisa foi feita pela consultoria McKinsey, que durante duas décadas estuda cerca de 2,5 mil empresas em nível global e dedicou-se aos resultados publicados entre 1995 e 2016, e concluído em 2018. Em dez anos, o break even foi alcançado somente por 11% das companhias estudadas.
Especialistas explicam que rever estratégias e investir em capacitação são ações essenciais para empresas que desejam ser bem sucedidas. As estratégias necessárias para a empresa chegar ao lucro econômico, estão ligadas à uma série de fatores, como o porte da organização e o segmento no qual atua, entre outras questões. Para o especialista em empreendedorismo e gestão de negócios, Lisandro Zanotto, muitas organizações falham nos processos iniciais de qualquer empresa como, por exemplo, na elaboração do planejamento. “Muitas acreditam que têm uma estratégia, mas possuem, no máximo,  um desejo”, comenta.
Outro fator essencial para Zanotto é o relacionamento com os colaboradores,  que é decisivo no processo de busca pelo sucesso, pois organizações são feitas de pessoas. Segundo o especialista, em alguns casos, o sonho que está na cabeça do dono ou do gestor, não é compartilhado, nem tão pouco construído com os demais funcionários da organização. “Os pontos de partida para estar no rol do grupo dos 10% são desenhar uma estratégia realista e diferenciada para a organização, e comunicar de forma muito clara e frequente aos colaboradores”, explica.
Classificada como uma forte tendência no mundo dos negócios, a contratação de consultorias tem papel fundamental no suporte às empresas que desejam alcançar resultados acima da média, pois  ajudam na elaboração de objetivos, metas, estratégias, indicadores de performance, entre outras informações indispensáveis para a alavancagem de uma organização. “Quando a empresa possui uma estratégia bem clara de onde quer jogar, como ela irá vencer e quais são as competências necessárias, fica mais fácil desenvolver um plano de ação para uma execução disciplinada, que contará com um time comprometido”, diz Zanotto.
Especialista em consultoria há 17 anos, Zanotto acentua que olhar apenas os números do negócio não basta, apesar de ser fundamental, e sinaliza alguns pontos que precisam ser mapeados e analisados constantemente pelos proprietários ou gestores. “As metas da empresa devem estar claras, é necessário ter um plano de ação para o desdobramento de metas, estar próximo do cliente e ouvir as suas dores, além de resolver realmente os problemas deles, é despertar a necessidade de aquisição dos produtos e /ou serviços que a empresa oferece”, explica.
O especialista cita algumas políticas internas eficazes necessárias, relacionadas aos colaboradores, que colaboram para que a empresa alcance lucro econômico:
Política de capacitação de funcionários é fundamental e contribui de forma exponencial na busca pelo lucro econômico.
Política de atração de talentos necessário para que os melhores talentos olhem e desejem a sua marca.
Política de benefícios deve ser estruturada não de forma padrão, ou seja, os mesmo benefícios para todos. O dono ou o gestor, precisa conhecer muito bem seus colaboradores. O que o motiva? Que tipo de benefícios o atrai? Em que momento de vida este colaborador se encontra e como ele gostaria de ser recompensado por seus resultados?
Políticas de redução de custos também são importantes e precisam estar bem claras a todos. Recompensar os colaboradores por metas de redução de custos irá motivá-los a ficarem atentos quanto aos custos das áreas e o impacto disso no todo da empresa.

Geral: O risco da gordura abdominal nas mulheres



Mulheres devem manter um percentual de gordura fisiológico aproximado de 18 a 28% 


*Dr J Bussade

A gordura abdominal localizada nas mulheres pode conferir um risco três vezes maior para doenças cardíacas, em comparação com o acúmulo de gordura corporal nos glúteos. Os riscos para a saúde associados com a adiposidade abdominal subcutânea e visceral são inúmeros e incluem: Aumento dos marcadores inflamatórios, dislipidemia (alterações do colesterol e triglicérides), resistência insulínica, que pode levar à obesidade e esteatose
hepática.

De fato, estes dados sugerem que a adiposidade abdominal pode estar associada à uma reduzida secreção do GH (Hormônio do Crescimento) em mulheres saudáveis, mesmo na ausência de sobrepeso ou obesidade, e que a diminuição da secreção do GH pode estar associada com o aumento dos marcadores de risco cardiovascular.

O acompanhamento da composição corporal é importante para a prevenção das doenças crônicas, cardiovasculares e das alterações endócrinas. A análise da composição corporal pode ser feita por um profissional da área da saúde através da Bioimpedância.

Mulheres devem manter um percentual de gordura fisiológico aproximado de 18 a 28% e nos homens de 10 a 20% (em ambos os sexos pode variar com a idade do indivíduo).
A importância da análise da massa muscular esquelética deve ser aqui ressaltada, devendo estar nos limites da normalidade, evitando assim um quadro de sarcopenia ou perda  e massa muscular, que normalmente acomete os indivíduos com mais de 50 anos.

*Dr J Bussade, Médico Cirurgião, Nutrólogo e Pioneiro Mundial da Prática Estética Ortomolecular.

Veículos: Antônio Fraga é reeleito na Abiauto - Associação Brasileira da Imprensa Automotiva


Chapa Continuidade segue na gestão da Associação Brasileira da Imprensa Automotiva, com objetivo de renovar e promover ações no biênio 2019/2020


Redação/Hourpress

Com votação unânime dos associados, o jornalista Antônio Fraga, no comando da Chapa Continuidade, foi reeleito presidente da Associação Brasileira da Imprensa Automotiva (Abiauto) para o biênio 2019/2020. “Vamos dar continuidade a esse trabalho, contando ainda com o apoio de colegas assessores, executivos públicos e da indústria de uma maneira geral”, disse o presidente reeleito.

Fraga é um dos idealizadores da entidade, que completou 20 anos em 2018, e tem como objetivo dar sequência nos trabalhos iniciados em 2017, que visam organizar, coordenar e fortalecer as ações da entidade e de seus membros jornalistas de todo o Brasil.

Para que esse projeto seja alcançado com sucesso, Fraga vai continuar mantendo contatos com os associados para que a harmonia continue na Abiauto. O presidente e sua diretoria trabalharão mantendo sempre em vista o cumprimento do estatuto da associação, e com a participação efetiva de seus jornalistas associados.

Chapa Continuidade
Presidente – Antonio Fraga
Vice-presidente – Carolina Vilanova
Secretário – Evandro Magnussen Filho
2º Secretário – Marcondes Viana
Tesoureiro – Francisco Lelis
2º Tesoureiro -  Tarcisio Dias
Conselheiros – Norton Ferreira, Paulo Brandão e Paulo Cruz.
Comissão – Rosemilton Silva, Alexandre Akashi e Eduardo Abbas.

Variedades: Saxofonista Derico toca na inauguração da nova loja conceito da Chocolateria Brasileira, em São Paulo





Show do saxofonista, ex-integrante do sexteto do Programa do Jô, acontece a partir das 13h em frente a mais nova unidade da marca de chocolates finos, no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo

REDAÇÃO/HOURPRESS
Amanhã (17), a partir das 13h, o ex-integrante do Programa do Jô, o saxofonista Derico Sciotti fará uma apresentação gratuita em frente a loja conceito da Chocolateria Brasileira, rede de franquias de chocolates finos, comandada pelo chocolatier Christian Neugebauer, no Shopping Vila Olímpia, Zona Sul da capital paulista. O músico tocará clássicos da MPB, Bossa Nova, Jazz, entre outros.
A rede que une qualidade e sabor, leva para aos consumidores uma deliciosa experiência gastronômica, oferecendo as melhores espécies de cacau aliadas aos diferentes recheios, coberturas e confeitos, como trufas e barrinhas de chocolate e também opções para presentear, como as caixa de chocolates Rosas ao Leite ou o Coração Trufado, ideais para o Dia das Mães. Com mais de 30 unidades espalhadas pelo Brasil, a Chocolateria Brasileira pretende chegar a 60 lojas até o final de 2019, entre próprias e franqueadas.
 Serviço:
Show gratuito de Derico na Chocolateria Brasileira
Quando: 17 de Abril de 2019 às 13h
Endereço: Shopping Vila Olímpia,  Rua das Olimpíadas, 360 - Lojas 306/307 - 2º piso
Telefone: (11) 3845-8099
SOBRE A CHOCOLATERIA BRASILEIRA
Unindo qualidade e sabor, a Chocolateria Brasileira traz ao mercado nacional produtos finos e desenvolvidos com matéria prima de primeira linha. No cardápio, barras, trufas e bombons, embalados individualmente ou em kits, se unem ao aroma do delicioso café, capaz de arrancar suspiro do mais distraído consumidor. No mercado desde 2015, a rede é hoje comandada por Christian Neugebauer, herdeiro de uma família que há mais de 100 anos atua no segmento de confeitaria e chocolates. Recentemente formatado no modelo de franquias, possui mais de 30 unidades distribuídas no Brasil, em formatos de loja e quiosques. Mais informações: www.chocolateriabrasileira.com.br

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Política: Previdência chilena joga idosos na miséria


A terceira idade vende badulaques na rua, para complementar a miséria


Caroline Quandt

"Torcendo para dar errado? Então deixa eu te falar sobre "torcer para dar errado". Eu vivo a reforma. Eu vivo no Chile, onde o Paulo Guedes dono do Banco BTG pactual, maneja fundos de pensões de aposentadoria. Eu vivo num país onde DIARIAMENTE cresce o índice de suicídios na terceira idade (4 na semana passada, todos nos trilhos do metrô), porque eles não têm dinheiro para sobreviver. Porque ou eles pagam aluguel, ou as contas, ou os remédios.

Eu vivo num país, onde a terceira idade vende badulaques na rua, para complementar a miséria que bancos como o do Paulo Guedes lhes dão, ainda que eles usem esse dinheiro do suor do trabalho dessas pessoas para ganhar o TRIPLO. Eu vivi para ver a avó do meu ex, receber uma cartinha, dizendo que o fundo dela havia acabado, e sua pensão equivalente a cerca de R$ 500 reais, havia chegado ao fim e por isso ela ia passar a receber um auxílio do governo de R$350. 

Eu não sou uma menininha "torcendo para dar errado", eu sou UMA MULHER que vê todos os dias nas ruas chilenas a desgraça anunciada que é essa reforma. EU SEI QUE VAI DAR ERRADO. Mesmo sabendo que existem sistemas melhores e mais justos, mas o Guedes quer esse, porque nesse ele já está no esquema". 

Chumbo quente: Escritor Paulo Coelho relembra quando foi preso na Ditadura Militar de 1994

O pau de arara era uma das torturas usadas pelos militares

 Posso ver por debaixo do capuz que é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais


*Paulo Coelho

"28 de maio de 1974: um grupo de homens armados invade meu apartamento. Começam a revirar gavetas e armários – não sei o que estão procurando, sou apenas um compositor de rock. Um deles, mais gentil, pede que os acompanhe “apenas para esclarecer algumas coisas”. O vizinho vê tudo aquilo e avisa minha família, que entra em desespero. Todo mundo sabia o que o Brasil vivia naquele momento, mesmo que nada fosse publicado nos jornais.

Sou levado para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), fichado e fotografado. Pergunto o que fiz, ele diz que ali quem pergunta são eles. Um tenente me faz umas perguntas tolas, e me deixa ir embora. Oficialmente já não sou mais preso: o governo não é mais responsável por mim. Quando saio, o homem que me levara ao DOPS sugere que tomemos um café juntos. Em seguida, escolhe um táxi e abre gentilmente a porta. Entro e peço para que vá até a casa de meus pais – espero que não saibam o que aconteceu.

No caminho, o táxi é fechado por dois carros; de dentro de um deles sai um homem com uma arma na mão e me puxa para fora. Caio no chão, sinto o cano da arma na minha nuca. Olho um hotel diante de mim e penso: “não posso morrer tão cedo.” Entro em uma espécie de catatonia: não sinto medo, não sinto nada. Conheço as histórias de outros amigos que desapareceram; sou um desaparecido, e minha última visão será a de um hotel. Ele me levanta, me coloca no chão do seu carro, e pede que eu coloque um capuz.

O carro roda por talvez meia hora. Devem estar escolhendo um lugar para me executarem – mas continuo sem sentir nada, estou conformado com meu destino. O carro para. Sou retirado e espancado enquanto ando por aquilo que parece ser um corredor. Grito, mas sei que ninguém está ouvindo, porque eles também estão gritando. Terrorista, dizem. Merece morrer. Está lutando contra seu país. Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito. Paradoxalmente, meu instinto de sobrevivência começa a retornar aos poucos.

Sou levado para a sala de torturas, com uma soleira. Tropeço na soleira porque não consigo ver nada: peço que não me empurrem, mas recebo um soco pelas costas e caio. Mandam que tire a roupa. Começa o interrogatório com perguntas que não sei responder. Pedem para que delate gente de quem nunca ouvi falar. Dizem que não quero cooperar, jogam água no chão e colocam algo no meus pés, e posso ver por debaixo do capuz que é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais.

Entendo que, além das pancadas que não sei de onde vêm (e portanto não posso nem sequer contrair o corpo para amortecer o impacto), vou começar a levar choques. Eu digo que não precisam fazer isso, confesso o que quiser, assino onde mandarem. Mas eles não se contentam. Então, desesperado, começo a arranhar minha pele, tirar pedaços de mim mesmo. Os torturadores devem ter se assustado quando me veem coberto de sangue; pouco depois me deixam em paz. Dizem que posso tirar o capuz quando escutar a porta bater. Tiro o capuz e vejo que estou em uma sala a prova de som, com marcas de tiros nas paredes. Por isso a soleira.

No dia seguinte, outra sessão de tortura, com as mesmas perguntas. Repito que assino o que desejarem, confesso o que quiserem, apenas me digam o que devo confessar. Eles ignoram meus pedidos. Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. O sujeito me pega pelo braço e diz, constrangido: não é minha culpa. Sou levado para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar. Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da “geladeira” (descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui dentro.

Quando acordo estou de novo na sala. Luz sempre acesa, sem poder contar dias e noites. Fico ali o que parece uma eternidade. Anos depois, minha irmã me conta que meus pais não dormiam mais; minha mãe chorava o tempo todo, meu pai se trancou em um mutismo e não falava.

Já não sou mais interrogado. Prisão solitária. Um belo dia, alguém joga minhas roupas no chão e pede que eu me vista. Me visto e coloco o capuz. Sou levado até um carro e posto na mala. Giram por um tempo que parece infinito, até que param – vou morrer agora? Mandam-me tirar o capuz e sair da mala. Estou em uma praça com crianças, não sei em que parte do Rio.

Vou para a casa de meus pais. Minha mãe envelheceu, meu pai diz que não devo mais sair na rua. Procuro os amigos, procuro o cantor, e ninguém responde ao meus telefonemas. Estou só: se fui preso devo ter alguma culpa, devem pensar. É arriscado ser visto ao lado de um preso. Saí da prisão mas ela me acompanha. A redenção vem quando duas pessoas que sequer eram próximas de mim me oferecem emprego. Meus pais nunca se recuperaram.
Decadas depois, os arquivos da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero. Não vai mudar o passado.

E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março."

* Paulo Coelho é escritor e foi parceiro musical de Raul Seixas