Por causa do avanço da tecnologia, de 2012 a 2016, o Coaf registrou aumento de 140% na comunicação de movimentação suspeita de lavagem de dinheiro
Luís Alberto Alves/Hourpress
“Prender nunca vai acabar com o
crime organizado, pois ao perder um membro, logo aparece outro substituto. Tirar
o fôlego das finanças é que funciona, pois ficam sem dinheiro para continuar
com a prática ilícita”, disse hoje (18) a diretora de Inteligência financeira
do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Amélia Olczweski,
durante o XIV Congresso Brasileiro de Fomento Comercial realizado em São Paulo.
Segundo ela, o Coaf tem
mecanismos eficientes para detectar dinheiro sujo recebendo o sabão de negócios
para tentar ficar limpo e contribuir para criminosos investir esses recursos na
compra de armas, drogas e desfalcar a sociedade por meio da corrupção.
Por causa do avanço da
tecnologia, de 2012 a 2016, o Coaf registrou aumento de 140% na comunicação de
movimentação suspeita de lavagem de dinheiro.
“De 2012 a 2019, há o registro de 12 milhões de comunicação suspeita nos
arquivos do Coaf”, explicou.
Para desfalcar as finanças do
crime organizado, Amélia destaca que o setor de inteligência do órgão vasculha
redes sociais, analisa dados fornecidos pela Receita Federal, Previdência
Social, Banco Central, Tribunal Superior Eleitoral e Siape (Sistema Integrado
de Administração de Recursos Humanos).
“O nosso trabalho é confrontar
os dados junto aos cartórios de imóveis, Junta Comercial e mídia. Porém não
temos acesso a banco de dados protegidos por sigilo fiscal. Tudo isto passa por
análise. Diretores de supervisão e da área financeira trabalham separados, para
manter a integridade das operações”, descreveu.
Poderia ser melhor, caso o Coaf
tivesse mais servidores trabalhando na apuração de dados. “Temos 75 pessoas,
enquanto os Estados Unidos empregam 250 funcionários, o Paraguai, 80; o Canadá,
250 e França, 150”, disse. Só em 2018, mesmo com esse exército diminuto houve a
análise de 3 milhões de dados suspeito. Pelo visto, o Coaf passa a impressão de
enxugar gelo, enquanto o crime organizado não desiste de transforma dinheiro
sujo em limpo.
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