Quando detectada no início pode ser corrigida com o uso de óculos
Luís Alberto Alves/Hourpress
O ato de coçar e esfregar os olhos parece inofensivo, mas o que muitas pessoas não sabem é que esse costume pode evoluir para uma doença chamada ceratocone e quem faz o alerta é o oftalmologista Fernando Eiji Naves, da Santa Casa de Mauá. A patologia é caracterizada pelo encurvamento e afinamento da córnea, que é projetada para frente, com a formação de uma saliência em cone, o que leva ao comprometimento da visão.
A doença é hereditária com causa desconhecida, atinge até 3% da população mundial e se manifesta entre 10 e 25 anos, mas pode evoluir até os 40 e estabilizar-se com o tempo. Na maioria dos casos sua progressão é lenta, aumenta os graus de astigmatismo e miopia e pode atingir os dois olhos de maneira assimétrica.
De acordo com o especialista, as alterações estão ligadas a diversos fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais da córnea, desde a perda de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos. “O desenvolvimento da patologia é maior em pacientes alérgicos e também acomete os portadores da Síndrome de Down, os que possuem alterações oculares congênitas como a catarata e a esclerótica azul”, explicou.
O sintoma mais característico da doença é a perda progressiva da visão, a qual se torna borrada e distorcida, sensibilidade à luz, comprometimento da visão noturna, visão dupla e formação de múltiplas imagens.
O diagnóstico é feito a partir da história clínica do paciente, queixas de perda visual e do exame na lâmpada de fenda, que permite analisar o olho em detalhes desde a camada externa da córnea até o nervo ótico. O médico pode ainda solicitar outros exames complementares como topografia computadorizada da córnea, paquimetria corneana e a tomografia computadorizada, os quais confirmarão o diagnóstico, avaliarão a progressão da doença e o grau de comprometimento da área afetada.
Quando detectada no início pode ser corrigida com o uso de óculos, na fase moderada é necessário o uso de lentes de contato específicas ou implante de anel intracorneano, no caso de intolerância às lentes. Outro tratamento é o crosslinking, um processo que fortalece as moléculas de colágeno da córnea, por meio de raspagem e o uso de colírio à base de vitamina B2, associado à luz ultravioleta. Em casos mais avançadas, o tratamento requer o transplante de córnea, que representa a cura definitiva.
Como as causas da doença são desconhecidas, a melhor forma é controlar a evolução tratando a rinite alérgica, alergias dermatológicas e asma, que podem causar a coceira nos olhos, além de reavaliar as condições de adaptação e higiene das lentes de contato.
Outras formas de prevenção é levar crianças e adolescentes regularmente ao oftalmologista, especialmente se existir hereditariedade; adotar medidas que diminuam a vontade de coçar os olhos como o uso de colírios lubrificantes; aplicar compressas frias ou geladas nos olhos ressecados; lavar as pálpebras e cílios com xampu de ph neutro e soro fisiológico.