ÚLTIMAS SEMANAS
GUERRA é resultado de cerca de um ano de pesquisa do grupo pelo Centro de São Paulo.
No próximo dia 8 de novembro, às 20 horas, a Sede da Próxima Companhia recebe a estreia de GUERRA, nova peça do grupo e resultado do projeto contemplado pela 32a edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo. Partindo da tragédia Os Sete Contra Tebas de Ésquilo, a Próxima foi a campo no entorno da sua sede, em Campos Elíseos, para falar sobre disputa de território, apagamento cultural e outros temas tão presentes na realidade da região central da cidade São Paulo. Edgar Castro dirige GUERRA, que tem no elenco Caio Marinho, Caio Franzolin, Gabriel Küster, Paula Praia, Juliana Oliveira e as atrizes convidadas, Rebeka Teixeira e Lígia Campos.
GUERRA parte de uma dramaturgia construída pelo grupo nos experimentos cênicos de intervenção urbana realizados nos territórios em disputa durante a pesquisa - Largo do Arouche, Cracolândia, Santa Efigênia, Favela do Moinho, Luz, Higienópolis e Minhocão. Esse trabalho coletivo de levantamento de temas a partir da experiência do grupo nesses territórios ganhou a organização do dramaturgo Victor Nóvoa. A montagem conta com 12 cenas que mostram um pouco do lastro das histórias descobertas nessas regiões. Em cada uma das cenas, os atores buscam construir uma instalação que simboliza as disputas centrais nos portais pesquisados pelos artistas da Próxima na sua pesquisa para o espetáculo além de fazer um paralelo com as disputas e lutas urbanas.
"Em Os Sete Contra Tebas, o que se vê é somente a preparação para as batalhas. Já em GUERRA, é possível ver a luta travada todos os dias em uma das maiores capitais do mundo e também uma das mais injustas. Disputa de território, preconceito, um plano de revitalização que esquece as vidas já existentes em algumas áreas da cidade, apagamento cultural, homofobia, machismo, falta de planejamento urbano e ausência de empatia são algumas das problemáticas levantadas no espetáculo”, conta Gabriel Küster.
De fora para dentro
Edgar Castro participou de uma das intervenções realizadas pelo grupo ao longo de 2019, dirigindo a ação na Cracolândia. Agora, ele dirige o espetáculo e ajudou a organizar toda a experiência dos artistas em cena. “Quando A Próxima me convidou para a direção e chegamos na sala de ensaio, fiz algumas provocações ao grupo para que eles me falassem como foram afetados na travessia pelos sete portais trabalhados nesse processo. O meu papel nesse espetáculo é ajudar a dar uma forma cênica para essa voz coletiva e para esse olhar tão focado na cidade e no coletivo, uma das características mais marcante d’A Próxima Companhia”, conta.
Apesar dos elementos documentais da pesquisa para GUERRA estarem muito presentes na cena, Edgar conta que a montagem não é um relato puro ou teatro documental. “Vejo essa peça como um teatro híbrido.
As questões principais e que são motivos de disputa nas regiões da cidade por onde passamos estão presentes e são facilmente identificadas, mesmo quando transfiguradas. Porém, elas se confundem com o subjetivo do relato pessoal dos integrantes”, explica o diretor.Toda a pesquisa e experimentos cênicos foram feitos com intervenções na rua. Porém, GUERRA se dá em um espaço fechado. Não é um palco italiano e a platéia fica bem próxima dos atores, vendo a cena de perto. Caio Franzolin explica um pouco dessa decisão. “A peça fala de muitos territórios e localizá-la em algum espaço público seria difícil.
Porém, mais do que um território, o que dizemos está calcado na questão humana. Sair de uma travessia extensa e voltar para a sede é, de certa maneira, voltar para a nossa cidade interna, a nossa Tebas. Partimos de questões muito particulares de algumas regiões de São Paulo para falar sobre como elas afetam a vida do cidadão. Essas questões que podem ser vistas em muitos outros locais, como o vício em crack, questões de direitos trabalhistas de prostitutas, a busca por um teto digno etc. O que falamos com GUERRA é como um modelo econômico e de sociedade atual afeta vidas humanas”.
Sobre Tebas - A Cidade em Disputa
O projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, Tebas - A Cidade em Disputa visa potencializar as ações e pesquisas teatrais que são desenvolvidas desde 2009 pelos cinco artistas que formam o núcleo artístico d’A Próxima Companhia.
Estas ações foram realizadas tanto em sua sede-espaço independente, que tem por vocação promover circulação e intercâmbios potentes de coletivos, obras, seus modos de produção e criação - localizada nos Campos Elíseos, quanto por diferentes regiões da cidade. O impulso criativo para a concepção do projeto parte da obra Os Sete Contra Tebas de Ésquilo, do território onde o grupo está sediado há três anos, e das questões sobre as cidades e nossos pertencimentos nas disputas que se apresentam em nosso tempo.
O projeto envolve a circulação e temporada de dois espetáculos do repertório do grupo - Enquanto Chão e Os Tr3s Porcos, sete intervenções em espaços públicos e a montagem do novo espetáculo a partir da obra de Ésquilo em relação com a cidade, além de ações de aprimoramento artístico, laboratórios de compartilhamento de pesquisas do grupo, atividades formativas e ainda potencialização das atividades desenvolvidas e recebidas na sede do grupo, firmando mais este espaço na região.
Serviço
Estreia 8 de novembro, sexta, às 20 horas, na Sede d’A Próxima Companhia.
Temporada - Até 9 de dezembro, de sexta a segunda, às 20 horas.
Ingresso - Contribuição voluntária.
Duração - 90 minutos.