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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Variedades: Filha de Carolina de Jesus diz que não conseguiu ler livro mais famoso da mãe

  • São Paulo
Camila Maciel –  Agência Brasil
“15 de julho de 1955 – Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente, somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar...” Trecho de abertura do livro O Quarto de Despejo, 1960

As lembranças da infância na favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ainda emocionam a professora Vera Eunice de Jesus Lima, 61 anos. Filha de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), uma das primeiras escritoras negras do Brasil, ela contou que nunca conseguiu ler por completo o livro mais famoso da mãe, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. “Leio pedaços. Começo a ler, leio, abro. Não é um livro que consigo ler na sequência”, disse.

Lançado em 1960, o livro foi um grande sucesso na época, ao reunir os relatos da vida na favela – um universo que começava a surgir nas cidades brasileiras – e revelar o cotidiano simples e forte de uma mulher negra, catadora e mãe de três filhos, que escrevia nos cadernos que encontrava no lixo. Carolina estudou apenas um ano e meio na escola formal, mas mantinha o hábito da leitura.
Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de JesusAudálio Dantas
A conversa com a professora ocorreu durante uma visita à exposição Carolina em Nós, no Museu Afro Brasil, na capital paulista. Ela estava acompanhada de alunos de ensino médio de uma escola pública na qual leciona. Os estudantes não desconfiavam, contudo, que a própria professora era filha da homenageada. “Eles estão aí e olham para mim, não estão entendendo, porque não sabem [que sou filha dela]. Estão andando e não entendem o que acontece”, disse. Ela informou que a ideia é trabalhar o tema da consciência negra em novembro com os estudantes, quando a origem de Vera será revelada. “Será uma surpresa”, afirmou.

Desde o ano passado, muitas organizações e movimentos, especialmente de cultura e de mulheres negras, estão prestando homenagens a Carolina Maria de Jesus pelo centenário de nascimento da escritora, que também gravou discos. No depoimento de Vera, é possível aproximar um pouco do universo de Carolina e conhecer mais sobre sua vida, obra e personalidade.

                                                                                   O centenário
"Até eu estou assustada com a repercussão [das comemorações do centenário] e de como os negros estão valorizando a Carolina, porque estão se espelhando nela. Tem várias Carolinas agora que também estão escrevendo, estão procurando mais o lado da cultura. Como uma pessoa que nasce como ela nasceu, lá na casa de sapê, pau a pique, consegue chegar onde ela chegou, sendo conhecida mundialmente?", questionou Vera.
Carolina viveu altos e baixos. Ela sofreu demais em Minas Gerais. Depois veio para cá, ficou na favela, foi tendo os filhos e quando o Audálio [Dantas, jornalista] descobriu oQuarto de Despejo [publicado a partir dos diários pessoais de Carolina], que lançou o livro, ela ficou no auge. Diz que nunca houve nem haverá uma escritora no Brasil para vender mais livros como ela vendeu em uma semana. Depois,  ficou meio afastada, foi a época em que ficou esquecida e agora, no centenário, ela explodiu.

                                                                                   A mãe e a escritora
Era uma mulher forte, determinada, lutadora, criou os filhos, não dava moleza. Era brava, mas se ela resolvesse que não ia te dar uma entrevista, não dava. Não havia quem fizesse ela falar. Mas, como mãe, tinha aqueles momentos de ternura, me punha no colo, bem preocupada em arrumar comida para a gente. E, nas horas em que, como ela dizia, tinha comida em casa, essas músicas que estão tocando [nos alto-falantes do museu tocam os discos lançados por Carolina], a gente cantava. Todos os filhos tocavam violão, ela ensinou. Imagina, a minha mãe catava papel o dia inteiro e com três filhos para comer, meu irmão adolescente. “Esse homem é famélico”, como ela falava. Com essa situação, não podia estar sempre calma, tranquila.

                                                                                A paixão pelos livros
Essa história vem lá de Sacramento [MG]. A mãe dela era casada e apareceu o pai de Carolina na praça. Era um negro repentista, inteligentíssimo. A mãe dela ia na praça, se apaixonou e nasceu Carolina. Minha mãe, já de pequena, era diferente. Como ela falava: “Eu era uma negrinha feia e chata”. Ela queria saber de tudo, era muito curiosa. A mãe dela a levou para o Eurípedes de Barsanulfo, que era um médium, e ele falou: “Ela não é chata. Sua filha vai ser uma escritora, uma poetisa”. Daí, a mãe respondeu: “O que será? Que doença é essa?”. Aí, quando as pessoas falavam: “Nossa, a negrinha é chata, né?”, ela respondia: “Não, minha filha é poetisa”. A mãe dela nem sabia o que era.

Uma fazendeira, dona Maria Leite, disse: “Vamos colocá-la na escola”. Estudou um ano e meio. Não queria ir de jeito nenhum, mas depois tomou gosto pela escola. Ela dizia que no primeiro dia de aula queria ir embora, porque queria mamar. E a professora dela, só teve esta, chamava Lenita, disse: “Você vai estudar e não vai mamar, Carolina Maria de Jesus”. Ela nunca tinha ouvido o nome dela, ouviu ali. Até então, era Bitita.

                                                                              A mudança para São Paulo
Ela veio a pé. [Primeiro, conseguiu emprego como doméstica, mas depois precisou ficar na rua com o nascimento do primeiro filho]. Ela ficava na rua e era para vir um político famoso, então pegaram todos os pobres que estavam aí, colocaram em um caminhão e mandaram para o Canindé. Conseguiu umas madeiras e fez o barraco. Ela mesmo carregou na cabeça. Carolina falava que toda a força da vida dela vinha da cabeça, tanto para escrever, quanto para carregar o saco de papel.

                                                                                A vida depois da favela
Nós fomos para Santana. Imagina, um lugar de classe média alta e chega lá uma mãe solteira, negra, três filhos, que tinham saído da favela. Vinha um ônibus e ficava a rua inteira [de fotógrafos, jornalistas]. Aquilo incomodava o dia inteiro. Minha mãe gostava de música, colocava [o volume] nas alturas, dançava sozinha a noite inteira. Os vizinhos não aguentavam aquele barulho. A gente abria a porta e tinha gente, fila, para pedir as coisas a ela, que tentava atender. Virou um inferno. Eles não suportavam a gente lá. Um dia, ela chegou em casa às 7h da manhã e disse: “Vamos embora”. E nós fomos para Parelheiros, um sítio. "Ali tem as árvores que ela plantou, a casa está do mesmo jeito. Eu penso em fazer um museu lá".

Variedades: Circuito Dandô, em Guarulhos (SP) recebe músico nesta quinta-feira

André Salomão mostrará repertório de seu novo CD

Redação

A programação do Dandô – Circuito de Música Dércio Marques recebe nesta quinta-feira, dia 12, o músico André Salomão, com show gratuito às 20h no auditório da Biblioteca Monteiro Lobato.

No show, André Salomão vai mostrar o repertório de seu álbum “Planos e Muros”, lançado recentemente. O CD, com 14 faixas, é seu primeiro disco de composições e a escolha do título está relacionada à faixa que abre o álbum. “É o nome de uma das músicas. Ela foi composta em um momento de descoberta de caminhos. Fala de assumir riscos e abandonar alguns medos que não são seus, mas do mundo. Por se tratar de um álbum de lançamento de uma carreira, acreditei que esse seria um título significativo”, explicou Salomão.

Paulistano, Salomão vive na cidade mineira de Barbacena. Com experiência de mais de sete anos trabalhando como artista, atuando como músico, ator e educador, já produziu o DVD “Lançado ao Mar” e participou de outras gravações e montagens de espetáculos em grupos como Todo-Um (Uberaba-MG) e EmCantar (Araguari-MG).

                                                                                 O circuito
Tendo iniciado em junho na cidade, com uma apresentação por mês, o Dandô – Circuito de Música Dércio Marques vai acontecer até o fim do ano em Guarulhos. A meta do projeto é fazer uma caravana contínua de apresentações, com um artista saindo de cada cidade ou estado participante (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Minas Gerais) e passando por todos os pontos escolhidos pelo circuito.

Serviço:
Dandô Circuito de Música Dércio Marques – Participação de André Salomão
Quinta-feira, dia 12, às 20h
Biblioteca Monteiro Lobato (auditório) – rua João Gonçalves, 439, Centro, Guarulhos (SP)
Entrada franca

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Túnel do Tempo: Maior assassino em série



Luís Alberto Alves

Serial Killer: Em 6 de novembro de 2003, Gary Ridgway, de 54 anos, torna-se o maior assassino em série confesso da história dos EUA ao admitir, em juízo, ter matado 48 mulheres.

Radiografia de Sampa: Rua Senador Feijó


Luís Alberto Alves

Primitivamente, essa via teve o nome de Rua da Freira, porque nela residia uma senhora de família tradicional que passara boa parte de sua vida no Recolhimento de Santa Teresa. No dia 28 de novembro de 1865 foi alterada para Rua Senador Feijó.

 O padre Diogo Antonio Feijó nasceu em São Paulo em agosto de 1784 e residiu numa casa da Rua da Freira, onde faleceu no dia 9 de novembro de 1843. Em 1804 já era diácono, tendo nessa qualidade obtido em 12 de dezembro de 1808 sentença que lhe permitiu tomar ordens maiores.

  Depois de ordenado presbítero, fixou-se em São Carlos e exerceu o ministério sacerdotal, o magistério particular, sendo também agricultor. Em 1821 Feijó encontrava-se pregando na cidade de Itu, quando foi eleito deputado às Cortes de Lisboa. Voltando para São Paulo em 1822, foi eleito deputado nas legislaturas de 1826 a 1829 e 1830 a 1833.

  Nesse último ano elegeu se senador pelo Rio de Janeiro. Em 1831 exerceu o cargo de Ministro da Justiça e sufocou, como a máxima energia, conspirações e revoltas. Foi depois proclamado Regente do Império em 1835, tendo renunciado a este cargo em setembro de 1837. 

Como Rafael Tobias de Aguiar, envolveu-se na Revolução de 1842, que lhe trouxe sérios dissabores, além da prisão e exílio que sofreu por alguns meses em Vitória do Espírito Santo. De volta a São Paulo, faleceu pouco tempo depois. A Rua Senador Feijó (foto) fica próximo da Catedral da Sé, Centro.

Geral: Lama de barragens rompidas atinge cidade a 60 km de Mariana ersão para impressão



  • Brasília
Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
Mariana (MG) - Uma barragem pertencente à mineradora Samarco se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, em Minas Gerais, e inundou a região (Corpo de Bombeiros/MG - Divulgação)
Mariana (MG) - Imagem da barragem que se rompeu em Bento Rodrigues, distrito de MarianaCorpo de Bombeiros/MG - Divulgação
A lama e a sujeira liberadas após o rompimento de duas barragens em Mariana (MG) atingiram a cidade de Barra Longa, distante 60 quilômetros do local da tragédia. Em entrevista à Agência Brasil, o prefeito Fernando Carneiro informou que o município está completamente inundado e que pelo menos três povoados estão isolados.
Segundo ele, cerca de 50 casas localizadas na parte mais baixa da cidade foram danificadas depois que o Rio Gualaxo do Sul transbordou. Na zona rural, uma residência foi completamente destruída. “A pessoa saiu de lá só com a roupa do corpo”, contou Fernando Carneiro. “Estamos sem acesso a três povoados porque perdemos três pontes e só se chega de helicóptero agora.”
Ainda de acordo com o prefeito, os moradores não esperavam que os estragos pudessem chegar até Barra Longa e foram surpreendidos pelo aumento repentino no nível do rio. “A última enchente que tivemos foi em 1979. Neste momento, não estava nem chovendo por aqui. Graças a Deus, parece que não tivemos vítimas”, disse.
Perdas
Também por telefone, o comerciante Flávio Pereira, 65 anos, contou que a casa onde mora, na praça principal de Barra Longa, foi tomada pela lama e pela sujeira que desceram pelo rio. “Perdi todos os meus móveis. Quarto, copa, sala, tudo foi tomado por um barro vermelho, pedaços de madeira, bambuzal. Arrancou até porta de armário.”
A mulher e a filha de Flávio deixaram a casa apenas com a roupa do corpo. A família, segundo ele, perdeu também sua principal fonte de renda – materiais para artesanato. “Perdemos tudo. Foi um prejuízo total, já que a cidade é muito pequena”, contou. “Não avisaram ninguém. Se tivessem avisado, eu tinha retirado meus bens. E dava tempo de terem avisado porque a lama chegou aqui de madrugada. Dava tempo de todo mundo sair.”

Geral: Chega a 500 número de pessoas resgatadas após rompimento de barragens em Mariana (MG)

Paula Laboissière - repórter da Agência Brasil
Mariana (MG) - Uma barragem pertencente à mineradora Samarco se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, em Minas Gerais, e inundou a região (Corpo de Bombeiros/MG - Divulgação)
Mariana (MG) - As barragens que se romperam pertencem à mineradora Samarco Corpo de Bombeiros/MG - Divulgação
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informou hoje (6) que cerca de 500 moradores de áreas afetadas pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG), já foram resgatados pela corporação. No total, 105 bombeiros e 20 viaturas estão em Bento Rodrigues, área rural onde ocorreu o acidente.
De acordo com o comunicado, as vítimas primeiramente tomam banho, para a retirada de resíduos de ferro, e, em seguida, são encaminhadas para unidades de saúde da região.
A corporação informou ainda que quatro feridos – dois adultos e duas crianças – foram resgatados e levados para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Três helicópteros auxiliam nos trabalhos e duas retroescavadeiras estão sendo usadas para abrir passagem e permitir acesso aos locais mais afetados pela tragédia.
De acordo com boletim atualizado na manhã de hoje pelo Hospital Monsenhor Horta, em Mariana (MG), seis pessoas receberam alta e uma permanece internada. A unidade de saúde recebeu, até o momento, oito vítimas da tragédia. Uma delas já chegou morta ao local.
Barragens de rejeito, como a que se rompeu em Minas, são feitas para reter os resíduos sólidos e água dos processos de mineração. O rejeito é o material que deve ser armazenado para proteção do meio ambiente.

Economia: Rossetto tenta evitar fechamento de siderúrgica em Cubatão



  • São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, se reuniu hoje (6) com o presidente da Usiminas, Rômel Erwin, para buscar uma alternativa ao fechamento da unidade da siderúrgica em Cubatão (SP). O anúncio da desativação das áreas primárias do complexo industrial da empresa foi feito na semana passada. A companhia diz que tem sofrido com a forte queda na demanda e acumulado prejuízos ao longo do ano.

“O ministro Miguel Rossetto ouviu um relato do presidente da Usiminas sobre a difícil situação econômico-financeira da companhia, por conta da redução do mercado interno e dificuldades para exportar”, diz a nota divulgada pelo ministério sobre o encontro.
De acordo com o informe, devem ser feitas outras reuniões para tratar do tema. Na quarta-feira (4), o ministro esteve em Cubatão para com a prefeita Márcia Rosa Silva e com representantes de sindicatos.

A Usiminas diz que tem sido afetada pela queda dos preços do aço no mercado internacional, devido a retração da economia mundial. No mercado interno, a siderúrgica diz que também enfrenta redução da procura.

Segundo o Instituto Aço Brasil, o consumo de aço caiu 14% neste ano em relação a 2014 e 22% em comparação com 2013. “Com isso, a siderurgia brasileira tem operado com um nível de capacidade instalada da ordem de menos de 70%. Somam-se os elevados custos de produção e a falta de isonomia competitiva ante a concorrência desleal do aço importado, notadamente da China”, acrescenta a nota.

Um dos altos-fornos da siderúrgica foi desligado em maio deste ano e o laminador de chapas grossas em setembro. A companhia estima que o processo de suspensão das atividades leve de três a quatro meses para ser concluído. Com isso, a produção primária de aço deve ser concentrada na unidade da empresa em Ipatinga (MG).

O Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista estima que a desativação da unidade em Cubatão pode causar a demissão de até 8 mil trabalhadores. “Só os funcionários que trabalham dentro da usina, nós estaríamos falando em algo entorno de 8 mil trabalhadores demitidos”, enfatizou o presidente do sindicato, Florêncio Resende de Sá. A empresa não divulgou números oficiais de quantos empregados podem ser dispensados.

Além dos empregos ligados diretamente a operação da siderurgia, Resende lembra que a indústria opera com uma vasta cadeia de fornecedores. “Tem mais de 100 empresas na região que trabalham em função da Usiminas”, ressaltou. São desde empresas que prestam serviços de reparação e montagem de estruturas, até fornecedores de cimento, alimentação, uniformes e equipamentos de proteção.

Por isso, segundo Resende, as categorias envolvidas planejam uma paralisação por tempo indeterminado para a semana que vem.