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quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Variedades: Cuba Libre estréia nos cinemas amanhã (18)
Luís Alberto Alves
Através do retorno da atriz transexual cubana
Phedra de Córdoba (do grupo teatral Satyros) a Havana depois de 53 anos sem
pisar no seu país, CUBA LIBRE coloca em discussão a luta pelos direitos dos homossexuais num
ambiente extremamente machista como a ilha governada durante décadas por Fidel
Castro, hoje comandada por seu irmão Raúl.
Nos primeiros anos da revolução cubana, os
homossexuais eram confinados em campos de concentração, onde eram obrigados a
cortar cana de sol a sol. Nos dias de hoje, foi criado um decreto pela filha de
Raúl Castro, Mariela (diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual e
uma ativista pelos direitos da comunidade LGBT), que obriga o respeito e a
aceitação de todos os gays. Convidada pelos Satyros, a equipe do filme chegou a
Havana no auge desse momento histórico em que os homossexuais estavam literalmente
tentando “sair do armário”, e a presença da musa Phedra de Córdoba foi marcante
nesse processo, tendo sido recebida até mesmo pelo ministro da cultura do país.
CUBA LIBRE mostra ainda a decadência da ilha, que “parece estar sentada sobre
um barril de pólvora”, como comenta em entrevista ao filme o dramaturgo
Reinaldo Montero, autor da peça Liz, que foi encenada pelos
Satyros, em Havana. O documentário foi rodado em locações ainda hoje
clandestinas (apesar do decreto assinado por Raúl Castro), como boates gays na
periferia da capital cubana, além de centros culturais que celebram datas como
o dia do orgulho gay e denunciam a repressão na ilha, relembrando momentos
históricos como Stonewall, em que muitos homossexuais, lésbicas e travestis
foram reprimidos num bar de Nova York, em 1969.
Conduzido pelo carisma da musa dos Satyros,
Phedra de Córdoba, CUBA LIBRE focaliza essa guinada histórica em Cuba, mas também está falando
do Brasil e do resto do mundo. Um filme que acompanha os passos de uma artista
transexual que, antes de entrar em cena, sempre se pergunta: “Será que eu sou
essa imagem no espelho ou será que essa imagem é o meu verdadeiro eu?”. Phedra
criou uma personagem para si mesma e moldou-a em carne e osso, com o próprio
corpo.
Em CUBA LIBRE, Phedra, está em busca do próprio
passado, apesar de seus entes queridos já estarem todos falecidos, e também de
locais que marcaram sua vida, como o palco onde pisou pela primeira vez e
descobriu a sua verdadeira vocação de artista. O filme é ainda um acerto de
contas com um passado de repressões e discriminações, mas sem perder a ternura
jamais.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Radiografia de Sampa: Rua Maestro Elias Lobo
Luís
Alberto Alves
Elias Alvares Lobo nasceu em Itu em 09 de
agosto de 1834. Sob a proteção do padre Diogo Antonio Feijó fez os seus
primeiros estudos dedicando-se decididamente à música, para qual demonstrou
desde jovem extraordinária vocação.
Como compositor iniciou-se escrevendo músicas
para dança e para bandas militares. Em 1863 escolhido para diretor da Ópera
Nacional, declinou do convite por ser pobre e precisar trabalhar para manter
sua família. Em 1875 convocou, em São Paulo, um Congresso de Professores de
Música para tratar dos interesses materiais, morais e intelectuais da classe.
Lutando
sempre com dificuldades deixou renome de maestro consumado e numerosas
produções atestadoras de sua capacidade musical. Compôs a primeira ópera
cantada em português: "A noite de São João", com letra de José de
Alencar. Faleceu em São Paulo em 15 de dezembro de 1901. A Rua Maestro Elias
Lobo (foto) fica no Jardim Paulista, Zona Sul de SP.
Geral: Vendas de smartphones passam de 13 milhões no segundo trimestre de 2014
Geral: Dor de cabeça atinge 90% dos brasileiros
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A dor de cabeça é um dos males que mais atingem os brasileiros |
Luís Alberto Alves
Cientificamente
denominada como cefaleia, a dor de cabeça é um dos males que mais atingem a
população brasileira, vivenciada por 90% das pessoas no país, segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde). As cefaleias podem ser dividas em dois grandes
grupos: primárias e secundárias, sendo o último grupo em geral mais grave, como
resultado de enfermidades específicas no sistema nervoso central.
"Consideramos como primária quando a dor desencadeada no indivíduo não tem uma causa específica orgânica, ou seja, trata-se de uma resposta do organismo e do cérebro a situações de pressão, preocupação, medo, por exemplo, podendo ocorrer repetidas vezes no dia ou na semana", disse o Dr. Rubens Gagliardi, professor titular de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
A enxaqueca é uma das formas de cefaleia e também se divide em dois tipos principais: com e sem aura. "A forma sem aura, normalmente, é caracterizada por uma dor pulsátil, acompanhada, em geral, por náuseas e vômitos. Além disso, sua periodicidade não é definida. A forma com aura pode se manifestar com diferentes sintomas, como alterações sensitivas, visuais motores, entre outras menos comuns", explicou o Dr. Gagliardi.
De acordo com a SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia), a dor de cabeça tensional é a mais comum e acomete 78% da população, seguida da enxaqueca, que atinge 16% das pessoas. As mulheres são as mais afetadas devido, principalmente, a grandes alterações hormonais a que estão submetidas.
A cefaleia pode se manifestar em crianças, adultos e idosos; e a enxaqueca, contudo, é predominante na faixa etária dos 15 aos 40 anos e em mulheres. Segundo o Dr. Gagliardi, o diagnóstico deve considerar o histórico do paciente, com informações que vão desde sua rotina de atividades, alimentação, características das crises, manifestações concomitantes, achados clínicos e avaliação genética.
"Consideramos como primária quando a dor desencadeada no indivíduo não tem uma causa específica orgânica, ou seja, trata-se de uma resposta do organismo e do cérebro a situações de pressão, preocupação, medo, por exemplo, podendo ocorrer repetidas vezes no dia ou na semana", disse o Dr. Rubens Gagliardi, professor titular de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
A enxaqueca é uma das formas de cefaleia e também se divide em dois tipos principais: com e sem aura. "A forma sem aura, normalmente, é caracterizada por uma dor pulsátil, acompanhada, em geral, por náuseas e vômitos. Além disso, sua periodicidade não é definida. A forma com aura pode se manifestar com diferentes sintomas, como alterações sensitivas, visuais motores, entre outras menos comuns", explicou o Dr. Gagliardi.
De acordo com a SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia), a dor de cabeça tensional é a mais comum e acomete 78% da população, seguida da enxaqueca, que atinge 16% das pessoas. As mulheres são as mais afetadas devido, principalmente, a grandes alterações hormonais a que estão submetidas.
A cefaleia pode se manifestar em crianças, adultos e idosos; e a enxaqueca, contudo, é predominante na faixa etária dos 15 aos 40 anos e em mulheres. Segundo o Dr. Gagliardi, o diagnóstico deve considerar o histórico do paciente, com informações que vão desde sua rotina de atividades, alimentação, características das crises, manifestações concomitantes, achados clínicos e avaliação genética.
Entre os hábitos
alimentares, é importante a individualização de cada um, pois as respostas
podem ser bastante diferentes entre os pacientes. Em geral, deve-se investigar
eventual prejuízo das crises com o consumo de chocolate, de bebidas alcoólicas
e de produtos gordurosos, potencialmente agravante das crises e, se tal
prejuízo for confirmado, esses tipos de alimentos devem ser evitados.
Ao contrário dos demais tipos, a cefaleia em salvas é mais presente nos homens. "É um distúrbio que ocorre em um lado da cabeça, causado por uma dor forte, aguda, rápida e com tendência a repetição. Outros sintomas são lacrimejamento dos olhos e congestão nasal", detalhou o professor.
Embora comuns, as dores de cabeça não são normais. Na maioria das vezes, as pessoas se automedicam e não obtêm sucesso. "Sem dúvida, a automedicação não é recomendada, pois pode ocultar problemas mais sérios. No caso de cefaleias frequentes ou atípicas (as que se apresentam com um padrão de dor diferentemente do usual), deve-se procurar um neurologista para investigação diagnóstica e correta orientação", finalizou o Dr. Gagliardi.
Ao contrário dos demais tipos, a cefaleia em salvas é mais presente nos homens. "É um distúrbio que ocorre em um lado da cabeça, causado por uma dor forte, aguda, rápida e com tendência a repetição. Outros sintomas são lacrimejamento dos olhos e congestão nasal", detalhou o professor.
Embora comuns, as dores de cabeça não são normais. Na maioria das vezes, as pessoas se automedicam e não obtêm sucesso. "Sem dúvida, a automedicação não é recomendada, pois pode ocultar problemas mais sérios. No caso de cefaleias frequentes ou atípicas (as que se apresentam com um padrão de dor diferentemente do usual), deve-se procurar um neurologista para investigação diagnóstica e correta orientação", finalizou o Dr. Gagliardi.
Artigo: Eugenia e etnocentrismo, uma sociedade segregada
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Na Alemanha nazista eram proibidos diversos tipos de casamentos |
Breno Rosostolato*
Quando Charles Darwin escreveu sobre a seleção
natural e difundiu a ideia de que a sobrevivência dos organismos dependia de
sua adaptação no ambiente, importantes pensadores inclinaram-se sobre este
conceito e destilaram novas teorias. A luta pela sobrevivência deflagrou uma
nova ideologia para melhorar a raça humana por meio da ciência.
Francis J. Galton é o nome associado ao
surgimento da genética e da eugenia, que significa “bem nascer”. Teorizando,
seria o estudo dos fatores socialmente controláveis que podem elevar ou
rebaixar as qualidades raciais das gerações futuras, tanto física quanto
mentalmente. Por meio de casamentos e uniões seletivas, Galton acreditava que
poderia modificar a natureza das pessoas, separando aqueles que supostamente
eram “perfeitos” e preservando assim a qualidade das futuras gerações.
A degeneração biológica passou a ser uma
preocupação e a proibição de uniões indesejáveis era algo bastante coercivo.
Propostas políticas de higiene ou profilaxia social passaram a surgir em vários
países, dentre eles o Brasil. Em 1923, foi fundada a Liga Brasileira de Higiene
Mental, pelo psiquiatra Gustavo Riedel, que ganhou sustentação nos pressupostos
eugenistas, atingindo, posteriormente, o campo social. A eugenia era vista por
Riedel como o “paraíso terrestre”, reafirmando os pressupostos de Renato Kehl,
o mentor da eugenia no Brasil.
O aspecto cultural e social da eugenia é o que
chama a atenção, em vários países, inclusive o Brasil. As explicações para as
crises econômicas e políticas isentavam as elites e imputavam toda a
responsabilidade ao povo. Ou seja, os problemas de uma sociedade eram
justificados através de uma constituição étnica e na presença de raças
inferiores.
Na Alemanha, a Lei de Nuremberg, alicerçada
nos pressupostos eugênicos, proibia o casamento de alemães com judeus, o
casamento de pessoas com transtornos mentais, doenças contagiosas ou
hereditárias. Propunha-se a esterilização de pessoas com problemas hereditários
e que poderiam comprometer a saúde da raça ariana, associado a isso toda a
perversidade e crueldade de uma mente doentia de um ditador como Hitler, que
desejava conquistar o mundo. O documentário “Homo Sapiens – 1900”, do diretor
sueco Peter Cohen, aborda de maneira enfática as práticas eugênicas durante o holocausto.
Um verdadeiro genocídio cruel e injustificável.
Esta concepção de eugenia traduz-se, hoje, no
biopoder difundido por estudiosos e intelectuais, com o propósito de estudar
estratégias de intervenção sobre a vida cotidiana. Entretanto, alguns
preconceitos revelam-se como absurdos propagados pelo biopoder, pois se
atribuem à marginalização de “raças inferiores” os conflitos sociais, a
pobreza, o aumento da violência, as drogas e por aí vai. Questões como o
racismo e o sexismo são reveladas. O aconselhamento genético, por esse ponto de
vista, é um espaço de poder e controle, ancorado nas concepções dessa nova
genética, determinando a subjetividade das pessoas, pois não temos identidade,
mas bioidentidades.
A mulher é vigiada não apenas para ter um feto
saudável, com saúde perfeita. O seu corpo sofre muito mais intervenções
médicas, comparado ao do homem. A identidade da mulher é influenciada por essas
exigências. Na maioria dos casos, o homem permanece numa posição despreocupada.
São inúmeros as técnicas e procedimentos resultantes do biopoder como controle populacional
e de natalidade, fertilização in vitro, diagnóstico pré-natal e
pré-implantação, aborto terapêutico e clonagem reprodutiva.
Métodos científicos estão a serviço da saúde e
da sociedade e possuem como alicerces ideológicos um controle adequado e seguro
de doenças, a ponto de antever o surgimento de deficiências ou patologias
congênitas, do crescimento descontrolado da população e, por último, o
mapeamento do DNA. A genética é a área que se utiliza desses estudos
científicos, difunde conceitos, ponderações e determina os aspectos adequados
para a existência humana. São métodos eugênicos que estão por trás desses
propósitos de prever eventuais problemas.
Porém, a eugenia não cessou. Este movimento
social reforça o conceito de etnocentrismo que impera no mundo. Sociedades
segregadas por diferenças religiosas são motivos para guerras infinitas e
exterminações sumárias. A intolerância sexual, como a misoginia e o
antifeminismo, assassina mulheres simplesmente por serem mulheres. A homofobia,
lesbofobia e transfobia são intransigentes quanto às identidades sexuais, uma
visão rebuscada da heteronormatividade.
O racismo é enraizado na sociedade e se
manifesta de maneira escancarada, para quem quiser ver. Vivemos um momento
social em que essas seleções naturais são praticadas sim, defendidas amplamente
por extremistas, fanáticos e radicais. Um sectarismo que não admite a opinião
contrária, uma pasteurização social que assola e enfraquece esta infeliz
civilização. Civilização?
* Breno Rosostolato é psicólogo e
professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM.
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