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Crianças precisam aprender o valor do dinheiro |
Reinaldo Domingos*
A Educação Financeira para as
crianças deve começar desde cedo. Assim, além da escola, os pais possuem um
papel fundamental nesse processo. Mas, como os pais podem fazer isso? São
várias as formas, uma delas é a mesada. Para os pais que ainda não
disponibilizam esta ferramenta, está na hora de repensar e começar a planejar
para falar com os filhos sobre o tema, sendo importante sempre ter em mente
algumas questões.
A primeira dúvida em relação a esse tema é a
idade com que a criança deve iniciar o contato com o dinheiro. Isso dependerá
de cada caso, entretanto, a partir dos três anos, quando a criança começa a
demonstrar desejos próprios, já é o momento de iniciar a analisar a melhor
forma de inserir a educação financeira (não a mesada), mostrando o processo de
troca do dinheiro por produtos.
A mesada efetivamente deve ser pensada por
volta dos sete a oito anos, quando os jovens já estiverem acostumados com o
contato com o dinheiro. Contudo, cuidados devem ser tomados para que esse
artifício realmente atinja a sua finalidade.
Um deles é definir
o valor da mesada. É simples: durante um mês, sem que a criança perceba, anote
todo o dinheiro que dá para o seu filho, inclua lanche escolar, passeios,
compra de jogos, enfim, todos os gastos da criança.
Com esse número em mãos, chegou a hora de
chamar a criança para uma conversa franca. Diga a ela que, por já estar
crescendo, chegou o momento de ela mesmo controlar seu próprio dinheiro e que
começará a dar uma mesada.
Dê apenas 50% do valor total dado a ela no mês
e informe que a criança terá que se organizar com esse valor. Ela, com toda a
certeza, ficará feliz, pois achará o montante bastante alto. Mas reforce que
esse dinheiro terá que dar para os próximos 30 dias.
E fale mais: por ser um ótimo filho ou filha,
os pais resolveram realizar alguns desejos e peça que ela relacione no mínimo
três desses, um de curto prazo, até três meses, um de médio, até seis meses e
um de longo, até um ano. Explique que o mesmo valor que receberá da mesada
também terá para os desejos e sonhos.
Com isso, ela saberá que todo o dinheiro que
ela receber, deverá ser separado metade para desejos e metade para o consumo
(doces, passeios, lanches).
Se tiver mais de um filho, para cada um deles,
a decisão do valor e a conversa deve ser feito individualmente, adequando à
realidade dos mesmos. Lembre-se: as crianças são semelhantes, mas nunca iguais,
quando o assunto é dinheiro.
É fundamental também mostrar aos jovens a
importância de conquistar os valores que recebem.
Mas faço um alerta:
não é interessante associar esse dinheiro ao desempenho escolar, pois o estudo
deve ser incentivado pela importância que ele terá para a vida. Uma criança que
só estuda para garantir a mesada no fim do mês poderá ter um
rendimento muito baixo e, se, por algum motivo, a família deixar de ter
condições de oferecer, isso afetará o desenvolvimento intelectual.
Outro ponto
relevante é que não se deve complementar com frequência a falta de dinheiro
ocasionada pela má administração da mesada. Muitas crianças e adolescentes
gastam além da conta e passam a recorrer sistematicamente aos pais para
conseguir mais dinheiro. Se os pais cedem aos pedidos, não ensinarão a
controlar os impulsos, criando a ilusão de que pode gastar sem limites. A
consequência disso será na fase adulta, quando utilizarão o crédito fácil como
complemento salarial.
Chamo atenção para um ponto imprescindível que
é o de, desde o primeiro mês de vida da criança, junto com a certidão de
nascimento, já se deve abrir uma previdência privada Junior para essa criança,
com a qual se garantirá projetos de vida, como uma faculdade, um intercâmbio,
um carro e sua própria aposentadoria sustentável.
Mostre a seu filho a importância de priorizar
os seus desejos e faça-os entender que, para realizá-los, será sempre
necessário guardar parte do dinheiro que passa pelas suas mãos.
*Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP
Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.