Andreia, Luís e o filho Eduardo numa festividade no quartel da Rota, em São Paulo |
Luís Alberto Caju
Cinco pessoas de uma mesma família foram
mortas a tiros dentro de casa, na Vila Brasilândia, Zona Norte de SP, ontem (5/8).
Entre as vítimas estão o sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar),
Luís Marcelo Pesseghini, sua mulher, cabo da PM, Andreia Bovo Pesseghini.
Também morreram o filho do casal, Marcelo Eduardo, de 12 anos, a avó da
criança, Benedita Oliveira Bovo, de 65, e a tia de Andreia, Bernadete Oliveira da Silva de 55. Os corpos foram encontrados no final
da tarde de segunda-feira, após o sargento não comparecer ao serviço.
Na primeira avaliação, a perícia encontrou a
policial Andreia ajoelhada, já morta. Indício que foi uma das primeiras a ser
pega caso o crime ocorreu na noite ou madrugada de segunda-feira. Tudo num
claro sinal de execução. O marido e o filho estavam sem vida deitados perto de
um colchão. No outro cômodo as outras duas mulheres foram assassinadas,
provavelmente dormindo, pois tinham um cobertor sobre os corpos.
A casa não apresentava sinais de briga, com
móveis revirados ou marcas de tiros nas paredes. Também não existiam inúmeros
disparos, como se o assassino ou assassinos, fossem profissionais, gastando
pouca munição, ao acertar em pontos vitais, para vítima morrer rapidamente.
Todos levaram um tiro na cabeça. Segundo a Polícia Militar de SP, o casal não tinha histórico de problemas na
corporação, portanto estaria descartada, numa primeira avaliação, possível
vingança da facção que domina os presídios paulistas.
Porém algumas perguntas ainda merecem
respostas: a porta da casa estava entreaberta, ou seja, o imóvel não foi
arrombado. Um dos carros da família foi localizado nas proximidades onde o
garoto Eduardo estudava. Quem o deixou lá? Por que a mochila, com material
escolar do menino, tinha dinheiro e a arma de sua mãe, um revólver calibre 32,
estava perto da porta de entrada? Se de fato foi o menino que executou toda a
família, por que deixaria a mochila naquele local e não fora da residência? O
que o fez mudar de ideia, em caso de suicídio, e se matar?
A perícia vai verificar se existe marca de
pólvora nas mãos do garoto. Caso ele tenha efetuado os disparos, este exame vai
acusar a presença deste material. Ao todo foram efetuados cinco tiros dentro do
imóvel, neste caso nenhum vizinho ouviu o barulho? Se ninguém notou, é provável
que a arma usada estivesse com silenciador. Como era o convívio dessa família?
O menino brigava muito com os pais? Era rebelde na escola? E o relacionamento
do casal de policiais com as demais pessoas do bairro era bom?
Pelo bilhete (encontrado pela polícia técnica)
enviado na segunda-feira pela escola aos pais, o menino teria chegado das aulas
e encontrado seus familiares mortos. Neste caso, ao sair para os estudos, o
garoto teria deixado os pais, avó e tia ainda vivos. Se suas aulas eram de
manhã, a chacina não teria ocorrido na madrugada de segunda-feira, e sim
durante o dia. Nesta hipótese o menino teria chegado em casa, visto todos sem
vida e praticado o suicídio, caindo ao lado do corpo do pai, como foi
encontrado.
Mas por que o carro da família foi deixado
perto da escola no início da madrugada da segunda-feira? Seria para uma
possível fuga, no caso de o garoto ter sido o autor de todas as mortes? Qual a
razão da policial Andreia ter sido executada de joelhos? Os tiros foram todos à
queima roupa (próximo do corpo)? O sargento estava deitado num colchão, isso
pode significar que se encontrava dormindo na hora do crime? O corpo do menino
tinha uma pistola .40 (arma usada pelos Pms paulistas) perto dele, mas por que
na sua mochila, encontrada perto da porta principal da casa, estava o revólver
calibre 32, usado pela sua mãe?