A
prática pode parecer simples, mas é uma das mais eficientes maneiras de
garantir a limpeza e esterilização do local
* Milton
Monteiro
Lavar as mãos. Este singelo, simples e
cotidiano ato é fundamental para salvar vidas dentro de ambientes médicos.
Infecções hospitalares estão entre as mais comuns causas de mortes de pacientes
e, por isso, deve ser tratadas com seriedade.
O assunto é tão importante que ele
existe até possui uma data exclusiva. É celebrado no 15 de maio o Dia Nacional
de Controle de Infecção Hospitalar, exatamente para lembrar dos cuidados que
devem ser tomados para evitar este mal. A data, aliás, não foi escolhida randomicamente:
foi em um 15 de maio, em 1847, na Hungria,
que o médico-obstetra Ignaz P. Semmelweis defendeu e incorporou a lavagem de
mãos como atitude obrigatória para enfermeiros e médicos que entravam nas
enfermarias. A prática pode parecer simples, mas é uma das mais eficientes
maneiras de garantir a limpeza e esterilização do local.
Os números comprovam a urgência do
tópico. Um relatório do realizado em conjunto pelo Banco Mundial, pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 7% dos pacientes em hospitais
vão adquirir uma infecção hospitalar durante seu período de internação. Em
países de baixa renda, este número sobe para 10%. O relatório revela mais
detalhes preocupantes: 303 mil mães e 2,7 milhões de recém-nascidos morrem
anualmente por questões relacionadas ao parto, muitas delas evitáveis, e em
países de renda média e alta, a adesão a protocolos e diretrizes fica abaixo de
50%.
É em razão de dados alarmantes como os
citados acima que se estabeleceu no Brasil, em 1997, a obrigatoriedade por lei
da existência de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), além
de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) em todos os
hospitais nacionais. Este grupo tem a responsabilidade de planejar, elaborar,
implementar, manter e avaliar ações desenvolvidas com o objetivo de reduzir ao
máximo possível a incidência das infecções hospitalares. O grupo é de extrema
valia e importância no dia a dia de qualquer hospital, independentemente de seu
porte.
Porém, além do CCIH, você também pode contribuir
com a higienização dos hospitais e a diminuição dos casos de infecção
hospitalar. Basta apenas seguir os ensinamentos do Dr. Ignaz P. Semmelweis: lave suas mãos sempre que entrar
e sair de ambientes hospitalares, antes e depois de refeições e após usar o
banheiro! E não vale substituir pelo famoso álcool em gel: ele ajuda, mas não
substitui a água e o sabão. Além disso, siga à risca todas as
instruções das equipes de saúde. A infecção hospitalar é um enorme risco para a
saúde de todos aqueles dentro de ambientes médicos: não a menospreze.
* Milton Monteiro enfermeiro do HSANP, centro
hospitalar na Zona Norte de São Paulo, atuante no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
(SCIH)