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Novas revelações podem mudar direcionamento das investigação na chacina de Vila Brasilândia/SP |
Luís Alberto
Caju
Mais novidades na chacina de casal de Pms e o
filho deles, de 13 anos, encontrados mortos, com três familiares, na segunda-feira
(5), na Rua Dom Sebastião, Vila Brasilândia, Zona Norte de SP. A mulher era
Andreia Regina Bovo, 35 anos, e o marido, sargento da Rota (Rondas Ostensivas
Tobias de Aguiar), Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos.
O tio da cabo da PM, Andreia Regina
Pesseghini, revelou ao programa Cidade Alerta, da Rede Record, nesta quarta-feira,
que o menino Marcelo Eduardo Pesseghini, 13 anos, estava morto vestido com
calça moletom de pijama, não com as roupas em que aparece no vídeo, andando na
calçada rumo à escola, às 6h23 de segunda-feira.
“A mochila estava jogada na garagem. Vestia
camisa branca e calça moletom de pijama. Se alguém vai praticar o suicídio,
teria preocupação de tomar banho, trocar de roupa, tirar os sapatos pretos e
depois dar um tiro na cabeça?”, questionou o parente de Andreia. No dia do conhecimento
da chacina, essa pessoa que pediu para não se identificar, durante entrevista
ao Cidade Alerta, logo quando chegou recebeu dois telefonemas.
“No primeiro às 16h45, segundo ele, uma
mulher perguntava se ali era a casa do Marcelinho (filho do casal), e porque o
menino não tinha ido à escola naquela segunda-feira. Cinco minutos depois,
outra mulher telefona e pergunta se é da casa da Andreia (mãe de Marcelo).
Repetiu a mesma história de que o garoto não tinha ido ao colégio, onde
estudava a poucos quilômetros de sua casa”, ressaltou.
Voltava
para casa de perua
Em várias reportagens exibidas na televisão
sobre o caso, professores e alunos garantem que Marcelo Eduardo foi à escola e
ali ficou até perto do meio-dia, quando teria recebido carona de colega e
voltado para casa. Porém, de acordo com esse familiar, por parte da cabo Pm
Andreia, uma das vítimas na chacina, o garoto só voltava para a residência no
carro da mãe ou numa perua contratada, que o deixava no portão, após a avó
Benedita Oliveira da Silva, 65 anos, atendê-lo.
Outro detalhe ressaltado por esse tio de
Andreia é o cachorro que ficava na garagem, bravo com estranhos. “Por que com o
barulho dos tiros ele ficou quieto, não latiu, pois os cães latem ao ouvir
disparos de fogos ou tiros?” “Percebi que a porta da sala estava aberta. Eles
nunca dormiam com as portas sem fechar. E pior com a chave do lado de fora”, observou.
Esse parente da cabo Pm Andreia foi um dos
primeiros a entrar na residência para reconhecer os corpos e percebeu fatos
estranhos. “Minha avó Benedita e a tia-avó Bernardete (Oliveira da Silva, de 55
anos) estavam deitadas em camas separadas com os rostos de frente para outra,
embaixo de cobertores. As duas levaram tiros na cabeça. Não havia rastro de
sangue no quintal”, disse.
Cabeça encostada no chão
O sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias
de Aguiar), Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos, estava deitado de bruços, como se
tivesse dormindo quando foi alvejado, ao lado do filho Marcelo, que estava com
a pistola .40 perto da barriga. “Minha sobrinha (Andreia) foi encontrada
agachada de joelhos, com os braços cruzados e cabeça encostada no chão. Ela viu
quem praticou o crime e não foi o Marcelinho”, afirmou.
Na avaliação desse parente, a polícia está
deixando de lado detalhes importantes. “Será que as duas mulheres que ligaram
para casa deles (Luís Marcelo e Andreia), e que atendi seus telefonemas, não
fizeram isso para confirmar as mortes? Se o Marcelo ficou na escola até perto
do meio-dia, qual razão para dizer que ele não tinha ido à escola e por isso
estava ligando?”
Ao tomar conhecimento da entrevista ao Cidade
Alerta, o delegado Itagiba Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), responsável pelo inquérito, disse que vai intimar esse
parente da cabo Pm Andreia para passar mais detalhes a respeito dos telefonemas
que recebeu quando foi reconhecer os corpos das vítimas. “É uma informação
nova. Vamos apurar”, concordou.
Roubo a bancos e caixa eletrônicos
Nesta quarta-feira o coronel Wagner Dimas,
comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, onde a cabo PM Andreia
trabalhava, disse durante entrevista à Rádio Bandeirantes, que ela havia
denunciado colegas de serviço que estariam envolvidos com roubos a caixas
eletrônicos.
Ele ressaltou que a investigação não chegou a
uma conclusão e nenhum policial acabou preso. Porém alguns agentes foram
transferidos. O coronel garantiu que Andreia nunca lhe relatou que sofresse
qualquer tipo de ameaça e que as denúncias contra os demais soldados eram
sigilosas.
O coronel afirmou durante a entrevista não
estar convencido na versão apresentada até agora pela polícia de que o garoto
Marcelo Eduardo tenha sido o autor da morte das quatro pessoas de sua família e
depois se suicidado. O comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar não
descartou a possibilidade de o crime ter ligação com a denúncia feita pela
policial.
Por causa da entrevista, o oficial foi
convocado à corregedoria da PM para prestar esclarecimentos e dizer quais as
razões que o levaram a fazer tais afirmações ao programa da Rádio Bandeirantes.
O comando geral da Polícia Militar de SP pediu que o teor dessa entrevista fosse
desconsiderado pela população, mantendo a tese dos quatro homicídios seguido de
suicídio.
Perguntas ainda
sem respostas
1) Se o menino Marcelo Eduardo era gentil, atencioso com a família
(de acordo com o tio de Andreia, ele adorava os pais e as avós, inclusive tinha
sonho de trabalhar na Rota), quais as razões para matar toda a família? 2) Qual o motivo para o casal de Pms (ele
sargento da Rota, tropa de elite da polícia paulista) deixar aberta a porta da
sala, inclusive com a chave do lado de fora? 3) Por que o cachorro não latiu ao ouvir o barulho dos tiros (os
assassinos não teriam usado silenciadores nas armas). Seria alguém conhecido do
casal e talvez por isso o cão o recebeu sem latir?
4) Qual a razão para o garoto Marcelo (apontado como autor dos
quatro homicídios) deixar a mochila, em que aparece andando às 6h23 a caminho
da escola, na garagem; quando o correto era entrar com ela? 5) Segundo o tio de sua mãe, na
entrevista ao Cidade Alerta, o garoto morreu vestido com uma camisa branca e
calça moletom de pijama. Ou seja, não trajava o uniforme escolar. Significa que
ele tomou banho e trocou de roupa. Qual a razão para um suicida fazer isto, se
de fato tirou a própria vida? 6)
Quem era a pessoa que o trouxe da escola na segunda-feira e o deixou na porta
de casa, quando o costume era vir com a mãe ou de perua contratada, que o
entregava no portão onde sua avó Benedita o recebia.
7) A polícia sustenta que existia nos dedos da mão de Marcelo fios
de cabelos de sua mãe, que foi executada de joelhos. Eles tinham sangue? Como
ele ficou mais de dez horas com os fios de cabelos nos dedos, se durante esse
período teve de ir ao banheiro, lavar o rosto e as mãos para comer? 8) Por que não existia rastro de sangue
no local ou mesmo de massa encefálica na roupa usada por ele? Onde ficaram
elas? 9) Existem vestígios de sangue
ou massa encefálica nas pias da casa, onde Marcelo (se de fato foi o autor do
crime) lavou o rosto e mãos? 10) Na
escola ninguém percebeu que ele tinha fios de cabelos nas mãos e sinais de que
não dormiu bem? 11) Por que no carro
onde ele ficou, segundo a polícia por quase cinco horas, não havia vestígios de
sangue ou massa encefálica?