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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Internacional: Enfermeira é primeira a ser vacinada contra covid-19 nos EUA

 


Sandra Lindsay recebeu a vacina em Nova York

Agência Brasil 

Uma enfermeira que trabalha na unidade de terapia intensiva de um hospital de Nova York foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a receber a vacina Pfizer/BioNTech contra covid-19 nesta segunda-feira (14), em um marco nos esforços norte-americanos para controlar o vírus.

Sandra Lindsay, que tratou na UTI alguns dos pacientes mais graves com covid-19 por meses, recebeu a vacina no Long Island Jewish Medical Center, no bairro do Queens, um epicentro inicial da pandemia de coronavírus nos EUA, o que provocou aplausos durante uma transmissão ao vivo com o governador de Nova York, Andrew Cuomo.

"Não senti nada diferente do que senti quando tomei qualquer outra vacina", disse Lindsay. "Me sinto esperançosa hoje, aliviada. Sinto que a cura está chegando. Espero que isso marque o início do fim de uma época muito dolorosa da nossa história. Quero instilar a confiança pública de que a vacina é segura."

Minutos depois de Lindsay receber a vacina, o presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu no Twitter: "Primeira vacina aplicada. Parabéns, EUA! Parabéns, MUNDO!"

A vacina, desenvolvida pela Pfizer em parceria com a alemã BioNTech, obteve aprovação emergencial de reguladores federais na sexta-feira, depois de se mostrar 95% eficaz na prevenção da doença em testes clínicas de larga escala.

As primeiras 2,9 milhões de doses começaram a ser enviadas para centros de distribuição ao redor dos EUA no domingo, 11 meses depois de os Estados Unidos documentarem suas primeiras infecções por Covid-19.

Até esta segunda, o país registrou 16.286.343 casos da doença e 299.489 mortes.

Artigo: Entre perder e ganhar

 


Tudo para que a pequena esquecesse a grande tristeza da perda, que o havia sensibilizado

Ricardo Viveiros

Franz Kafka, que nasceu judeu no antigo Império Austro-Húngaro, depois Tchecoslováquia e hoje República Tcheca, foi um escritor de língua alemã (embora dominasse o idioma tcheco) autor de romances e contos que o tornaram reconhecido entre os mais influentes literatos do século 20.

Kafka é respeitado pelo estilo único de sua escrita, por seus temas e padrões que abordam alienações, brutalidade física e psicológica. Nas suas obras estão presentes conflitos entre pais e filhos. Os seus personagens têm missões aterrorizantes, como labirintos burocráticos e transformações místicas. Existe em vários idiomas o termo "kafkiano", que remete a algo complicado, duro e surreal, consoante ao retratado em suas obras.

Como a vida é mágica, um ano antes de sua prematura morte aos 40 anos, o talentoso escritor viveu uma experiência singular e bem diferente de tudo o que criou e nos deixou em suas muitas cartas e livros. Passeando pelo verde do parque de Steglitz, no sudoeste de Berlim (Alemanha), encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. Kafka, sensibilizado, ofereceu ajuda para encontrar a boneca, combinou um encontro com a pequena no dia seguinte no mesmo lugar.

Não tendo encontrado o objeto perdido, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e, quando se encontraram, leu para a menina. A carta dizia: "Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o mundo".

Durante três semanas, Kafka entregou à menina, de modo regular, outras cartas que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar. Tudo para que a pequena esquecesse a grande tristeza da perda, que o havia sensibilizado.

Esta delicada história foi publicada em alguns jornais e inspirou um livro do espanhol Jordi Sierra i Fabra, "Kafka e a Boneca Viajante", no qual o jornalista e escritor catalão imagina como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas do tcheco. Interessante comentar que Fabra escreve livros infantis de grande sucesso, já traduzidos para mais de uma dezena de idiomas, e tem uma história pessoal marcada por tristezas - gago sofreu bullyng na escola, foi vítima de acidentes e de perseguição política na ditadura franquista.

Voltando a Kafka, por fim o escritor presenteou a menina com uma outra boneca. Claro, diferente da original. Uma carta anexa explicava: "Minhas viagens me transformaram...". Anos depois, a garota encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da boneca substituta, que ela havia aprendido a gostar. O bilhete dizia: "Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em forma diferente".

Sempre pensamos nas amadas pessoas que nos deixaram: avós, pais, tios, filhos, netos. Entretanto, devemos pensar também nas que a vida nos deu depois das perdas, em especial, os novos amigos que conquistamos. Em geral, você guarda para sempre as amizades da infância e da juventude. Além de manter o conquistado no passado, é importante conseguir fazer novos amigos também na maturidade.

A pandemia da Covid-19 tem nos tomado parte dessa gente amada. Ninguém substitui ninguém. Mas, tenho certeza, o amor é uma espécie de renovação do sentimento em relação a quem perdemos. Um tipo de amor que renasce em nossos corações e mentes a cada nova amizade. Algo assim como o que motivou Kafka, aparentemente uma pessoa fria e amarga, a ser tão terno e doce com aquela menina que perdeu sua boneca.

Facundo Cabral, compositor e escritor argentino, de juventude muito sofrida e que morreu assassinado após um show na Guatemala, disse sobre as pessoas que se foram: "Você não perdeu nada, quem morreu apenas se adiantou a nós, porque para lá iremos todos. Além disso, o melhor dele, o amor, segue em seu coração."

Que bom gostar das pessoas e poder acreditar que elas também gostam de nós. Ajuda a enfrentar esses tempos tão cinzentos de mortes que causam eterna saudade. Entre perder e ganhar, estão as típicas emoções "kafkianas" dos arquétipos que transitam pelos obscuros labirintos políticos, mas há também as que nos permitem a esperançosa crença na felicidade.

Ricardo Viveiros, jornalista, professor e escritor, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e membro da Academia Paulista de Educação (APE).

Política: Projeto inclui acesso à luz como item fundamental para a promoção da saúde

 

Hoje, a lei estabelece que a saúde tem como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento


Luís Alberto Alves/Hourpress/Agência Câmara

Arquivo

O Projeto de Lei 3579/20 inclui o acesso à energia elétrica como item fundamental para a promoção da saúde.

Em análise na Câmara dos Deputados, a proposta altera a Lei Orgânica da Saúde, que hoje estabelece que a saúde tem como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.

Autor da proposta, o deputado Benes Leocádio (Republicanos-RN) afirma que a energia e a saúde estão relacionados.

“Mais  de 1,6 milhão de pessoas morrem anualmente por conta da exposição à fumaça de fogões a carvão e lenha”, cita. Segundo ele, a fumaça desses combustíveis “aumentam em mais de 100% o  risco de contrair doenças respiratórias, como a bronquite e a pneumonia”.

“A energia elétrica, além de substituir os combustíveis sólidos usados para produzir energia, ajuda na conservação de alimentos, preservando a saúde dos cidadãos”, completou.

Tramitação
A proposta será analisada em 
caráter conclusivo pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei.

 

Política: Tributação de grandes empresas digitais enfrenta polêmicas sobre constitucionalidade

 

Deputado que propõe CIDE-digital diz que contribuição não onera os consumidores


Luís Alberto Alves/Hourpress/ Agência Câmara
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Paralelamente à reforma tributária (PECs 45/19 e 110/19), a Câmara analisa propostas de tributação de grandes empresas de tecnologia. Uma delas (PLP 218/20) cria a Contribuição Social sobre Serviços Digitais (CSSD), com alíquota de 3% sobre a receita bruta e destinação dos recursos arrecadados para programas federais de renda básica. Outra proposta (PL 2358/20) institui a chamada CIDE-Digital, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, com alíquotas progressivas e destino da arrecadação para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

O deputado João Maia (PL-RN), autor da ideia da Cide-Digital, afirma que o alvo são as gigantes estrangeiras do setor digital, com receita global superior a R$ 3 bilhões e receita bruta no Brasil superior a R$ 100 milhões.

“A CIDE-digital não onera os consumidores e equilibra a competição de mercados com outros setores – tais como os de radiodifusão, som e imagem, telecomunicações e tecnologia da informação – que são competidores submetidos a uma pesada carga tributária pela legislação brasileira e geram muito mais empregos e impostos no Brasil do que as empresas globais de internet”, disse.

O deputado lembra que vários países europeus também buscam corrigir a atual subtributação das grandes empresas digitais, que provoca perdas fiscais de US$ 100 bilhões por ano, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Críticas à proposta
No entanto, alguns tributaristas e advogados questionam essas propostas. Em recente matéria no jornal Valor Econômico, um escritório de advocacia apontou bitributação e inconstitucionalidade na proposta de Contribuição Social sobre Serviços Digitais, sobretudo por incidir sobre fato gerador já tributado por 
PIS/COFINS.

A advogada tributária Gisele Bossa, conselheira do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), aponta riscos de a tributação digital prejudicar o Brasil nas transações comerciais internacionais.

“Acho que uma tributação digital à brasileira realmente vai ter o condão de comprometer investimentos estrangeiros e a real inserção do Brasil na cadeia global de valor. A gente já é um país eminentemente importador de tecnologia”, disse.

Gisele Bossa lembrou que a polêmica tributação digital feita por países europeus, como França e Espanha, já levou a ameaças de retaliação dos Estados Unidos, discutidas no âmbito da Organização Mundial do Comércio.

“Diferente do contexto europeu, onde essas propostas de tributação foram criadas, essas empresas de tecnologia não estão lá sediadas. Já no Brasil, essas gigantes – por fatores de ordem regulatória ou econômica – já estão aqui sediadas. E, como se isso não bastasse, quando a gente olha as remessas realizadas por pessoas jurídicas, os valores já estão sujeitos a uma alta carga tributária: retenção na fonte de 15%, além de ISS ou ICMS, a depender da operação”, explicou Gisele.

Receitas não declaradas
Mas o deputado João Maia, autor da proposta de CIDE-Digital, rebate as críticas.

“Não cabe nenhum questionamento quanto à constitucionalidade e à legalidade. Trata-se de uma proposta de tributo para compensar as ações de planejamento tributário que deslocam receitas e lucros das operações realizadas no Brasil para outros países com menor tributação. Portanto, não há sentido em se falar em dupla tributação, pois essas receitas e lucros não são declarados no Brasil”, observou.

O vice-presidente da Comissão Especial da Reforma Tributária, deputado Sidney Leite (PSD-AM), admite a necessidade de maior debate antes da votação do tema pela Câmara.

“Eu sou favorável que a gente tenha primeiro uma legislação sobre a questão da internet. Também sou favorável que se tribute tanto a comercialização de produtos quanto a prestação de serviços. Afinal, isso é algo que veio para ficar e a pandemia acelerou a utilização dessa ferramenta. Porém, entendo que não dá para a gente votar de forma açodada”, disse.

Nos debates da reforma tributária, a tendência é de substituição de vários tributos pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), com incidência, inclusive, sobre os serviços digitais. Mas há emendas de parlamentares que também sugerem tributação digital específica.

 

Artigo: E se ensinássemos bondade nas escolas?

 


Ao convivermos com pessoas que praticam bondade, poderemos nós mesmos nos tornarmos mais bondosos

Daniela Degani

E o que isso tem a ver com a escola, já que não é um conhecimento formal? Como a escola é um importante espaço de convívio tanto para crianças quanto para adolescentes - além de ser um ambiente privilegiado para aprender e ensinar -, nada melhor do que incluir as qualidades do coração no cotidiano escolar para estimular características como bondade, empatia e compaixão, por exemplo. É possível ensinar bondade na escola porque esta é uma habilidade treinável (bem como empatia, gratidão e compaixão, por exemplo). Além de tornar o ambiente escolar mais harmonioso e propício ao aprendizado, habilidades do coração podem contribuir para diminuir práticas danosas, como bullying, preconceito e indisciplina, problemas tão comuns no ambiente escolar.

Bondade, empatia, compaixão

Se por um lado todas essas três características são ligadas entre si, elas não significam a mesma coisa. E é importante conhecer cada uma delas. Segundo o dicionário, bondade é a qualidade de quem tem boa índole, é generoso(a) e é naturalmente inclinado a fazer o bem.

Já empatia é a capacidade de entender e sentir o que a outra pessoa está passando, de colocar-se no lugar do outro, olhar o outro pelas lentes que esse outro está usando - e não pelas nossas. Acontece que colocar-se no lugar do outro é difícil, simplesmente porque, para isso, precisamos, ainda que seja por alguns instantes, deixar o nosso lugar e caminhar até o outro, sem julgamentos. Afinal, ter empatia não significa concordar nem aceitar algo. É unicamente perceber as razões pelas quais algo acontece ou alguém age de determinada forma e não de outra; é colocar-se no lugar de vulnerabilidade em que todo ser humano fica, às vezes.

Quando exercitamos a empatia, nosso mundo se alarga, porque entramos em contato com a realidade do outro, nos identificamos com aspectos de sofrimento ou dificuldades do outro que também são nossos. Ao mesmo tempo, quando nós passamos por uma situação difícil, conseguimos sentir que fazemos parte de um grupo de pessoas que também estão passando por situações semelhantes. E isso nos conforta, porque nos faz entender que não estamos sozinhos. Ao sermos empáticos, enxergamos além de nós e, ao mesmo tempo, pertencemos a algo que é maior que nós.

É esse "fazer parte" que nos torna mais humanos, assim como a falta de empatia acarreta a separação entre eu e o outro. E, ao apartar o outro de mim, eu o "coisifico", tiro seu valor, diminuo a relevância de seus sentimentos e de humanidade. Aí nascem os preconceitos e os comportamentos agressivos, pois eu não me identifico mais com o outro.

A empatia é um primeiro passo, e podemos ir além. A compaixão é um passo além da identificação com o outro. É o desejo de aliviar o sofrimento do outro. Essa ação à qual a compaixão chama nos tira do lugar de impotência. Apesar de não ser diretamente ligada a um resultado efetivo (a compaixão não significa que necessariamente teremos êxito ao tirar o sofrimento do outro), ela empodera porque nos inspira a fazer algo a respeito do sofrimento do outro. Mesmo que esse "algo" seja aparentemente pequeno, como enviar pensamentos bons para outra pessoa que está em uma situação adversa.

Se a bondade é a inclinação para fazer o bem, a empatia é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, enquanto que a compaixão é, para além da inclinação bondosa, a capacidade de agir e, de fato, mudar algo no mundo em que vivemos. Compaixão é a bravura de desejar realizar pequenas atitudes que fazem a diferença. Já imaginou aprender tudo isso na escola?

A MindKids apoia professores e alunos na adoção de práticas de mindfulness que ajudam a cultivar atenção, equilíbrio emocional e compaixão no ambiente educacional.

Daniela Degani é especialista em meditação mindfulness, certificada pelo Mindfulness Training Institute da Inglaterra.

Economia: Estudo expõe diferença de salários entre negros e brancos em ONGs

 

Em 2019, negros ganharam em média 27% menos que os brancos

Agência Brasil 

Arquivo

Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de ONGs (Organizações Não Governamentais -Abong) mostra discrepâncias entre a remuneração e cargos ocupados por negros e brancos nas organizações da sociedade civil. Segundo o levantamento, em 2019 as pessoas negras ganharam em média 27% menos que as brancas nas ONGs.

Os dados são baseados em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia, no período de 2015 a 2019, apurados nas 27 capitais brasileiras.

A faixa de remuneração média nas ONGs é a de meio a três salários mínimos. De acordo com o estudo, enquanto os homens brancos têm a maior participação na faixa dos salários mais altos (mais de 20 salários mínimos), os negros são a maioria nas faixas que representam os menores salários. 

Entre as pessoas que receberam, em 2019, mais de 20 salários mínimos nas ONGs, 44,42% eram homens brancos; 31,45% mulheres brancas; 12,97% homens negros; e 10,01% mulheres negras. 

Já na faixa de remuneração de até meio salário mínimo, a maioria é de homens negros (38,19%), seguidos de mulheres negras (37,11%), mulheres brancas (12,81%) e homens brancos (11,11%).

Os dados levantados apontam ainda que a maior participação de pessoas negras (41,62%) está na ocupação de auxiliar de manutenção predial. E a maior presença de pessoas brancas (64,81%) situa-se na ocupação de pesquisador ou pesquisadora. 

Percentuais

Na função de diretor, em 2019, 59,25% das pessoas eram brancas, e 25,07%, negras. Nas gerências, 59,27% eram brancas, e 27,60%, negras.

“A gente quer chamar todos os outros setores de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e sindicatos a se juntarem conosco para debater esse problema e encontrar soluções. A nossa pauta, efetivamente, é reconhecer que os nossos setores, que atuam primariamente, principalmente, na promoção da igualdade e da inclusão, eles não são impermeáveis ao racismo estrutural da sociedade brasileira. É muito importante a gente reconhecer isso”, destacou Athayde Motta, da diretoria executiva da Abong.

“É importante reconhecer [o racismo estrutural nas ONGs] e descobrir maneiras de enfrentar isso. Não é fácil, não basta ter pessoas de boa vontade. A gente está falando de algo que é uma disputa de poder instalada na sociedade brasileira desde sempre e que não vai sumir rapidamente”, finalizou.

Economia: Sondagem da FGV indica queda da confiança de empresário e consumidor

 

Pesquisa estima resultados para o mês de dezembro

Agência Brasil 

EBC

A confiança empresarial e dos consumidores, em dezembro, recuou pelo terceiro mês consecutivo. É o que aponta a prévia extraordinária das sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), com base em dados coletados até o dia 11 deste mês.

Conforme o estudo, na comparação com o resultado final de novembro, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) cairia 1,7 ponto e passaria, para 93,9 pontos. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) teria queda de 4,1 pontos, e alcançaria 77,6 pontos. Segundo a FGV, esse número é o menor valor desde junho de 2020.

Para a coordenadora das sondagens da FGV/Ibre, Viviane Seda Bittencourt, os resultados prévios das sondagens de dezembro, que sinalizam a continuidade da tendência de queda da confiança de empresas e consumidores, tem relação, entre outros fatores, com a segunda onda da covid-19 e o fim dos benefícios emergenciais. “A mudança de humor é influenciada pela piora de expectativas diante do maior risco de uma segunda onda de contaminação, o iminente fim dos benefícios emergenciais e as dificuldades do mercado de trabalho”, disse.

Viviane Seda Bittencourt destacou, ainda, o receio com o aumento da inflação. “Entre consumidores de renda mais baixa, há ainda preocupação com a aceleração da inflação. As notícias promissoras no campo da imunização são ainda insuficientes para garantir uma data certa para o fim da crise, o que faz com que empresários e consumidores se mantenham receosos em relação ao que os espera no início de 2021”, completou.

Momento atual

O estudo indicou também piora da percepção, tanto para empresas quanto para consumidores, sobre o momento atual e, principalmente, das perspectivas em relação aos próximos meses. Enquanto o Índice de Situação Atual dos Empresários (ISA-E) cairia 0,9 ponto, chegando a 97,1 pontos, após sete meses consecutivos de alta; o Índice de Expectativas Empresarial (IE-E) recuaria pelo terceiro mês consecutivo, dessa vez em 2,1 pontos, atingindo 92,5 pontos.

O índice que mede a percepção atual (ISA-C) dos consumidores, teria queda de 2,5 pontos, alcançando 69,3 pontos e, o índice que capta as perspectivas para os próximos meses (IE-C) recuaria 5,1 pontos, para 84,2 pontos. Segundo a FGV/Ibre, neste caso, seria o terceiro mês consecutivo de piora tanto das perspectivas correntes quanto em relação aos próximos meses.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) consolida os índices de confiança dos quatro setores cobertos pelas Sondagens Empresariais produzidas pela FGV/Ibre: Indústria, Serviços, Comércio e Construção. Na Indústria de Transformação, a confiança continuaria sendo destaque positivo entre os demais setores. A perspectiva de alta de 1,9 ponto seria a oitava consecutiva. Com isso, o índice iria a 115 pontos, o que segundo o Ibre é o maior valor desde maio de 2010, quando registrou 116,1 pontos.

 Já a confiança do Comércio recuaria 2,9 pontos, chegando a 90,6 pontos e do setor de Serviços em 1,3 ponto, para 84,1 pontos. Nos dois casos a queda seria pelo terceiro mês seguido. De acordo com a pesquisa, ambos os setores recuperariam 76,2% das perdas de março a abril. Já na confiança da Construção, o recuo seria de 1,7 ponto, passando para 91,6 pontos. Se confirmada é a segunda vez consecutiva de queda.