* Dra. Lilian Fiorelli
A cada década de vida, dobra a chance de a mulher apresentar o prolapso genital, 11% delas deverão precisar de cirurgia até os 70 anos
Popularmente conhecido como “bexiga caída” ou “útero caído”, o prolapso genital é caracterizado pela queda de um ou mais órgãos pélvicos pela vagina como útero, bexiga, reto, intestino delgado ou uretra e também pode estar associado a rotura perineal - conhecida como “vagina larga”. Isto pode ocorrer por enfraquecimento ou lesão dos músculos pélvicos, fáscias - estrutura que reveste a vagina -, ligamentos ou até fratura dos ossos da bacia.
“Além de provocar desconforto na região genital e em baixo ventre, o prolapso genital pode proporcionar dificuldade para evacuar, para urinar, impressão de saliência na vagina e pode estar associado à perda de urina e de fezes. Em casos mais avançados, há uma sensação de grande bola saindo pela vagina. Essa bola, na verdade, é a parede da vagina caindo”, explica Lilian Fiorelli, ginecologista da Alira Medicina Clínica. Por causa destes sintomas muitas mulheres sentem vergonha de conversar com familiares e amigos sobre o que está acontecendo com elas ou mesmo procurarem um médico para fazer o tratamento adequado.
A queda da parede da vagina, entretanto, é mais comum do que se pensa. Até os 44 anos de idade, em média, 7% das mulheres já tiveram prolapso genital, após a menopausa este número pode chegar a 30%, o ápice de incidência da doença ocorre entre 60 e 69 anos. Estudos recentes apontam que, a cada década de vida, dobra a chance de a mulher apresentar o prolapso genital, sendo que 11% delas deverão precisar de tratamento cirúrgico até os 70 anos. Com o aumento da expectativa de vida, aparecem cada vez mais casos de prolapso genital.
A doença ainda atinge duas em cada 10 mulheres, causando problemas na vida sexual e piora considerável da qualidade de vida, como por exemplo dificuldade e dor genital ao sentar e desconforto genital ao andar. “Muitas mulheres se excluem de qualquer tipo de contatos e eventos sociais, o que, por vezes, leva muitas delas à depressão”, afirma a ginecologista. “Além disso, por causa dos sintomas, pode haver diminuição do desejo sexual já que a mulher fica com medo e se sente desconfortável em manter a intimidade com o parceiro, principalmente se houver incontinência urinaria ou fecal associada”, diz.
A causa para o surgimento da doença é multifatorial, ou seja, diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento como idade, histórico familiar, obesidade, paridade, tipos de partos e macrossomia fetal (excesso de peso do recém-nascido), ou outras doenças que aumentem a pressão abdominal, como tosse crônica e tumores abdominopélvicos.
O tratamento varia de acordo com a intensidade de cada caso. “Nos prolapsos mais leves são indicados exercícios para a região pélvica; nos avançados, cirurgia. O importante é saber que a bexiga ou útero caído é muito comum e, o principal, que tem cura”, finaliza Lilian. No caso da mulher ter algum sintoma ou incômodo a indicação é sempre procurar um especialista.
* Dra. Lilian Fiorelli é ginecologista e obstetra da Alira Medicina Clínica. Tem especializações em uroginecologia e sexualidade humana pela Universidade de São Paulo. Também é membro do Grupo Médico Assistencial do Assoalho Pélvico do Hospital Israelita Albert Einstein e do International Urogynecological Association.