Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Funcionários da Unimed Paulistana se reuniram hoje (29) em frente ao escritório da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na capital paulista, para protestar contra a falta de informações sobre o pagamento de salários e outros direitos, depois do fechamento da carteira de planos de saúde.
O grupo saiu em passeata pela Avenida Angélica e interrompeu o trânsito na Rua Bela Cintra, na região central da capital. Uma comissão de funcionários e representantes do Sindicato dos Empregados de Cooperativas Médicas no Estado de São Paulo (Secmesp) foi recebida no início da tarde pela agência reguladora.
Os trabalhadores temem que, com a alienação da carteira da operadora, determinada pela ANS, a Unimed Paulistana não consiga honrar os compromissos com os empregados. Por isso, o advogado do sindicato, Marco Antonio Mundt Peres, disse que vai entrar com uma liminar, pedindo o bloqueio do dinheiro e dos bens que compõem a chamada reserva técnica da operadora. “Estamos tentando obter uma liminar do Judiciário, expondo essa situação. O salário [dos funcionários] está em dia, só que amanhã não se tem uma certeza”, disse.
Segundo o Marco Antonio, os empregados receberam, até o momento, um adiantamento de 40% dos vencimentos do mês. O restante deve ser depositado amanhã (30). Mas os funcionários ainda têm dúvidas sobre o pagamento das verbas rescisórias e dos demais compromissos, no caso de demissão em massa.
O prazo para que todos os 740 mil beneficiários da operadora sejam transferidos para outra empresa se esgota na próxima sexta-feira (2). Os problemas financeiros da operadora são acompanhados pela agência reguladora desde 2009. Naquele ano, a agência instaurou um regime de direção fiscal e afastou a diretoria da cooperativa médica.
Ao todo, a operadora passou por quatro regimes de direção fiscal e dois regimes de direção técnica, com acompanhamento dos procedimentos assistenciais e administrativos.
Apesar das ações, no balanço de 2014, a Unimed Paulistana apresentou prejuízo de R$ 275 milhões e patrimônio líquido negativo de 169 milhões. Em abril deste ano, a nova diretoria contratou duas consultorias, e apresentou um plano de recuperação.
A operadora diz que, no entanto, a Agência Nacional de Saúde determinou a alienação da carteira de beneficiários antes que as propostas pudessem ser postas em prática.
Reclamações
Com o anúncio da alienação da carteira da operadora, os beneficiários da Unimed Paulistana passaram a ter dificuldades em conseguir atendimento médico. No período de 4 a 25 de setembro, o Procon de São Paulo receberu 1,67 mil reclamações sobre dificuldades com consultas e procedimentos relacionados à operadora.
“A rede credenciada ter adotado atitude abusiva e unilateral, suspendendo os atendimentos aos usuários da cooperativa”, destaca o comunicado da operadora. O grande número de reclamações fez com o que o Procon de São Paulo firmasse um termo com a operadora para que ampliação dos canais de comunicação com os beneficiários.
Caso nenhuma outra empresa se interesse pela carteira da operadora, a agência reguladora informou que poderá fazer uma oferta pública ou decretar a portabilidade dos planos.
De acordo com a ANS, a portabilidade “permite ao usuário de uma operadora ,que está sendo retirada do mercado, trocar de plano de saúde sem cumprir novos períodos de carência. Mas o novo contrato pode apresentar condições de preço e rede distintas dos que os beneficiários tinham na Unimed Paulistana”.