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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Artigo: Deficiência auditiva em crianças: a importância do diagnóstico precoce


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Radiografia da Notícia

* Médico do Hospital Paulista explica os principais aspectos a serem observados por pais e responsáveis

A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para garantir um desenvolvimento saudável

Em crianças “mais velhas”, a perda auditiva pode se manifestar como atraso

Redação/Hourpress

A deficiência auditiva em crianças é uma condição que, muitas vezes, passa despercebida, especialmente nos primeiros meses de vida. No entanto, seu impacto pode ser significativo no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, afetando diretamente a aprendizagem e a interação social da criança. A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para garantir um desenvolvimento saudável.

De acordo com o médico otorrinolaringologista e foniatra Gilberto Bolivar Ferlin, do Hospital Paulista, o diagnóstico precoce desempenha um papel crucial na prevenção de danos ao desenvolvimento linguístico e cognitivo das crianças.

"Os sinais de perda auditiva podem variar bastante dependendo da idade. Nos recém-nascidos, muitas vezes, a perda de audição passa despercebida, o que reforça a importância do Teste da Orelhinha, que é uma triagem obrigatória feita nas maternidades brasileiras. Quando identificada qualquer suspeita em relação ao desenvolvimento da comunicação, o diagnostico audiológico completo deve ser realizado", explicou o especialista.

Sinais iniciais

Dr. Ferlin alerta que, nos primeiros meses de vida, a criança deve ser capaz de localizar sons e começar o balbucio, imitando as vozes que escuta. "Bebês que demonstram dificuldade em localizar sons ou que atrasam o início do balbucio devem ser investigados quanto à presença de deficiência auditiva. Além disso, se a criança não se assustar com barulhos intensos ou estouros, isso deve ser interpretado como um indicativo evidente", apontou o médico.

Em crianças “mais velhas”, a perda auditiva pode se manifestar como atraso no surgimento da fala e dificuldades na aquisição da linguagem. A partir da fase em que a criança já possui fala, o especialista alerta para a presença de trocas fonológicas que podem indicar comprometimento auditivo.

"Crianças com perda auditiva mais intensa, podem não responder quando chamadas, o que pode ser confundido com distração, mas é um sinal claro que precisa ser investigado", afirma.

Impacto na linguagem

A deficiência auditiva pode comprometer o desenvolvimento da linguagem, uma vez que a fala e a audição estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento cognitivo. "Precisamos de uma língua para pensar e representar o ambiente. É através da fala que nos comunicamos com os outros, expressamos nossos sentimentos, imaginamos e contamos histórias", explica o Dr. Ferlin.

Para minimizar os prejuízos, é fundamental que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível. A reabilitação auditiva pode envolver desde tratamentos clínicos ou cirúrgicos realizados por um otorrinolaringologista até o uso de aparelhos auditivos, próteses implantáveis ou implantes cocleares. Além disso, a terapia fonoaudiológica desempenha um papel importante na reabilitação da linguagem, ajustando-se conforme o tipo e o grau da deficiência auditiva.

Dificuldade no diagnóstico

A deficiência auditiva e os transtornos de linguagem frequentemente apresentam sintomas semelhantes, e podem estar associados, potencializado os prejuízos e dificultando o diagnóstico. Ambos os quadros podem atrapalhar a comunicação, seja pela compreensão ou pela expressão.

Dr. Ferlin destaca que, enquanto a deficiência auditiva prejudica a compreensão, o transtorno de linguagem, além da compreensão, pode estar relacionado a dificuldades na expressão.

"É fundamental realizar o diagnóstico diferencial para determinar se a criança tem deficiência auditiva ou transtorno de linguagem isolados ou se o caso se trata de prejuízos associados. A avaliação foniátrica e otorrinolaringológica é crucial para garantir que a criança receba o tratamento adequado, seja ele médico, terapêutico, com o uso de próteses auditivas, ou o que for necessário para garantir a reabilitação já a partir do diagnostico funcional”, afirma o especialista.

Dr. Ferlin lembra que os prejuízos auditivos e de linguagem comprometem o desenvolvimento infantil e impactam na aquisição de habilidades acadêmicas em crianças mais velhas, levando, muitas vezes, à falência no processo de aprendizagem, se não tratados.

Para ambos os casos, segundo o médico, o tratamento eficaz envolve abordagem multidisciplinar, com o auxílio de fonoaudiólogos, médicos otorrinolaringologistas e, dependendo do caso, outras especialidades, como psicopedagogos e neurologistas.

O que é preciso observar

Para ajudar pais e responsáveis a identificarem os sinais de deficiência auditiva, Dr. Ferlin oferece algumas orientações importantes:

Bebês e Crianças Pequenas. Observe se a criança reage a sons ao seu redor, como o som da campainha ou música. Durante a amamentação, por exemplo, a mãe ou o cuidador estão em posição privilegiada para notar as reações do bebê à fala e aos sons sutis do ambiente. Aos poucos, ela deve começar a balbuciar e imitar sons.

Respostas a Sons. Se a criança não se assustar com sons altos ou não responder quando chamada pelo nome por volta do primeiro aniversário, é fundamental investigar a possibilidade de deficiência auditiva.

Atraso na Fala. Atrasos no início da fala e dificuldades em formar palavras podem indicar problemas também auditivos.

Comportamento Distrato. Crianças mais velhas com perda auditiva, mesmo que leve, podem parecer distraídas ou desinteressadas, como se não estivessem ouvindo.

Triagem Auditiva. Mesmo que a criança tenha passado no teste da orelhinha, é importante monitorar o desenvolvimento auditivo e de linguagem e se houver suspeita de perda auditiva progressiva, realizar novos exames.

Em caso de qualquer sinal de suspeita, é fundamental buscar um diagnóstico adequado o quanto antes. O diagnóstico precoce e a intervenção terapêutica apropriada podem garantir o desenvolvimento da linguagem e da inteligência da criança, minimizando os impactos da deficiência auditiva.


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