Postagem em destaque

Crônica: Igual peixe, algumas pessoas morrem pela boca

Divulgação Ficava vidrado ao cortar o torresmo e ver a gordura escorrer no prato Astrogildo Magno Juca adorava comida gordurosa. Fã de...

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Geral: Riscos, benefícios e argumentos para vacinação contra o sarampo: uma síntese de evidências






  

Nesse contexto, o sarampo é uma doença grave, causada por um vírus RNA (paramyxovirus)


Redação/Hourpress


A vacinação infantil é uma forma eficaz de prevenir doenças graves, mas muitos não recebem todas as vacinas recomendadas, sendo muitas as razões para isso: a acessibilidade aos serviços de saúde, a desinformação quanto à importância da vacinação, a não confiança na vacina ou nos profissionais de saúde e mesmo a resistência de grupos que são contrários às políticas de vacinação.1 
Nesse contexto, o sarampo é uma doença grave, causada por um vírus RNA (paramyxovirus) e facilmente transmitido a outras pessoas pelo contato com secreções. Pode levar a condição potencialmente fatal, incapacidade e morte.2  
O sarampo é uma doença altamente contagiosa. Antes da introdução da vacina contra a doença, em 1963, e da vacinação das populações em massa, eram registradas importantes epidemias da doença, que chegaram a causar aproximadamente 2,6 milhões de mortes ao ano.3    

Estima-se que de 2000 a 2017, a vacinação contra o sarampo evitou aproximadamente 21,1 milhões de mortes no mundo. O número de óbitos pela doença caiu 80% no período – passando de 545 mil no ano 2000 para 110 mil em 2017.4   

A doença frequentemente inicia-se com febre alta, que se inicia cerca de 10 dias após a exposição ao vírus. A sintomatologia dura entre 4 e 7 dias, sendo que na fase inicial geralmente há secreção nasal, tosse, olhos vermelhos e úmidos. Nessa fase podem surgir também pequenas manchas brancas no interior das bochechas e, alguns dias depois, surgem manchas pelo corpo, mais concentradas no rosto e parte superior do pescoço. Essas manchas, chamadas exantema, costuma perdurar por cinco e seis dias, desaparecendo sequencialmente.5 

A vacina contra o sarampo é indicada aos 12 meses e aos 15 meses de vida, combinada com caxumba e rubéola (MMR).4  
Atualmente, o sarampo é responsável por cerca de 44% das 1,7 milhões de mortes evitáveis por vacinas entre crianças anualmente.4 

O maior problema inerente ao sarampo atrela-se às complicações, sendo as mais frequentes a otite média aguda, a pneumonia bacteriana, a laringite e a laringotraqueíte. Há também o risco, embora com maior raridade, de manifestações neurológicas, doenças cardíacas, como a miocardite e a pericardite. A panencefalite esclerosante subaguda é bastante rara e acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença.5 

A Prefeitura de São Paulo, objetivando otimizar a cobertura vacinal e reduzir os riscos de acometimento por sarampo, lançou a “Campanha de Vacinação contra o Sarampo 2019”. A vacina é disponibilizada em todas as Unidades Básicas de Saúde do município e o alvo é vacinar todas as crianças entre 6 meses e 11 meses e 29 dias, todas as pessoas entre 15 e 29 anos, independente do número de doses que tomou anteriormente, além dos profissionais de saúde.5 

A vacina objeto da campanha não é válida para a rotina e crianças devem receber uma nova dose aos 12 meses de idade, respeitando-se o intervalo mínimo de 30 dias entre elas.5 
Objetivos 
Os objetivos dessa revisão foram identificar os riscos, benefícios e argumentos para vacinação contra o sarampo. 
Método 

A busca foi realizada nas bases de dados Cochrane Library – https://www.cochranelibrary.com/, Medline via PubMed – www.pubmed.gov e Portal da Biblioteca Virtual em Saúde – BVS (LILACS – Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde) e IBECS – Índice Bibliográfico da Espanha em Ciências da Informação. Não houve limitação de data ou restrição geográfica para a pesquisa. A data da última pesquisa foi 05/08/2019. 
O vocabulário oficial identificado foi extraído do DECS – Descritor em Ciências da Saúde – http://decs.bvs.br/ e no MeSH – Medical Subject Headings – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh e os termos correspondentes para o EMTREE. Foram utilizados os descritores e termos: "Measles"[Mesh] OR "Measles Vaccine"[Mesh], ("Measles/complications"[Mesh] OR "Measles/epidemiology"[Mesh] OR "Measles/mortality"[Mesh] OR "Measles/prevention and control"[Mesh] OR "Measles/statistics and numerical data"[Mesh] OR "Measles/transmission"[Mesh]). 
A metodologia adotada para o desenvolvimento da estratégia de busca seguiu o Handbook da Cochrane, bem como a padronização para estratégias de alta sensibilidade.6  

Foram selecionados os estudos com o maior nível de evidência, sendo priorizado: revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados (ECR), ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais controlados e não controlados e séries de casos e guidelines. 
O método de síntese envolveu a combinação de estudos semelhantes em uma revisão narrativa. Os resultados de estudos individuais foram exibidos em tabela.  

  A b
usca da literatura recuperou um total de 1311 referências, sendo 618 no PUBMED, 559 referências na Cochrane e 134 no Portal BVS . Depois de eliminadas as duplicidades e as referências não relacionadas ao escopo dessa análise, foram selecionadas as evidências de melhor qualidade, priorizando-se a pirâmide de nível de evidências.  
A tabela 1 apresenta os estudos incluídos nessa revisão. 

Tabela 1:  Estudos incluídos na revisão 
AUTOR ANO DESENHO OBJETIVO/OCORRÊNCIA/INTERVENÇÃO CAUSAS/EVENTOS/CONCLUSÃO 

Gorski, D.7 2017 Série de casos Surto de sarampo em população somali em Minnesota  - Movimento antivacina 
- Redução da cobertura vacina de 92% para 42% em mais de uma década 
- Surto de sarampo em 2011  
- 50 casos, muitos hospitalizados, custo elevado 
- Motivo da não vacinação: associação não comprovada da vacina com autismo 
Au, M.8 2019 Série de casos Surto de sarampo em Portland, Nova Iorque e Nova Jersey Não vacinação em comunidades judaicas ultra-ortodoxas 
244 casos em crianças não vacinadas 
Santos, EMD.9 2019 ECR Objetivo: avaliar a consistência clínica, 
imunogenicidade e reatogenicidade de três lotes de vacina MMR aplicadas em UBS no Brasil - 97,6% de soroconversão da vacina contra o sarampo 
- elevada conversão sorológica 
- efeitos adversos raros, em geral sistêmicos 
Saeterdal, I.10 2014 Revisão Sistemática Objetivo: Avaliar os efeitos de intervenções na comunidade para informar/educar as pessoas quanto à vacinação em crianças de até 6 anos.

2 ECR incluídos - Evidência limitada de que as intervenções de comunicação aumentam a cobertura vacinal  Ames, HM.11 2017 Revisão Sistemática Objetivo: Avaliar os efeitos de intervenções na comunidade para informar/educar as pessoas quanto à vacinação em crianças . 
38 ECR incluídos - Necessidade de informação aos pais sobre as evidências relativas à vacinação. - Maior confiança dos pais nas informações dos profissionais de saúde (evidência moderada).
 
Schoeps, A.12 2018 ECR Objetivo: Investigar as complicações de uma dose inicial adicional de vacina contra o sarampo na hospitalização ou 
mortalidade.  

Intervenção: dose adicional da vacina 4 semanas após 3aځ dose (n= 2258) 
Controle: vacina no período recomendado (3 doses) – n=2238. - Nenhum efeito adverso da vacina 
- Não houve aumento da mortalidade ou hospitalização entre os grupos (RR = 0,83, IC 95% 0,55-1,29).  

Martins, CL13 2008 ECR Objetivo: Avaliar a eficácia protetora da vacinação contra o sarampo em bebês em um país de baixa renda antes dos 9 meses de idade. 
Grupo tratado – n=441/ grupo controle – n=892. 
Intervenção:  Vacinação contra o sarampo aos 4,5 meses de idade (tratado), ou aos 9 meses (controle). Eficácia da vacina contra a infecção do sarampo, internação hospitalar por sarampo e mortalidade por sarampo antes da vacinação padrão aos 9 meses de idade. - A eficácia da proteção da vacina contra sarampo para crianças foi confirmada  
- Houve redução de internações hospitalares foi de 100 % (IC 95%: -42% a 100%). 
- o grupo de tratamento tendeu a ter menor mortalidade global (taxa de mortalidade 0,18, 0,02 a 1,36), embora isso não tenha sido significativo.  

- Conclusão: surtos de sarampo podem ser reduzidos pela vacinação contra o sarampo 
As áreas mundiais com maior cobertura vacinal contra o sarampo apresentam menor ocorrência de surtos de sarampo, mas não estão isentas da doença, sobretudo devido ao fluxo migratório de pessoas a partir de áreas com baixa cobertura vacinal.   

As áreas com menor cobertura vacinal justificam-se a partir de resistências à adesão relativa a grupos contrários à vacinação. Destaca-se também que a falta de informação da população pode ser relevante na baixa adesão, sendo que os profissionais de saúde correspondem aqueles cujas mães mais confiam quanto à fonte de informação. 
Não há evidências de eventos adversos significativos à vacina do sarampo, combinada com caxumba e rubéola e doses adicionais de reforço são bem toleradas e mostram aumento da taxa de anticorpos.  

Há evidência de eficácia da vacina contra o sarampo em prevenir a doença. 
A não vacinação pode estar relacionada ao aumento de internações hospitalares, com evidentes prejuízos à sociedade. 
Conclusão  
No que tange a vacinação contra o sarampo, há evidência de proteção da vacina contra a doença. Os riscos à vacinação são baixos, os benefícios relativos à redução no número de casos de doença são evidentes. Há possível redução da mortalidade com a vacinação e clara redução de custos de internações hospitalares para a sociedade.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário