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Crônica: Surpresas desagradáveis pregadas pelo tempo

Pixabay   Os seus quatro filhos se encontravam bem encaminhados Astrogildo Magno O   tempo não preocupava Justino. Não dava bola para ...

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Geral: Tristeza de fim de ano existe mesmo?

    Divulgação


Radiografia da Notícia

Em contrapartida, também existem pessoas que passam por experiências bem diferentes nesse período

A chegada dessas datas carrega diferentes simbolismos e tradições tanto para crianças como para adultos

Isso ocorre porque, ao longo dos anos, muitos precisam lidar com a ausência de entes queridos

Redação/Hourpress

A época de Natal e Ano Novo, na maioria das vezes, está associada a sentimentos de alegria, entusiasmo e confraternização no imaginário coletivo. A chegada dessas datas carrega diferentes simbolismos e tradições tanto para crianças como para adultos. Há até quem acredite que literalmente exista o "espírito natalino", que torna as pessoas mais generosas, solidárias e gratas no final do ano.

Em contrapartida, também existem pessoas que passam por experiências bem diferentes nesse período, como tristeza, ansiedade, medo e frustração. Tudo isso pode ser resultado de diversas razões, sendo uma delas a perda.

"Normalmente, essas datas estão atreladas a memórias em que, para muitos, remetiam a uma época em que tudo parecia perfeito, mágico, especial ou interminável. Assim, ao longo do tempo, especialmente na vida adulta, essas recordações provocam uma sensação antagônica: alegria pelas experiências vividas, mas também tristeza por não existirem mais", afirmou o Dr. Rodrigo Lancelote Alberto, especialista em psiquiatria e diretor técnico do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) de Franco da Rocha e do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciados pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

Isso ocorre porque, ao longo dos anos, muitos precisam lidar com a ausência de entes queridos, seja por distanciamento decorrente de algum assunto mal resolvido ou pelo óbito. E, justamente nessas celebrações, tudo passa a ficar mais evidente a partir da falta. Esses mesmos sentimentos podem ocorrer em outras datas consideradas especiais, como aniversários, por exemplo.

“Não é incomum que as pessoas tenham um sentimento de solidão forte nessas datas e, por vezes, se isolem em uma época marcada tradicionalmente pelo entusiasmo e euforia”, explica o médico.

Há também quem vivencie frustrações decorrentes de altas expectativas para o momento, que é um dos mais esperados do ano. Seja pelos ambientes, pelos presentes ou pelas pessoas, muitas vezes as festas podem tomar um rumo totalmente diferente do esperado. Brigas, desentendimentos e atitudes egoístas podem ser algumas das razões para que o período siga um caminho distinto do idealizado.

Eventuais problemas financeiros ainda podem aguçar toda essa sensação de melancolia e ansiedade, já que é um período propício para o consumo de diferentes áreas. E o fato de o dinheiro ser um recurso limitado para muitas pessoas, infelizmente, pode gerar preocupações adicionais.

Então é Natal, e o que você fez?

O encerramento do ano marca o fim de um ciclo, propiciando reflexões sobre os objetivos alcançados e aqueles que não foram. Essa oportunidade, embora potencialmente poderosa para impulsionar o progresso no futuro, pode também se tornar algo angustiante para muitos, desencadeando crises de ansiedade decorrentes das comparações com familiares e amigos.

Os famosos votos estabelecidos no início do ano, como ir à academia com frequência, praticar exercícios físicos, fazer um novo curso, economizar dinheiro, arrumar um novo emprego, começar um relacionamento amoroso, aprender uma nova habilidade e viajar mais, são apenas alguns dos itens da tradicional lista de desejos.

"Essas aspirações refletem o desejo comum de crescimento pessoal, bem-estar e realização, e todos nós temos isso. No entanto, a realidade, muitas vezes, se revela desafiadora e, ao longo do ano, as demandas cotidianas podem interferir nessas resoluções. Logo, as metas, que deveriam ajudar na evolução, passam a pressionar muitas pessoas", ressaltou Dr. Rodrigo.

O psiquiatra destaca que tudo isso pode gerar um ciclo de expectativas elevadas e, por vezes, desilusões e autocrítica, que podem ficar ainda mais fortes com a chegada do final do ano.

De fato, há uma infinidade de razões que podem entristecer o coração das pessoas. Por isso, é essencial reconhecer a existência de uma diversidade de experiências entre cada indivíduo, para, assim, promover uma abordagem mais compassiva.

Segundo o especialista, o conselho para tornar as festividades mais leves é um só: "Essa época demanda tolerância e compreensão em relação às pessoas que nos rodeiam, uma vez que cada indivíduo pode estar presente fisicamente, mas vivenciando uma gama de emoções complexas. Essa, sem dúvida, é uma oportunidade de sermos gentis conosco e com o próximo. No geral, são momentos de reflexão e, de certa forma, podem ajudar no aprofundamento de si. Apesar de tudo, pode ser uma oportunidade de renovação e autoconhecimento", finalizou.

Túnel do Tempo: Roubo da Taça Jules Rimet

    Fifa


Redação/Hourpress

Para vergonha do futebol brasileiro, em 19 de dezembro de 1983 a Taça Jules Rimet, consquitada definitivamente na Copa do Mundo do México, em 1970, foi roubada da sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. Dois anos depois a escola de samba carioca Caprichosos de Pilares fez samba enredo em que ironiza este crime. Assista ao desfile: https://www.youtube.com/watch?v=oMULQT4oCWI

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Crônica: Quando o amor é presente com força total

 .   Pixabay


À noite a dose se repetia quando se preparavam para dormir

Astrogildo Magno

Carole e Nilo eram duas pessoas que se amavam muito. Não conseguiam ficar sem conversar durante o dia. A todo instante as mensagens chegavam no Whatsapp ou mesmo chamada de vídeo. A paixão entre eles era algo que causava até inveja no restante dos colegas e amigos. Ficar distante jamais ocorria. Visto que saiam juntos sempre.

Carole, negra de olhos verdes e corpo escultural, deixava Nilo maluco logo de manhã quando acordava. O café da manhã, todos os dias era colocar o seu amado dentro dela. Quando o cansaço dele não deixava, ela atacava de sexo oral. Sem fazer amor jamais ficava. Á noite a dose se repetia quando se preparavam para dormir.

Troca

Nilo, filho de alemães, tinha porte atlético e olhos azuis que faziam sucesso entre o público feminino. Quando o casal estava em algum local, logo despertava atenção por causa do contraste de cores: Carole negra e Nilo branco, de cabelos loiros. O entrosamento entre ambos estava na ordem do dia. Uma troca de olhar já servia de comunicação.

Nesta batida, os dois já tinham 20 anos de casamento. Ele arquiteto, Carole artista plástica. Nunca tomavam decisão sem conversar com o outro. Qualquer negócio só se tornava realidade com aval dos dois. O diálogo era a marca registrada. Numa manhã ensolarada, Nilo não conseguiu fazer amor com a sua amada. Ele tentou acordá-lo, mas logo descobriu que Nilo estava num sono que nunca mais despertaria....

Astrogildo Magno é cronista

Variedades: Carla Prata revela Erika Schneider como sua dupla

Lucas Rodrigues


 Radiografia da Notícia

* Após o anúncio desta grande parceria, filho de Fausto Silva confirma que irá participar de um dos episódios

A apresentadora falou um pouco sobre a doença autoimune que é portadora 

Carla Prata contou um pouquinho de como começou esse amor pelo Carnaval 

Redação/Hourpress

 Apresentadora Carla Prata participou do Programa do João Silva, exibido pela Band,  na noite de sábado, dia 02 de dezembro.

Comemorando o Dia Nacional do Samba, o filho de Fausto Silva convidou para um papo descontraído as apresentadoras Carla Prata e Erika Schneider, duas apaixonadas por carnaval, que já desfilaram tanto no Anhembi quanto na Sapucaí,  o cantor Dudu Nobre e o jogador de futebol Edilson. 

Para abrilhantar ainda mais estiveram presentes integrantes da Acadêmicos do Tucuruvi, escola onde Carla é Rainha de Bateria.

Carla Prata contou um pouquinho de como começou esse amor pelo Carnaval e como era a transmissão dos desfiles na televisão, quando assistia atentamente e acompanhava cada detalhe  juntamente com sua avó. A apresentadora falou um pouco sobre a doença autoimune que é portadora e aproveitou ainda para fazer um alerta para os telespectadores sobre a importância de ter um diagnóstico correto para um tratamento certeiro.

Muito à vontade, Carla e Erika mostraram um grande entrosamento e caíram no samba. As duas, que já foram bailarinas do Faustão, muito felizes, compartilharam também a  novidade que apresentarão juntas a segunda temporada do Pod Trash, que é um podcast exibido no Youtube sobre desafios dos relacionamentos atuais e histórias “trashs” vivenciadas pelos convidados. 

Já imaginou o João Silva em um episódio? Pois bem, durante o programa exibido em horário nobre e nacionalmente, o apresentador  já confirmou sua presença! Agora é só aguardar e ficarem  ligadinhos nas novidades que virão.

Variedades: DJ Gio Marx divulga o clipe da faixa "Tarde Pra Dizer Não"


 Radiografia da Notícia

O som faz parte do álbum “Baile”, que vem sendo construído single-a-single

*  As misturas e influencias, deve-se pelo próprio perfil do artista

Redação/Hourpress

O DJ Gio Marx convidou os conterrâneos sul-mato-grossenses Gf Gahiji e Dafront para a faixa “Tarde Pra Dizer Não”. Confira o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=92rM8fNuOhI

O som faz parte do álbum “Baile”, que vem sendo construído single-a-single. “Quero fazer músicas dançantes, sigo nessa linha atual com influência de trap, boombap, e música latina”, explica Gio sobre o projeto.

As misturas e influências, deve-se pelo próprio perfil do artista. Nascido em Campo Grande (MS), Gio Marx é produtor musical e DJ profissional desde 2008.

Seja tocando com algum artista, dando aula ou participando de campeonatos, Gio Marx é um DJ completo que já se apresentou em diversos lugares do Brasil e da América do Sul, incluindo Paraguai, Colômbia e Bolívia.

Gio Marx faz parte do time da A Braba Records, liderada pelo músico, produtor e empresário, Dachuva. Juntos, recentemente, lançaram um disco de vinil, tendo no lado A o single “Corpo Quente” (Dachuva) e no outro, “Baile”. 

Variedades: Forfun esgota ingressos no Rio de Janeiro em 30 minutos

Divulgação


 Radiografia da Notícia

A prova é que em  apenas 30 minutos os ingressos para o show da turnê NÓS no dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro, esgotaram!

No dia 9 de agosto, o Forfun faz show em São Paulo, no Allianz Parque, e restam poucas entradas disponíveis para essa apresentação

Agora, sobe para três o número de apresentações em 2024, ano em que a banda completa 23 anos

Redação/Hourpress

O anúncio do retorno de um dos grupos mais queridos e populares do Brasil, o Forfun, mexeu com a cabeça dos fãs. A prova é que em  apenas 30 minutos os ingressos para o show da turnê NÓS no dia 24 de janeiro, no Rio de Janeiro, esgotaram! E assim, a produtora 30e e os músicos do Forfun trazem uma novidade: data extra na Cidade Maravilhosa no dia 25 de agosto, também na Marina da Glória. No dia 9 de agosto, o Forfun faz show em São Paulo, no Allianz Parque, e restam poucas entradas disponíveis para essa apresentação.

Os ingressos para data extra da turnê NÓS no Rio de Janeiro estavam disponíveis a partir das 16h de ontem (6/12) na Eventim ou nas bilheterias oficiais (mais informações abaixo). As poucas unidades para a apresentação em São Paulo também estão disponíveis.

Com shows produzidos pela 30e, o Forfun retorna aos palcos depois de um hiato de nove anos. A turnê NÓS está fundamentada em quatro pilares principais: alegria, otimismo, união e reflexão, justamente o que os integrantes do Forfun pretendem levar para seu público. Agora, sobe para três o número de apresentações em 2024, ano em que a banda completa 23 anos de estrada.

“O Forfun nasceu para cantar uma vida de alegria, otimismo, reflexões e entusiasmo. Acreditamos que cada um de nós é capaz de transmitir essas mensagens individualmente, mas só os quatro juntos são capazes de transformá-las  em uma ação potente o suficiente para mudar a vida das pessoas”, afirmam os integrantes da banda ao anunciar o retorno aos palcos.

"Fizemos turnês longas em 2023 com artistas nacionais. No caso do Forfun, será como abrir um portal para ter acesso àquele repertório e àqueles quatro integrantes juntos em poucas ocasiões. Mesmo parados enquanto banda, o Forfun tem uma conexão muito forte com os fãs, estamos ansiosos para presenciar esse reencontro", afirma Caio Jacob, Vice-Presidente de Global Touring & Festivals da 30e.

Apesar de ter anunciado o fim de suas atividades em junho de 2015, o Forfun  até hoje  mantém um lugar cativo na memória dos fãs. Tanto que, ao lançar, em fevereiro de 2021, o primeiro disco oficial da carreira, “Teoria Dinâmica Gastativa”, nas plataformas de streaming, Forfun foi parar nos Trending Topics do X (Twitter). Em 2022, a banda lançou o DVD “Forfun ao Vivo na Fundição”, com transmissão ao vivo no canal oficial da banda no YouTube. O show foi originalmente gravado em dezembro de 2015, na apresentação de sua turnê de despedida, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Este foi outro grande sucesso na trajetória do grupo, e que deixou os fãs ainda mais ansiosos por novas surpresas.

Criado em 2001 por Danilo Cutrim (voz e guitarra), Vitor Insensee (teclados, guitarra e vocal de apoio), Nicolas Fassano (bateria) e Rodrigo Costa (baixo e vocal de apoio), o Forfun marcou uma geração. Em 2008, o quarteto lançou o álbum Polisenso, em que começou a experimentar mais ritmos latinos, africanos e jamaicanos. E foi justamente com esse álbum que, em 2009, a banda recebeu o prêmio de “Melhor Banda de Rock” no Video Music Brasil, da MTV. O disco fez muito sucesso na internet, totalizando mais de 800 mil downloads na época.

No final de 2012, outro marco na história do quarteto: os integrantes promoveram um crowdfunding (vaquinha virtual) para conseguir realizar a gravação de seu primeiro DVD. O pedido teve tanto sucesso que acabou batendo o recorde brasileiro de maior arrecadação alcançada em um projeto musical e mostrou a força que Forfun tem com seus fiéis fãs, que certamente será demonstrada nessas duas apresentações marcadas para 2024. “Nos sentimos realizados quando juntos trocamos vibrações de alegria, otimismo e união com as pessoas”, finaliza o grupo Forfun.

Serviço: 

Turnê NÓS
Produção: 30e

SÃO PAULO
Data: 9 de Agosto de 2024
Local: Allianz Parque
Horário de Abertura da casa: 16h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

Geral: Indígenas do RS vivem disputa em meio a grupos criminosos, diz Cimi

    EBC


Radiografia da Notícia

Após episódios de violência, governo consulta comunidade sobre comando

* A disputa pela liderança da terra indígena está associada a outras ilegalidades

Cada hectare equivale, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial

Agência Brasil 

O Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) farão, nos próximos dias 10 e 11, consulta à comunidade guarani e kaingang, que vive na Terra Indígena Cacique Doble, no noroeste do Rio Grande do Sul, próximo à divisa com Santa Catarina, que tem sido palco de violenta disputa entre grupos indígenas rivais que brigam pela liderança da reserva. 

Em nota enviada à Agência Brasil, a fundação informou que o objetivo da consulta é discutir a questão da “representação democrática da comunidade” com os cerca de 815 indígenas que vivem na reserva de 4,4 mil hectares, homologada em 1991 como área da União de usufruto exclusivo indígena. Cada hectare equivale, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial. Os servidores do ministério e da fundação ingressarão na terra indígena acompanhados por agentes da Força Nacional de Segurança Pública.

Em entrevista à Agência Brasil, o advogado e membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Liebgott, afirmou que parte dos moradores da terra indígena é refém de grupos organizados que, além de arrendar terras ilegalmente, são suspeitos de ligações com outras atividades criminosas.

“É uma situação grave”, afirmou Liebgott, ao comentar as causas e consequências da disputa que se arrasta há mais de um ano; causou ao menos duas mortes e alterou a rotina do município. “A população indígena de Cacique Doble se tornou refém de grupos organizados que arrendam terras e que têm ligações com outras práticas criminosas. É uma comunidade extremamente oprimida e que não vislumbra saída”, acrescentou Liebgott, um dos colaboradores do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, que o conselho indigenista vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga anualmente.

Conforme a Agência Brasil noticiou nesta terça-feira (5), o conflito na área indígena se arrasta há tempos, mas se intensificou a partir de agosto de 2022, quando quatro moradores da reserva foram baleados. Apesar da Força Nacional de Segurança Pública estar presente na região desde setembro do ano passado e da Polícia Federal ter realizado ao menos uma grande operação para tentar “reestabelecer a ordem pública e apurar a autoria e circunstâncias de sucessivos crimes graves”, a disputa transpôs os limites da reserva.

Na semana passada, ao menos 12 pessoas precisaram ser hospitalizadas devido a uma briga generalizada durante a abertura de um tradicional evento natalino. Autoridades locais atribuíram a confusão aos mesmos dois grupos que disputam a liderança da terra indígena e a prefeitura determinou a suspensão de eventos públicos que promovam aglomerações na cidade. Escolas chegaram a suspender aulas e reprogramar eventos acadêmicos. 

Na última segunda-feira (4), uma menina de 13 anos morreu após ser atingida por um projétil durante um tiroteio no interior da terra indígena. Outras duas pessoas, uma adolescente de 15 anos e um rapaz de 23 anos, também foram baleados e hospitalizados. “Só queria que alguém fizesse alguma coisa, [pois] está muito difícil para nós [no interior da terra indígena]. É tiro todo dia, toda noite”, disse a tia da adolescente morta. O tiroteio ocorreu dois dias após mais de uma dezena de casas serem incendiadas na reserva. Acionados, os bombeiros voluntários alegaram não ter segurança para ingressar na área e combater as chamas.

Ainda segundo Roberto Liebgott, a situação em Cacique Doble tem raízes históricas, sendo uma das consequências da desagregação social dos povos originais. “Em dado momento, o SPI [Serviço de Proteção aos Índios, órgão federal que, em 1967, deu origem à Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai], que era comandado por militares, passou a influir e conceder o poder sobre algumas terras indígenas. Em algumas comunidades, isso formou uma estrutura de poder baseada na estrutura militar. Paralelamente, em alguns territórios, forjou-se uma cultura de arrendamento das terras, com os arrendatários exercendo forte poder econômico sobre a comunidade”, destacou o advogado, lembrando que a prática é proibida, já que as terras indígenas pertencem à União.

“Contudo, o arrendamento não deixou de existir. E não só em Cacique Doble, que é um reflexo de todo este contexto histórico. Em Cacique Doble, a liderança [comunitária] foi usurpada e o controle do território tornou-se absoluto. As lideranças privatizaram toda a área cultivável da terra indígena, destinando-a ao arrendamento, à exploração de grãos como o milho, trigo e, especialmente, a soja, e determinando quem pode e quem não pode plantar”, acrescentou Liebgott, lembrando que as investigações da PF reforçaram as suspeitas de que a disputa pela liderança da terra indígena está associada a outras ilegalidades, como a formação de milícias privadas; tráfico de drogas e contrabando de armas; sementes agrícolas e agrotóxicos. “E a comunidade local é submetida a esta realidade de extrema violência e vulnerabilidade, da mesma forma como acontece em outras partes do País.”

Por e-mail, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, a pedido do governo estadual, o prazo para que o efetivo da Força Nacional de Segurança Pública permaneça no município, apoiando eventuais ações da PF para preservar a ordem pública, foi ampliado por mais 90 dias, contados a partir de 1º de dezembro. Ainda segundo a pasta, “o Ministério dos Povos Indígenas já destacou a necessidade de atuação governamental para buscar soluções aos conflitos existentes e garantir a segurança das comunidades”.

“Será necessária uma intervenção duradoura, não algo pontual, pois só assim será possível criar um ambiente de apaziguamento e promover, entre os indígenas, um debate a respeito do uso da terra e das estruturas de poder interno”, ponderou Roberto Liebgott.

Agência Brasil entrou em contato com a prefeitura de Cacique Doble e aguarda retorno. A reportagem também aguarda posicionamento do governo do Rio Grande do Sul.