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terça-feira, 3 de outubro de 2023

Geral: Crea-SP oferece capacitação gratuita para profissionais

    EBC


Radiografia da Notícia

Na primeira quinzena de outubro, serão cinco cursos que tratam de assuntos técnicos

As aulas, em sua maioria, acontecem em formato híbrido: presencial e remoto

*São cursos com temas voltados para as Engenharias, Agronomia e Geociências

Redação/Hourpress

Novas temáticas estão preparando os profissionais da área tecnológica para atuação nos mercados de Engenharia, Agronomia e Geociências na programação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), por meio da plataforma de aperfeiçoamento Crea-SP Capacita.

 

Na primeira quinzena de outubro, serão cinco cursos que tratam de assuntos técnicos como gestão de contratos e estruturação de projetos de Parcerias Público-Privadas (PPPs), regularização de obras e funcionalidade da ferramenta Microsoft Power BI. As aulas, em sua maioria, acontecem em formato híbrido: presencial e remoto, com transmissão ao vivo na TV Crea-SP, canal do Youtube.
 

Confira abaixo:

 

2 e 3/10 - Gestão de contratos e estruturação de projetos de PPPs e concessões

O intuito do workshop é capacitar agentes públicos e privados para a compreensão dos temas e atuação na estruturação de projetos e gestão de contratos. A condução é dos economistas André Carvajal e Daniel Keller, dos advogados Ana Cândida de Mello e Marcos Perez, do mestre em economia de empresas Frederico Turolla, do superintendente de licitações da B3 Guilherme Peixoto e do secretário adjunto de Parcerias e Concessões do Rio Grande do Sul, Gabriel Fajardo. Inscrições aqui.

 

2 a 05/10 - Elaboração de projeto simplificado para o Corpo de Bombeiros

Ministrado pela engenheira de segurança do trabalho Elaine Gonçalves, o curso busca capacitar os participantes para prestação de serviços de assessoria ou consultoria em prevenção contra incêndio, ensinando os pilares envolvidos nos processos de vistoria e juntada de documentação. Inscrições aqui.

 

7/10 - Avaliação de imóveis, patologia e regularização de obras

Os engenheiros civis Leila Brito, Murilo Reis e Marília Araújo conduzem o workshop abordando as áreas de avaliações e perícias de imóveis, diagnóstico e patologia das construções e regularização de obras. Inscrições aqui.

 

10/10 - Curso Express: Microsoft Power BI com Projeto (Módulo I - PBI)

O curso on-line apresenta a ferramenta Microsoft Power BI, que permite gerar relatórios com dashboards interativos com visualização e análise de dados. O engenheiro civil Álvaro Venegas, o analista de desenvolvimento de sistemas Erick Reis e a analista de dados com Power BI Jennifer Sicherolli ministram o workshop. Inscrições aqui.

 

11/10 - Análise de estabilidade de taludes e encostas de solo

Com o engenheiro civil e MBA em gestão de projetos de sistemas estruturais em edificações Giovanne Di Stasi, o curso busca mostrar as metodologias de cálculo para avaliar a estabilidade de um talude, desde a problemática sobre o assunto até os termos técnicos específicos para entendimento e aplicação profissional em laudos e projetos de geotecnia. Inscrições aqui.

 

Sobre o Crea-SP - Instalada há 89 anos, a autarquia federal é responsável pela fiscalização, controle, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades profissionais nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências. O Crea-SP está presente nos 645 municípios do Estado, conta com cerca de 350 mil profissionais registrados e 95 mil empresas registradas.

Geral: Comissão vai debater preço de passagens aéreas e escassez de voos para Norte e Nordeste

     EBC

Aeroporto de Fortaleza, Ceará

Radiografia da Notícia

* O autor do requerimento para a realização da audiência é o deputado Josenildo (PDT-AP)

* O ministro do Turismo, Celso Sabino, é um dos convidados para a reunião, que está marcada para as 10 horas no plenário 9

Redação/Hourpress/Agência Câmara

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública nesta terça-feira (3) sobre o alto preço das passagens aéreas e a redução de voos para alguns lugares, especialmente os estados das regiões Norte e Nordeste.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, é um dos convidados para a reunião, que está marcada para as 10 horas no plenário 9.

O autor do requerimento para a realização da audiência é o deputado Josenildo (PDT-AP). Ele cita estudo da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) que registrou, no primeiro trimestre deste ano, o maior preço médio para o período das passagens aéreas em mais de uma década.

"A combinação de tarifas mais altas e opções reduzidas de voos limita o acesso ao serviço de transporte aéreo e deixa de fora do mercado um conjunto de consumidores", conclui o deputado.


Geral: Mercado de Medicina Regenerativa deve crescer 22% ao ano até 2032

       Divulgação


Radiografia da Notícia

Moléculas extraídas do DNA do esperma do salmão, plasma do sangue e células retiradas do couro cabeludo do paciente

Esses são alguns dos componentes utilizados atualmente para regenerar os folículos afetados pela queda capilar e estimular o crescimento dos fios

Avaliado em US$ 22 bilhões em 2022, mercado de Medicina Regenerativa deve atingir US$ 174 bilhões até 2032

Redação/Hourpress

A Medicina Regenerativa é uma área que tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos, conforme cada vez mais pesquisadores voltam suas atenções para esse tema. E a expectativa é que esse setor continue crescendo nos próximos anos: segundo relatório da Precedence Research, o mercado de Medicina Regenerativa, que foi avaliado em US$ 22 bilhões em 2022, deve apresentar um CAGR (taxa de crescimento anual composto) de 22% até 2032, quando atingirá um tamanho estimado de US$ 174 bilhões. E o crescimento não é à toa, afinal, as terapias regenerativas possuem uma enorme variedade de finalidades, do tratamento do câncer à cicatrização de feridas. 

Além disso, outra aplicação dos tratamentos regenerativos que tem ganhado destaque é o combate à queda capilar. “Nas terapias regenerativas, utilizamos células, como as células-tronco, e outros componentes, retirados do próprio paciente, para acelerar a regeneração dos tecidos e órgãos no corpo. No caso da queda dos cabelos, esses procedimentos atuam sobre os bulbos capilares, mais especificamente no ‘bulge’ dos bulbos, para combater o processo de miniaturização, recuperando a conexão mesênquima-epitelial responsável pela reiniciação do ciclo folicular, o que favorece o crescimento e fortalecimento de novos fios, com grande impacto na autoestima dos pacientes”, explicou o Dr. Danilo S. Talarico, médico professor de Dermatologia e Tricologia. E, enquanto certas aplicações da Medicina Regenerativa ainda estão confinadas aos laboratórios e centros de pesquisa, já é possível encontrar nos consultórios alguns procedimentos que utilizam esses princípios para combater a queda capilar, conforme o médico listou abaixo:

PDRN: O PDRN, ou polydeoxyribonucleotides, é uma substância com propriedades regenerativas composta por uma série de moléculas bioativas extraídas do DNA do esperma do salmão. “Essa substância pode ser aplicada no couro cabeludo por meio de drug-delivery, que abre canais que possibilitam que o ingrediente penetre profundamente na região. Dessa forma, o PDRN, graças a sua ação regenerativa, é capaz de estimular a proliferação celular no bulbo capilar, mais especificamente no ‘bulge’ dos folículos pilosos, assim acelerando o crescimento dos fios, que também se tornam mais fortes, grossos e saudáveis”, explica o Dr. Danilo. O médico ainda explica que, apesar de sua origem estranha, o PDRN é uma substância muito segura e bem tolerada, pois o DNA do salmão é similar ao DNA humano. “Além disso, durante o processo de extração e purificação da substância, são removidos peptídeos e proteínas que podem causar reações imunes, sendo seguro até para pacientes alérgicos a frutos do mar”, acrescenta o médico.

Rigenera: O Rigenera é um tratamento regenerativo contra queda capilar realizado a partir de células retiradas do couro cabeludo do próprio paciente, o que faz com que não apresente qualquer risco de rejeição. “No procedimento, um pequeno enxerto de pele é retirado de uma parte saudável dos cabelos e, em seguida, é inserido no equipamento conhecido como Rigenera, que gera um líquido com alta concentração de fatores de crescimento, componentes importantes do processo de proliferação celular. Esse líquido é, então, injetado na região do couro cabeludo afetada pela queda capilar para regenerar os tecidos e estimular a atividade celular, assim acelerando o crescimento dos cabelos e aumentando a espessura dos fios e o volume capilar”, explica o médico, que destaca que, de maneira geral, uma sessão ao ano já é suficiente para conferir excelentes resultados.

PRP: O PRP, ou plasma rico em plaquetas, é uma das terapias regenerativas mais populares, apresentando uma série de indicações, incluindo o tratamento de casos de queda capilar. “Essa é uma substância obtida a partir da coleta de uma pequena amostra do sangue do próprio paciente. Essa amostra é, então, centrifugada para separar os glóbulos vermelhos do plasma sanguíneo, que, em seguida, é injetado no couro cabeludo”, diz o expert, que afirma que as plaquetas presentes nesse plasma são ricas em fatores de crescimento, assim impulsionando a regeneração dos folículos capilares para contribuir com o crescimento dos cabelos.

Exossomos: Outro tratamento regenerativo que, apesar de ainda não estar disponível no Brasil, deve chegar por aqui em breve consiste na aplicação de Exossomos, pequenas vesículas secretadas por diversas células, incluindo células-tronco, o que confere grande potencial demonstrado em estudos pelo seu elevado poder regenerativo. “Os Exossomos contêm informações que induzem a ativação das células-tronco residentes no couro cabeludo, assim promovendo a tão sonhada regeneração capilar. Essas vesículas são obtidas por meio de cultura celular, que é processada para filtragem e separação. O produto desse processo é então injetado no couro cabeludo através de intradermoterapia ou drug delivery”, destaca o especialista.

Por fim, o Dr. Danilo Talarico explica que a indicação dessas terapias regenerativas é feita caso a caso. “A recomendação deve ser feita por um médico experiente após devida avaliação e diagnóstico da causa da queda capilar. Em alguns casos, podemos até mesmo combinar essas diferentes terapias ou então associá-las com outros tratamentos, como o uso de medicamentos tópicos e orais e até mesmo o transplante capilar”, finalizou o médico.


Túnel do tempo: Horário de Verão no Brasil

      Luís Alberto Alves/Hourpress


Redação/Hourpress

Em 3 de outubro de 1931, às 11h entrava em vigor, pela primeira vez no Brasil, o Horário de Verão. 

sábado, 9 de setembro de 2023

Crônica: Quando se cospe para cima, ele cai no próprio rosto

    Hourpress/Arquivo


Conhecia muito os bastidores de onde circulava todos os dias, exceto nos finais de semana

Astrogildo Magno

Jurandir era funcionário exemplar. Gostava da honestidade. Jamais concordava com o erro. Batia de frente contra colegas de trabalho que fingia que exercia as funções na empresa. Nunca chegava atrasado. Sempre pontual, estava no portão da firma 15 minutos antes do horário. Também recusava fazer qualquer tipo de comentário maldoso contra os seus patrões.

Entrou como faxineiro e aos poucos, por causa dos inúmeros cursos que fazia, chegou ao cargo de encarregado-geral da linha de produção, onde estava há 20 anos. Conhecia muito os bastidores de onde circulava todos os dias, exceto nos finais de semana, quando todos folgavam para retornar na segunda-feira.

Morador no bairro do Ipiranga, Zona Sul de São Paulo, enfrentava os tradicionais congestionamentos da Avenida do Estado para chegar à Barra Funda, Zona Oeste, onde estava a sede da empresa que lhe abriu as portas num momento de desespero, quando nem comida existia com frequência sobre a sua mesa para saciar a fome dos três filhos.

Olhos

Experiente, conhecia de longe o funcionário mentiroso e desonesto. Observava o comportamento e como agia na linha de produção, quantas vezes saia para ir ao banheiro e quanto tempo demorava para retornar. Nada escapava dos seus olhos, que mesmo com óculos de grau, ainda enxergava bem.

Ficou de olho numa jovem loira, olhos azuis, corpo esbelto e voz bem sensual, que acabara de ser admitida no RH. Quando a encontrava pelos corredores, ela se recusava a cumprimentá-lo. Deixava bem claro, com essa atitude, que não gostava de se misturar com funcionários do chão de fábrica. Na visão dela, gente “grossa” e sem educação.

Em uma sexta-feira chuvosa, Jurandir terminou o expediente e procurava se animar para pegar o terrível congestionamento que lhe aguardava no retorno para casa. Quando entrou na Avenida Marquês de São Vicente, viu um carro com o pisca alerta aceso. Quebrado, atraia xingamentos de outros motoristas. Desceu para ajudar. No volante desesperada estava a funcionária do RH que discriminava trabalhador de chão de fábrica....

Astrogildo Magno é cronista

Geral: Alfabetização de crianças ainda é desafio para o Brasil

    EBC


Radiografia da Notícia

* A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)

* Escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras e escrever textos que circulam na vida cotidiana

Pela Constituição, os municípios têm papel fundamental na oferta da educação infantil 

Agência Brasil 

O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura, é o que apontam especialistas ouvidos pela Agência Brasil para falar sobre o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado nesta sexta-feira (8). Dados recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a partir das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) dos anos de 2019 e 2021, revelam que houve uma queda no desempenho da alfabetização, mostrando que, em 2019, 54,8% das crianças avaliadas foram consideradas alfabetizadas. Entretanto, em 2021, o percentual caiu para 49,4%.

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1967, com o objetivo de promover a discussão sobre a importância da alfabetização, principalmente em países que ainda têm índices consideráveis de analfabetismo.

Ceilândia (DF) - Biblioteca Roedores de Livros atrai a criançada para rodas de leitura no Shopping Popular da Ceilândia. Foto: Marcelo Magalhães/Divulgação
Biblioteca Roedores de Livros atrai a criançada para rodas de leitura - Foto: Marcelo Magalhães/Divulgação

De acordo com o Saeb, são consideradas alfabetizadas as crianças que conseguem atingir a nota mínima de 743, o que as tornam aptas para ler palavras, frases e pequenos textos; localizar informações na superfície textual; escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras e escrever textos que circulam na vida cotidiana, ainda que com desvios ortográficos e de segmentação.

Para o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, organização que trabalha pela melhoria na qualidade da educação básica no Brasil, Ivan Gontijo, o cenário é desafiador, “mas existem perspectivas de futuro”.

“Basicamente metade dos alunos do Brasil que estão na faixa dos 7 anos não conseguem ler e escrever de uma forma minimamente adequada. Esses dados retratam uma realidade muito alarmante, mas não são novidades. Desde a Avaliação Nacional de Alfabetização, a ANA, que começou a ser implementada desde 2014, o Brasil já apresentava indicadores bem preocupantes, e esse resultado de 2021 mostrou que a pandemia teve um impacto relevante, e entre todas as etapas da educação básica foi na alfabetização. Os dados são inequívocos em dizer que, no Brasil, existe um grande desafio em relação a alfabetização das crianças”, disse Gontijo à Agência Brasil.

O Todos pela Educação defende a efetivação políticas públicas educacionais que garantam aprendizagem e igualdade de oportunidades para as crianças e jovens. Gontijo alerta que a alfabetização é uma habilidade base, e que se a criança não for alfabetizada adequadamente na idade certa, ela terá dificuldades ao longo da sua vida escolar.

“Acho muito importante a gente dar a devida centralidade para a questão da alfabetização no Brasil, porque a alfabetização é uma habilidade base. Se o aluno não se alfabetiza na idade certa, de forma adequada, ele vai ter dificuldade em todas as disciplinas, não só em língua portuguesa, ele vai ter dificuldade em matemática, ciências, história, etc. Então é uma habilidade muito central para o aluno conseguir ter uma trajetória acadêmica muito adequada por isso que a gente precisa colocar tanta energia nesse processo”, defende.

São Paulo SP 25/08/2023   - Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino na Zona Sul da cidade. Mediadora de Leitura. Na foto a Coordenadora de Projetos Alessandra Leite. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino, na zona sul de São Paulo - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Pandemia

A CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mariana Luz, que atua no debate sobre a primeira infância, com crianças do nascimento até os 6 anos de idade, avalia que a pandemia do coronavírus, com o fechamento dos espaços educacionais, afetou o desempenho das crianças em creches e pré-escolas, esta última considerada uma etapa fundamental para auxiliar no processo de alfabetização, segundo Mariana.

“Esse quadro [da pandemia] gerou um déficit educacional e ampliou as desigualdades. Infelizmente, quem teve menos acesso, menos apoio, menos instrução, menos oportunidade de aprender foram as camadas vulnerabilizadas, foram pretos, pardos, indígenas, e os que vivem em uma situação de pobreza, e isso gerou um distanciamento”, disse Mariana que ponderou sobre a necessidade de se dar mais atenção a espaços como creches e pré-escolas.

Segundo Mariana, pesquisas feitas pela fundação apontaram um atraso pedagógico de seis a sete meses nas crianças nos componentes de linguagem e de matemática, mas destacou que a recomposição dessa perda foi possível com o retorno às atividades presenciais.

“É na educação infantil, sobretudo na pré-escola, que é etapa obrigatória, que a criança vai ter contato com letras e números de uma forma mais intencional, com o entendimento de que a etapa seguinte é o primeiro ano do fundamental, onde a alfabetização acontece. Então, essa familiaridade, esse gosto, esse conhecimento, esse despertar do interesse e da curiosidade, isso tudo acontece na educação infantil”, explica.

A coordenadora de Programa e Políticas da Campanha pelo Direito à Educação, Marcelle Frossard, também avalia que a pandemia do coronavírus contribuiu em parte para o resultado negativo, ressaltando que as crianças foram afetadas de diferentes formas, especialmente as moradoras de zonas rurais e as negras.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, lançam programa Conta pra Mim
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo
Programa Conta pra Mim - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“As consequências da pandemia na educação brasileira não foram uniformes, mas afetaram principalmente estudantes de zonas rurais e negros. Essas estatísticas e porcentagens são, na verdade, pessoas, vidas e estudantes por trás desses números. A desigualdade educacional brasileira, que o PNE [Plano Nacional e Educação] pretendia superar, continua presente, manifesta na ausência de tantos alunos que não conseguiam assistir às aulas durante a pandemia”, disse Marcelle à Agência Brasil.

Marcelle destaca que, no cenário pós-pandemia, é preciso promover um diagnóstico sobre o impacto da pandemia na saúde mental de crianças e adolescentes. Ela considera fundamental a integração entre políticas de saúde mental e a área de educação.

“Até o momento, o país ainda não tem uma dimensão do que foi esse período e o impacto para as pessoas, a educação e outras áreas de importância. Temos que considerar que a maioria dos estudantes brasileiros estão na escola pública e com dificuldade de acesso a equipamentos e profissionais de saúde mental. Assim, sem essa integração, dificilmente haverá apoio a essas crianças”, alerta. “Em relação aos professores, também devem usufruir desse mesmo tipo de política e terem formação continuada para lidarem com o atual momento, lembrando que a responsabilidade em relação a saúde mental deve ser dos profissionais de saúde e não dos professores”, argumenta Marcelle.

Municípios

Intervenções artísticas realizadas pelo projeto Escola Criativa, promovido pelo Instituto Choque Cultural, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, na Cidade Nova Heliópolis, zona sul.
Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, na Cidade Nova Heliópolis - Rovena Rosa/Agência Brasil

Pela Constituição, os municípios têm papel fundamental na oferta da educação infantil e respondem pela maioria das vagas nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Já os estados devem priorizar o ensino médio, mas podem atuar, em parceria com os municípios, na oferta de ensino fundamental.

Para a coordenadora de Programa e Políticas da Campanha Pelo Direito à Educação, que aglutina diferentes forças políticas, priorizar ações de mobilização, pressão política e comunicação social, em favor da defesa e promoção dos direitos educacionais, é fundamental para que estados e municípios atuem conjuntamente para buscar soluções.

Marcelle destaca que outro problema que deve ser enfrentado é a evasão escolar. Apesar de o país já ter leis e programas assegurando o direito ao transporte escolar, ele sofre com problemas orçamentários para execução e implementação dessas políticas.

Direito

“Para evitar a evasão é importante a garantia de educação integral, transporte escolar e alimentação escolar, por exemplo. Os programas de busca ativa são importantes, mas é preciso também garantir a permanência desses estudantes na escola. Por isso a rede de proteção deve funcionar para garantir o bem-estar e a redução de vulnerabilidades sociais e econômicas das famílias, para que os estudantes tenham acesso ao direito à educação”, destacou.

“As famílias também precisam de condições para garantir que seus filhos continuem a estudar. Nesse sentido, para garantir o direito à educação é fundamental o investimento em políticas sociais para que as famílias tenham condições de manter os filhos na escola”, concluiu.

Segundo ela, para o país avançar na alfabetização de crianças na idade certa, é preciso que o Estado e a sociedade atuem de forma a garantir o cumprimento das políticas planejadas, como o Plano Nacional de Educação 2014-2024.

Todas

“É [preciso] aumentar os investimentos em educação, que sofreram cortes importantes nos últimos anos. É importante compreender que as metas são interligadas e dependem umas das outras para o cumprimento integral. Ou seja, não é possível escolher uma ou outra meta entre as 20, é preciso seguir todas, progressivamente”, disse.

Diante desse cenário, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do 2° ano do ensino fundamental; além da recomposição das aprendizagens, com foco na alfabetização, de 100% das crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° ano, afetadas pela pandemia.

O compromisso é baseado no protagonismo de estados e municípios na construção das soluções para o enfrentar os problemas do processo de alfabetização das crianças. Cada estado, em colaboração com os municípios, deve elaborar a sua política territorial, de maneira a dar conta de suas especificidades. Cabe à União apoiar, técnica e financeiramente, os entes federados na medida das suas necessidades.

Segundo o Ministério da Educação, o programa pretende atingir cerca 4 milhões de estudantes de 4 e 5 anos de idade em 80 mil escolas públicas que ofertam pré-escola; 4,5 milhões de alunos de 6 e 7 anos em 98 mil escolas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental e 7,3 milhões de estudantes de 8 a 10 anos em 98 mil escolas públicas também dos anos iniciais do fundamental.

12.06.2023 - Presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Palácio do Planalto – Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada - Foto: Ricardo Stuckert/PR - Ricardo Stuckert

Na avaliação do gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, a iniciativa tem o potencial de melhorar os índices de alfabetização de crianças. Ele cita a experiência do Ceará, em que o governo estadual tem um programa de alfabetização em regime de colaboração com os municípios. Pelo programa, o estado apoia os municípios com suporte técnico e recursos financeiros.

“Ele se inspira muito na experiência cearense que vem sendo implementada há praticamente 15 anos, para levar esse modelo da alfabetização em regime de colaboração para todos os estados brasileiros. É uma política muito bem formulada, olha para os critérios de sucesso da experiência cearense e tem tudo para dar certo. O grande desafio, agora, é conseguir implementar todas essas medidas para que os estados estejam preparados para apoiar de forma técnica, com formação, material didático, avaliações, os municípios que são os principais responsáveis pela alfabetização das crianças”, disse.

A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no Paraná e dirigente municipal de educação de Cascavel, Marcia Baldini, também ressaltou a importância do trabalho conjunto entre estados e municípios. Ela também citou o exemplo do Ceará como uma experiência exitosa.

Estado

“É necessário que haja realmente um regime de colaboração muito forte, e cito aqui, o exemplo do estado do Ceará. Friso que isso deve ser uma política de Estado e não uma política de governo que vai passar. É necessário subsídios financeiros e técnicos para orientar os municípios, mas no entanto há que se pensar na responsabilidade e no respeito à autonomia de cada município. O estado não pode simplesmente vir e impor. É necessário ouvir os municípios e todas as realidades diferentes que temos no país e dentro de cada estado”, defendeu.

Gontijo disse à Agência Brasil que o principal papel dos estados será atuar na coordenação da política de alfabetização nos seus territórios, fornecendo apoio técnico, por meio de avaliações, material didático, mas também de suporte para as equipes das secretarias conseguirem implementar boas ações de alfabetização.

“A gente precisa entender que a alfabetização está nas mãos dos municípios. A alfabetização aconteceu principalmente nos anos iniciais, onde 80% das matrículas estão nas redes municipais. E muitos municípios têm muitas dificuldades do ponto de vista técnico de implementação de políticas educacionais para terem boas políticas de alfabetização. Boa parte dos municípios brasileiros é de pequeno porte, então não têm capacidade de montar, muitas vezes, uma superformação continuada de professores ou ter um ótimo material didático sobre alfabetização para os estudantes”, observou Gontijo.

Matemática

Ele destaca que a Emenda Constitucional do Fundeb Permanente, aprovada em 2020, já trouxe elementos para que estados apoiem os municípios com recursos, em especial a que determina aos estados a criação da Lei ICMS Educacional – que determina que um percentual do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja redistribuído aos municípios em razão de melhora nos indicadores de alfabetização e proficiência em língua portuguesa e matemática dos estudantes do Ensino Fundamental.

“Por mais que o cenário seja extremamente preocupante, eu vejo perspectivas futuras bem interessantes, por conta da aprovação da Lei ICMS Educação, por conta do programa do governo federal Criança Alfabetizada. Acho que é muito desafiador conseguir atingir resultados expressivos e excelentes em educação, mas a gente está construindo bons pilares para avançar de forma nacional, baseado nas experiências de sucesso para os próximos 10, 15 anos”, finalizou.

Geral: Sobe para 46 número de desaparecidos após enchentes no RS

    Marinha do Brasil/RS


Radiografia da Notícia

* Estão sendo utilizadas ainda aeronaves com capacidade de voo noturno

Drones estão sendo utilizados para auxiliar nas buscas, alguns com tecnologia termal, que capta variações de calor

Segundo o governo do estado, as equipes de resgate contam com a ajuda da Defesa Civil Nacional

Agência Brasil 

O governo do Rio Grande do Sul informou nesta sexta-feira (8) que o número de desaparecidos subiu para 46 em razão das enchentes que atingiram dezenas de cidades do estado. Os desaparecidos são dos municípios gaúchos de Muçum (30), Lajeado (oito) e Arroio do Meio (oito).

Drones estão sendo utilizados para auxiliar nas buscas, alguns com tecnologia termal, que capta variações de calor e identifica sinais de vida. Além de drones pertencentes ao governo do Rio Grande do Sul, o trabalho em campo está empregando equipamentos disponibilizados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, com funcionalidades que vão além de registros fotográficos e estão sendo utilizados como facilitadores das atividades de busca.

“Essas ferramentas permitem também a localização de corpos, porque captam informações de altimetria (medição de alturas ou de elevações de um determinado terreno) e altitude (medição da distância vertical de um ponto em relação ao nível do mar). Desse modo, com o compilado desses dados, é feito um processamento, tornando possível calcular plano altimétrico (determinando os níveis do terreno), massa, altura e distâncias”, informou o governo gaúcho.

Estão sendo utilizadas ainda aeronaves com capacidade de voo noturno. Também  teve início, ontem (sexta), o emprego de cães de busca, realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar.

Segundo o governo do estado, as equipes de resgate contam com a ajuda da Defesa Civil Nacional, que disponibilizou quatro integrantes do Grupo de Apoio a Desastres (Gade). Ontem, a equipe começou a fazer uso dos drones em Muçum e Roca Sales para registros fotográficos, além de trabalhos mais específicos em localidades onde há pessoas desaparecidas.

Foram feitos ainda registros em plano aberto, para mensurar a área afetada, além de imagens em cima de prédios públicos e residências destruídas. Os registros são georreferenciados, com as coordenadas do local, e, desse modo, também podem auxiliar nos planos de trabalho para reconstrução de infraestruturas atingidas e no embasamento de decretos de calamidade pública.