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terça-feira, 16 de março de 2021

Geral: "Sou brasisírio": conheça refugiados de uma guerra que já dura 10 anos

 

Na última década o Brasil acolheu cerca de 3,8 mil sírios


Agência Brasil 

Fàtima Ismail/Acnur

Nos últimos dez anos, o dia 15 de março traz para a população síria lembranças de um passado que se foi. Nesta data, em 2011, começou a se desenhar o conflito armado na Síria – que dura até os dias de hoje. Cerca de dois meses antes, grandes protestos populares, em sintonia com o que ocorria em outros países e que ficou conhecido mundialmente como a Primavera Árabe, ganhava contornos violentos. Desde então, uma guerra por poder entre o governo liderado pelo presidente Bashar al-Assad e oposicionistas ficou mais complexa, com contornos políticos, étnicos e religiosos, e com diversos grupos promovendo ações hostis entre si.

Passados dez anos, o conflito não parece próximo de uma solução. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), 387 mil pessoas morreram, sendo mais de 115 mil civis. Além disso, há atualmente cerca de 6,6 milhões de refugiados sírios espalhados por todo o mundo. São pessoas que tinham uma vida normal, trabalhavam, estudavam, passeavam, tomavam café com seus amigos e tiveram que deixar tudo para trás.

Aproximadamente 3,8 mil deles chegaram ao Brasil na última década. Mais de 80% deles se concentram em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná, onde já existia uma comunidade sírio-libanesa consolidada.

O choque cultural e a diferença de realidade entre países da América do Sul e do Oriente Médio fazem com que, para os refugiados sírios, a adaptação ao Brasil seja um processo mais lento e repleto de desafios adicionais. Aprender um idioma com alfabeto e regras gramaticais completamente diferentes é o principal deles. Mas, tendo superado as dificuldades, o ativista Abdul Jarour, a chefe de cozinha Fatima Ismail (foto em destaque) e a arquiteta Lucia Loxca se sentem hoje em casa.

"Não sou a mesma pessoa que vivia na Síria. Sou outra pessoa. Absorvi uma nova cultura, uma nova língua. Hoje sou brasisírio", diz Abdul. O termo usado por ele para descrever sua nova nacionalidade parece traduzir o sentimento de outros refugiados que encontraram no território brasileiro um local para reconstruir suas vidas.

Ativista Abdul Jarou (crédito: Acervo Pessoal)
No Brasil, o ativista Abdul Jarou se apaixonou pelo futebol e pela música sertaneja - Abdul Jarou/ Acervo Pessoal

Abdul conta que encontrou no futebol e na música portas de acesso à cultura brasileira. "Comecei a ir aos jogos para ver como é o povo brasileiro e me apaixonei. Me tornei corintiano. Quando você está no campo é todo mundo junto, todo mundo gritando. Ninguém sabe sua identificação social, sua riqueza. Também me apaixonei pelo ritmo sertanejo. Gostei muito de Henrique e Juliano. Repetia as palavras sem entender o significado. Com o tempo fui entendendo. Jorge e Matheus é muito bom. Cristiano Araújo, que faleceu, mexeu muito comigo. O acidente dele em 2015 me emocionou porque tinha uma música dele que eu cantava todos os dias", conta.

No país desde 2014, mais precisamente em São Paulo, Abdul estudava administração de empresas e comercializava acessórios eletrônicos na Síria. Deixou sua terra natal quando completou 20 anos, fugindo do serviço militar obrigatório. No Líbano, país vizinho à Síria, recorreu às embaixadas do Canadá e da Austrália, mas não obteve o retorno esperado. Cogitou a travessia por mar até a Turquia, mas tinha receio de se afogar como alguns de seus compatriotas.

"Queria um país que me reconhecesse como ser humano, que me desse direito de viajar legalmente. E foi aí que tive notícia que o Brasil estava concedendo um visto humanitário para o povo sírio. Fui à embaixada, fiz uma entrevista, paguei o visto e comprei minhas passagens, de ida e volta, porque não sabia se ia ficar. Tinha medo também. Estava indo pra um país do outro lado do mundo. Então eu digo que vir para o Brasil não foi minha escolha. Foi uma escolha de Deus", conta.

Brasil e Síria não possuem entendimentos bilaterais para isenção de vistos de entrada. Dessa forma, antes de embarcarem, os sírios precisam se dirigir a uma embaixada ou consulado brasileiro e solicitar permissão para entrada no país. Até 2012, muitos refugiados chegavam com o visto de turista, o que permite a permanência em território brasileiro por um período inicial de 90 dias e que pode ser renovado por mais 90 dias.

O que se convencionou chamar de visto humanitário é um procedimento simplificado que o Brasil adotou em 2013 para a entrada dos sírios. Paralelamente, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) reconheceu a grave e generalizada violação de direitos humanos na Síria e acelerou o processo de análise dos pedidos de reconhecimento da condição de refugiado. Assim, a partir de 2014, houve um aumento no número de sírios que desembarcaram no país ainda que esse fluxo tenha caído significativamente desde o início da pandemia de covid-19, no ano passado.

Abdul foi acolhido na capital paulista. O sírio chegou a trabalhar vendendo alimentos e como motorista. Com o tempo, se tornou ativista da causa migratória. Hoje lidera projetos sociais e promove palestras que abordam temas como refúgio e migração, história da Síria, política no mundo árabe. Uma iniciativa da qual se orgulha é ter sido um dos criadores da Copa dos Refugiados, uma competição de futebol coordenada pela organização não governamental África do Coração e financiada pela ONU, por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). A última edição, ocorrida em 2019, reuniu cerca de 1,12 mil atletas de 39 nacionalidades.

Apoio e acolhimento

A experiência pessoal é um dos motivos que levaram Abdul a engajar-se em ações voltadas para o acolhimento dos refugiados e imigrantes. Sem conhecer ninguém nem dominar o idioma português, ele conta que se sentiu perdido, em um primeiro momento. Apesar de ressaltar o perfil acolhedor do povo brasileiro, avalia que a integração não é simples.

"Hoje me tratam como brasileiro. O povo é muito acolhedor, simpático, amoroso. Na Europa, talvez ainda me tratassem como estrangeiro. Mas aqui no Brasil não, me tratam como um igual. Houve pessoas que eu conheci que considero como minha família. Me deram força, me estenderam a mão. Mas no início me senti perdido. É um país tão grande. A questão de documentação, de integração, de conseguir emprego e moradia. Hoje tenho domínio da língua, conhecimento da cidade, estou me virando como trabalhador autônomo. Mas seria muito difícil sem o apoio das organizações sociais, das instituições ligadas à ONU, de entidades do terceiro setor. Eles fazem projetos que possibilitam a integração".

Estas organizações e entidades se articulam por meio de uma rede mobilizada pela Acnur. Ela foi criada pela ONU para assegurar e proteger os direitos das pessoas em situação de refúgio em todo o mundo. No Brasil, a Acnur atua diretamente apenas em Roraima, devido a preocupações com a situação na fronteira com a Venezuela: o último balanço do Conare mostrou que 65% das 82.552 pessoas que solicitaram refúgio ao Brasil no ano de 2019 eram venezuelanos.

No resto do país, a atuação é indireta, financiando organizações sociais e entidades do terceiro setor. Elas desenvolvem ações em frentes variadas que incluem cursos de português, capacitação profissional, encaminhamento de crianças para a escola, concessão de auxílios sociais e financeiros, atendimento psicossocial, entre outras ações.

A Acnur se mantém exclusivamente com doações que podem ser feitas, através de seu site, tanto por pessoas físicas como por governos e empresas privadas. Para 2021, está prevista a aplicação de US$ 5,8 bilhões na resposta humanitária internacional aos problemas decorrentes da guerra na Síria. O investimento, no entanto, dependerá da arrecadação. No ano passado, em meio a uma crise econômica atrelada à crise sanitária causada pela pandemia de covid-19, apenas 53% dos recursos estimados foram levantados.

Segundo Luiz Fernando Godinho, oficial de informação pública da Acnur, o subfinanciamento força a agência a focar no que é mais urgente como garantia de acesso à água, alimentação e moradia, prejudicando outras ações que também são fundamentais, entre elas os programas educacionais e de geração de renda. Ele assinala que, embora os refugiados sírios estejam espalhados por mais 130 nações, cerca de 5,5 milhões dos 6,6 milhões se concentram nos países vizinhos: Jordânia, Líbano, Iraque, Egito e Turquia. A maior parte dos US$ 5,8 bilhões seria empregada nessa região.

"Nesses locais, os impactos da pandemia de covid-19 aprofundaram muito as necessidades econômicas. Vemos um nível de pobreza muito grande. Os levantamentos indicam que 80% deles estão abaixo da linha de pobreza", diz. Para ele, há uma falha da comunidade internacional, que não parece se empenhar para resolver o conflito, gerando assim maior demanda por recursos. "Só vai haver solução quando os sírios puderem voltar às suas casas. Ninguém quer ser refugiado. São as circunstâncias que os levam a sair do país. E a Síria não oferece hoje condições de retorno. Sem solução do conflito, a crise humanitária permanece". Em 2019 e 2020, apenas 133.204 sírios voltaram para o país.

Retorno improvável

No Brasil, nem todos os refugiados têm expectativa de retorno. Embora divididos entre a saudade da terra natal e o sentimento de pertencimento que desenvolveram em relação ao Brasil, é comum que eles se sintam integrados na nova sociedade e, muitas vezes, com vínculos formados no país. Segundo Godinho, a realidade brasileira é peculiar pois temos uma legislação avançada que contribui para essa integração, uma vez que garante aos refugiados acesso a serviços considerados universais, como saúde, educação e mesmo programas sociais.

"É diferente de uma situação de campo de refugiados, que existem em outros países do mundo para receber os sírios. Isolados ali, são oferecidos serviços diretamente a eles. No modelo brasileiro, há a inserção das pessoas na rede de saúde, na rede de educação, que está disponível para todos os cidadãos", diz o oficial de informação pública da Acnur.

Este cenário foi fundamental para Fatima Ismail. De origem curda, etnia que responde por aproximadamente 7% da população síria, ela vivia em Alepo, a maior cidade do país. Deixou sua casa quando a guerra se aproximava e problemas variados começaram a surgir, como desabastecimento de alimentos e crescimento do desemprego. Primeiramente, se instalou na Jordânia, onde ela e o marido trabalharam na fabricação de roupas e sapatos. Mas um problema lhe incomodava: apenas um de seus três filhos foi aceito na escola. Além disso, temia que a pressão do governo sírio sobre os países da região pudesse complicar a situação da família.

"Com o passaporte sírio, era difícil conseguir entrar na Europa. A gente não sabia muito sobre o Brasil, mas pesquisamos pela internet e achamos que São Paulo parecia com Alepo. Eu costumo dizer que não fui eu que escolhi o Brasil. Foi o Brasil que me escolheu. E hoje, eu não penso em voltar. No Brasil passamos algumas dificuldades, mas é melhor do que lá hoje. Se voltarmos hoje, por exemplo, meus filhos tem que parar de estudar e entrar no exército. E podem morrer. Não há garantias para quem entra na guerra", conta Fatima. 

Para ela, a Síria voltou no tempo e o desabastecimento de comida, gás, água, eletricidade se tornou uma realidade: "Tem locais que chega luz duas, três horas por dia. Há filas para comprar pão".

Essa mesma situação também desperta na arquiteta Lucia Loxca a sensação de que um retorno à terra natal é algo improvável. Morando em Curitiba desde 2013, ela diz que o conflito ensinou a não planejar o futuro: "Claro que, como todos os sírios, temos o sonho de voltar. Mas sendo realista, se voltarmos, não encontraremos a Síria como ela era. Provavelmente seria muito diferente. Parentes e amigos também foram embora e não estão mais lá. Seria muito complicado reconstruir a vida mais uma vez. Hoje nos sentimos estabelecidos no Brasil. Na verdade, é o nosso país agora".

Mesmo sem expectativa de retorno, o vínculo com os amigos que ficaram para trás se mantém. "Tentamos falar com eles quando bate a saudade. Mas não é fácil o contato. Há regiões onde não há internet sempre. Também tentamos nos manter informados sobre os acontecimentos, mas acompanhar as notícias todo dia cansa e dói o coração", conta a arquiteta.

Arquiteta e cantora Lucia Loxca (crédito: Acervo Pessoal)
Lucia Loxca ser formou arquiteta em Curitiba. Além de exercer a profissão, ela também integra um trio musical com o marido e a cunhada - Lucia Loxca/ Acervo Pessoal

Família dispersa

Lucia viveu uma realidade não muito comum entre os refugiados. Sua família, composta por 16 pessoas, deixou Alepo e veio inteira para o país. "Buscávamos um lugar seguro para podermos continuar nossa vida. E não havia muitas opções. Na verdade, só tinha o Brasil. Era o único caminho que poderia ser mais seguro para todos, inclusive os idosos da família. Fizemos uma pesquisa rápida sobre Curitiba e nos pareceu uma cidade tranquila".

Atualmente, diz ela, todos conseguiram se restabelecer economicamente. Lucia manteve vivo o sonho de se tornar arquiteta. Na Síria, a universidade onde ela estudava foi bombardeada há três anos. Tempos após chegar no país, ela conseguiu concluir a graduação na Universidade Federal do Paraná (UFP), a partir de um programa de ações afirmativas para refugiados. Hoje, ela atua na área.

Para outros, no entanto, a realidade é bem diferente. Fatima conta que quatro dos seus sete irmãos também estão fora Síria, dispersos na Europa. Além disso, a guerra causou uma profunda tristeza em sua mãe, que veio a falecer. Situação similar vive Abdul.

"Minha família se espalhou pelo mundo. Tive uma irmã que perdeu uma perna e perdeu o marido. Ela vive na Alemanha. Outra irmã fugiu pro Canadá e outra para o Iraque. Consegui trazer minha mãe e minha irmã caçula em 2019. E infelizmente perdi minha mãe para a covid-19. Ela tinha diabetes e pressão alta e não resistiu. Foi chocante, porque achei que tinha salvado a vida dela e a morte nos perseguiu até aqui", conta Abdul.

Cultura híbrida

Do idioma à culinária, da música aos costumes cotidianos. O dia a dia desses refugiados moldou uma cultura híbrida: uma cultura simultaneamente síria e brasileira. Ao mesmo tempo em que abriu espaço para o Corinthians e para a música sertaneja em sua vida, Abdul mantém hábitos de sua terra natal. A integração na comunidade de refugiados colabora.

"Eu cheguei sozinho, mas conheci outros refugiados. Todo sábado à noite, nos reunimos e cozinhamos uma comida com os mesmos temperos que usávamos na Síria. E jogamos baralho, um jogo que costumávamos jogar. Conversamos sobre política, nos divertimos, usamos nossa língua nativa, nos conectamos com nossa identidade. Mas fiquei meio misturado, porque o Brasil se tornou minha pátria também. Fiz uma vida aqui", conta.

No caso de Fatima, a troca cultural se tornou fonte de renda. Hoje ela é chefe de cozinha e prepara pratos sírios. Costumava atender festas e eventos, mas em meio à pandemia de covid-19, tem se sustentado sobretudo vendendo pela internet. "Algumas pessoas gostaram muito da minha comida e falaram que era bem diferente inclusive do tempero dos restaurantes sírios aqui no Brasil. Me incentivaram a vender. Porque a gente traz uma história. A comida, como eu faço, tem uma mistura: comida curda com comida árabe. O tipo de cozinha é diferente".

Ela também oferece cursos culinários, como o que ensina a fazer pão sírio. "O pão é nosso primeiro alimento. Aqui, o arroz é a base dos pratos. Lá, o mais importante pra gente é o pão. Não fazemos uma refeição sem um pão para dividir com a família", explica.

Uma dificuldade que ela relata é o custo do trigo e do grão de bico, que são mais caros do que na Síria, já que a produção brasileira desses alimentos é tímida e o país acaba sendo importador. "É possível achar bons preços, mas é preciso pesquisar", pondera. Fatima ressalta que a conexão com o Brasil tem uma via de mão dupla, já que também aprendeu a gostar da combinação entre arroz e feijão.

Enquanto Fatima dissemina os temperos de sua terra entre os brasileiros, Lucia divulga a música. Além de arquiteta, ela é cantora e integra o Trio Alma Síria, composto ainda por seu marido e sua cunhada, que tocam respectivamente alaúde e kanun, dois instrumentos de corda populares no Oriente Médio. O trio já se apresentou em eventos no Rio de Janeiro, em Brasília, em Florianópolis e em Curitiba.

"Temos formação musical e, quando chegamos, sentimos a responsabilidade de transmitir a nossa história através da música. Buscamos preservar nossa cultura. Mantemos a língua em casa, as comidas tradicionais. Mas não dispensamos um pão de queijo, um pastel. Sempre tentamos misturar as duas culturas. Até porque a família cresceu e já tem uma nova geração, que são brasileiros natos".

segunda-feira, 15 de março de 2021

Chumbo Quente: Covid-19: Brasil próximo do colapso?

 


 Segundo infectologistas, o dado é um indicativo do avanço da pandemia

Luís Alberto Alves/Hourpress

A fala do secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, neste final de semana, de que os próximos dias serão mais difíceis e admitindo o risco de colapso no sistema de saúde, é de causar preocupação.

A sabedoria popular diz que “onde existe fumaça, há fogo”. Não é preciso ser médico para constatar que o atual estágio da pandemia é sério. Por todos os lados há casos de novos contaminados pelo #covid-19. Os hospitais estão superlotados.

Pacientes

Não é nada relacionado com as teses tolas de teorias de conspiração alimentadas pelos simpatizantes do governo #Bolsonaro. Para tirar dúvidas, é só ficarem alguns minutos diante da entrada de um hospital público ou particular para registrar a chegada de novos pacientes.

É tão grave que estatísticas da #OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que de cada quatro infectado pelo #covid-19, um está no Brasil. Nas últimas três semanas, São Paulo teve uma média de 180 novas internações diárias em #UTIs (Unidades de Terapias Intensivas) dedicadas a essa doença.

Pico

Segundo infectologistas, o dado é um indicativo do avanço da pandemia, que apresentou dois novos recordes de mortes diárias no Brasil na última semana. Ou seja, não de crescer o número de doentes.

Neste período foram internados 3.834 novos pacientes nas #UTIs voltadas à doença, de um total de 10.244 internados em todo o estado de SP. É um número 64% maior do que o primeiro pico da pandemia, em julho, quando São Paulo teve 6.250 internados.

Desabafo

Portanto, o comentário do secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, não deve ser ignorado. Não é um desabafo. Ele alerta de que algo grave já esteja acontecendo e poderá impactar ainda mais o nosso sistema da #Saúde, já fragilizado por profissionais da Saúde esgotados e descaso do governo federal.

Para piorar a situação, empresas de turismo estão negociando pacotes de viagens para o feriado de Semana Santa, quando poderá ocorrer aumento do contágio com as pessoas viajando. Visualizo uma bomba relógio de covid-19 explodindo, espalhando mais vírus.

 

 

Saúde: Imunidade contra Covid-19 no Brasil só deve ser alcançada em janeiro de 2022



Profissionais de saúde abordaram as perspectivas da vacinação no país; ritmo preocupa especialistas do setor

Redação/Hourpress

Após um ano da chegada da pandemia no Brasil, menos de 5% dos grupos prioritários da população foram vacinados, de acordo com o Coronavirusbot, que compila informações das secretarias estaduais de saúde. A porcentagem correta para se atingir a imunidade coletiva da doença ainda é desconhecida, mas segundo o fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, caso o país continue no ritmo lento de vacinação, só alcançará esse feito em janeiro de 2022. Para discutir o assunto, que é de fundamental importância para a sociedade neste momento, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) promoveu uma edição do Anahp AO VIVO com o tema "Vacinação: cenários e perspectivas". O debate completo pode ser visto no canal da associação no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=lC3IBxpePpY&t=762s).

O evento online contou com a participação de Vecina; Paulo Chapchap, conselheiro da Anahp e diretor geral do Hospital Sírio-Libanês; Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein; e Miguel Giudicissi Filho, diretor médico científico da União Química Farmacêutica Nacional S/A; e a moderação de Ary Ribeiro, editor do Observatório Anahp e CEO do Hospital Infantil Sabará.

De acordo com Vecina, que também é professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, se os imunizantes das farmacêuticas Janssen e Pfizer, que estão em negociação com o governo federal, também forem autorizados, ao lado das vacinas já aprovadas do Butantan e da Fiocruz, há chances de o país obter em torno de 100 milhões de doses rapidamente. "Isto permitiria que a imunidade de rebanho fosse alcançada em setembro ou outubro deste ano, o que é um grande avanço", explicou. O especialista disse que o país é referência no assunto e, atualmente, é o maior produtor mundial de vacina contra a febre amarela, por exemplo. "O Brasil perdeu um pouco da capacidade de produção no decorrer dos anos, mas ainda conta com instituições importantes, como Butantan e Fiocruz que, a meu ver, salvaram o país com as vacinas contra a Covid-19", opinou.

Para Chapchap, as medidas de segurança, tão ressaltadas pelos especialistas de saúde durante a pandemia, como usar máscara, manter o distanciamento social e higienizar as mãos, são a base para o controle da disseminação da doença. Ele afirmou que, como um dos líderes da área da saúde, às vezes, fica frustrado pela incapacidade de mobilizar a população em prol de um comportamento responsável. "As pessoas ainda não conseguiram entender a importância dessas premissas. Não se trata de uma construção de robô para andar em Marte e sim de medidas básicas. Não conseguimos nos conectar com o cérebro das pessoas, para que elas mudem o comportamento e, assim, não morram e não matem outras pessoas".

Ainda de acordo com Chapchap, se o Brasil aceitar os riscos e investir corretamente em ciência e tecnologia, ele terá capacidade de desenvolver vacinas e de ser tão admirado nesse quesito quanto outros países. "É preciso olhar para isso com atenção, uma vez que esta não será a nossa última pandemia e já sabemos o efeito econômico e social gigantesco que ela pode causar. Claro que há instituições analisando o cenário com muita seriedade, mas é preciso persistir nesse ponto, após os efeitos catastróficos da pandemia", reforçou.

Complementando o tema, Klajner, relembrou que o enfrentamento da pandemia mostrou a falta de investimento do país na parte de pesquisa, equipamentos e insumos e que, no momento da escassez, a mobilização aconteceu no âmbito público e privado, por meio de parcerias e diversas iniciativas. "O setor privado tem capacidade de ajudar, não apenas no sentido de ser facilitador da compra de vacinas, mas, principalmente, em toda a estrutura para imunização: gestão, capilaridade, capacidade logística, produção de insumos e estabelecimento de modelos de decisões ágeis. Estamos falando do setor particular como uma via que pode agregar no programa de vacinação, assim como fez na distribuição de testes no começo da pandemia, ajudando no plano nacional de uma forma a torná-lo um sistema único de imunização", reforçou.

O especialista também acredita que o Brasil é um grande exemplo em vacinação e que poderia utilizar experiências anteriores para uma melhor atuação durante a pandemia de Covid-19. "Precisamos lembrar que a vacinação de cerca de 90 milhões de pessoas em três meses aconteceu no ano de 2010 no Brasil, um ano após o começo da epidemia de H1N1. Poderiam ter utilizado essa capacidade contra a pandemia de Covid-19", disse.

Já Miguel Giudicissi Filho ressaltou que cerca de duas mil pessoas estão falecendo por dia pela doença causada pelo coronavírus, mas que se o país já tivesse vacinado metade da população, estaria salvando mil desses óbitos por dia.

A União Química é a maior fornecedora de anestésicos na pandemia e está no processo de trazer a vacina russa, a Sputnik, para o Brasil. "A fábrica que será responsável pela futura produção fica em Brasília e está no aguardo de dois biorreatores de 500 litros que devem chegar até o começo de maio. A Rússia já realizou estudo de fase 3 com 40 mil voluntários e publicará o resultado até o final de março. Inclusive, já publicou duas pesquisas robustas sobre a vacina, com 10 mil e com 20 mil voluntários", contou. Outro dado importante é que a União Química perdeu 70% de vendas de itens como antigripais e xaropes para tosse na pandemia. "Isto comprovou a eficácia do uso das máscaras, visto que o fato de as pessoas aderirem à proteção e manterem a higienização e o distanciamento social, evitou gripes e outras infecções virais", contou Miguel.

Ribeiro também aproveitou a oportunidade para defender a produção de vacinas e as medidas de segurança implementadas durante a pandemia. "Devemos fazer de tudo para obtermos mais imunizantes seguros e eficazes e não podemos desestimular a aplicação das vacinas, que é o que vemos com o avanço de diversos movimentos. É necessário confiar na ciência, continuar com o uso de máscaras e manter o isolamento social", reforçou.

Klajner finalizou dizendo que seguirá trabalhando e sendo otimista, apesar da situação. "Acredito que, a partir do segundo semestre, o cenário pode mudar, visto que alguns laboratórios estão com vacinas em fase de testes e podemos ter uma melhora na escassez de imunizantes", contou. Miguel Giudicissi Filho reforçou que a Covid-19 é só a ponta do iceberg. "Temos um problema grave e muito sério de não-vacinação no país, do aumento de casos de febre amarela e da época de gripe que deve chegar logo. As pessoas precisam entender que o imunizante é a principal solução para interromper a pandemia, além das recomendações sanitárias. Já vimos muitas pandemias serem combatidas com as vacinas e, com certeza, teremos muitas outras epidemias nos assustando. Mais do que nunca, a informação e a ciência são os melhores remédios para combatê-las", finalizou.

Saúde: Covid-19 mata diretora da CUT São Paulo, Luci Paulino

       TVT


Na CUT, ela coordenou entre 1994 a 1997 a Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora

Redação/Hourpress

A CUT São Paulo vem a público manifestar o seu pesar com a morte da metalúrgica Luci Paulino Aguiar, na madrugada deste domingo (14), aos 60 anos, vítima da Covid-19.

Luci é daquelas mulheres que jamais serão esquecidas, foi pilar fundamental na construção da luta das trabalhadoras. Seu exemplo ficará marcado em nossas ações e em nossos corações.

Ela atuou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde foi a primeira mulher no cargo de direção, na Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e na CUT Nacional. Sua participação foi fundamental para refletir sobre a realidade das trabalhadoras, organizar as mulheres metalúrgicas e implementar políticas específicas por direitos essenciais. 

Na CUT, ela coordenou entre 1994 a 1997 a Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora.

Em suas próprias palavras, em uma entrevista à Central, ela relata o quanto era difícil, em sua época como coordenadora, discutir questões como creche e maternidade. As mulheres também não tinham espaço, segundo ela, de debater cargos na direção executiva, enfrentamentos cotidianos às trabalhadoras. 

Clique aqui para ver entrevista com Luci Paulino na TVT

Ela também atuou no governo federal quando Lula era presidente e no governo de Carlos Grana, em Santo André, no ABC paulista.

Em uma solenidade em 2009, quando foi homenageada pela CNM, ocasião em que era assessora da secretaria-geral da presidência da República, emocionada, ela disse:

"Nós ajudamos a transformar a história deste País e o nosso ramo teve uma grande contribuição. Tenho muito orgulho em dizer que as sementes deste processo eu ajudei a plantar e a construir", afirmou.

Certamente, Luci ajudou a construir esta importante luta. Neste momento de dor, lamentamos sua morte e nos solidarizamos com amigos e familiares.

Luci nos deixa um legado que jamais esqueceremos! Sua determinação na luta pela igualdade entre mulheres e homens, sua garra e força estão presentes em nós e jamais deixaremos que isso se apague!

Luci Paulino, presente!
São Paulo, 14 de março de 2021
Direção da CUT São Paulo

Saúde: Governo de SP vai abrir hospital de campanha no Centro da capital

 

Entre os leitos, 50 serão de Terapia Intensiva para atender pacientes graves que precisam de intubação


Redação/Hourpress

Arquivo

O Governador João Doria anunciou nesta segunda-feira (15) que o Governo de São Paulo vai ativar mais um hospital de campanha no Centro da cidade de São Paulo, oferecendo mais 180 leitos exclusivos para casos graves de covid-19.

“O Governo do Estado de São Paulo está equipando, preparando o hospital de campanha. Serão 900 profissionais que atuarão neste hospital, que estará operando até o final deste mês”, afirmou Doria. “Quero renovar o agradecimento ao empresário que cedeu o prédio, sem nenhum ônus, ao Governo de São Paulo para que pudéssemos começar a montagem deste hospital de campanha, com melhores condições físicas, de trabalho e de atendimento”, completou o Governador.

Entre os leitos, 50 serão de Terapia Intensiva para atender pacientes graves que precisam de intubação e recursos mais complexos, atuando como referência para a Grande São Paulo e outras regiões próximas, se necessário. Outros 130 leitos serão de enfermaria.

O novo serviço, batizado de Hospital de Campanha Metropolitano, será ativado gradativamente em prédio privado localizado no bairro da Santa Cecília oferecido ao Governo. A Secretaria de Estado da Saúde selecionará nesta semana a Organização Social de Saúde (OSS) que será responsável por operacionalizar o hospital em parceria com a pasta.

Serão investidos R$ 12 milhões por mês para custeio e montagem do novo serviço, que deve entrar em funcionamento a partir do dia 31 de março. No total, 900 profissionais atuarão no hospital, entre eles cerca de 150 médicos, além de enfermeiros, técnicos e funcionários administrativos.

Com o novo serviço, serão 193 leitos de UTI e 215 de enfermaria distribuídos entre o Metropolitano e os demais 11 hospitais de campanha anunciados neste mês pelo Governo de SP.

Saúde: SP inicia vacinação de idosos com 70 e 71 anos contra Covid-19 ainda neste mês

 

Novo público totaliza 600 mil pessoas e poderá receber a primeira dose a partir do dia 29


Redação/Hourpress

Arquivo

O Governador João Doria anunciou, nesta segunda-feira (15), a vacinação contra Covid-9 de idosos com 70 e 71 anos ainda neste mês de março. A partir do dia 29, a campanha passará a incluir as 600 mil pessoas que integram esta faixa etária e poderão receber a primeira dose do imunizante.

“Na segunda-feira, dia 29 de março, começaremos a vacinar, em todo o estado de São Paulo as pessoas com 70 e 71 anos de idade. É um alento e uma esperança para quem tem familiares, parentes e amigos nesta faixa etária”, disse Doria.

Com a inclusão deste novo público, o número de pessoas com vacinação já garantida no estado de São Paulo passa a quase 4,9 milhões, somando todos os públicos anunciados.

Nesta segunda-feira (15) o Instituto Butantan liberou de mais 3,3 milhões de doses da vacina contra o coronavírus ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde. Com o novo carregamento, o total de vacinas destinadas pelo Butantan ao país chega a 20,6 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro.

Saúde: Comitê de Blitze autua no fim de semana 58 estabelecimentos comerciais da capital

 

Por descumprimento às regras do Plano SP, ação mobilizou mais de 3.600 agentes de órgãos estaduais e municipais de fiscalização

Redação/Hourpress

Governo de SP

No primeiro fim de semana após o anúncio da criação do Comitê de Blitze, 58 estabelecimentos comerciais da capital foram autuados em flagrante descumprimento às normas sanitárias e de restrição de circulação do Plano São Paulo. A força-tarefa é composta por agentes de órgãos do Estado e da Prefeitura de São Paulo para reforçar o trabalho de fiscalização na capital e o cumprimento das regras previstas no Plano São Paulo. O objetivo é coibir festas clandestinas e aglomerações em estabelecimentos comerciais irregulares.

O Comitê de Blitze envolve a atuação da Guarda Civil Metropolitana e da Covisa (Coordenadoria da Vigilância Sanitária) pela Prefeitura de São Paulo. O Governo do Estado integra o grupo com profissionais da Vigilância Sanitária, Procon e das Polícias Civil e Militar.

Às vésperas do Estado todo entrar na fase emergencial, que determina restrições mais severas em função do aumento de casos, internações e óbitos em função do novo coronavírus, o número de denúncias saltou, com ligações e envio de mensagens para a Vigilância Sanitária, o Procon e a Polícia Militar. As ações ocorrem em diversos pontos da capital para evitar possíveis ações irregulares. O reforço da fiscalização tem como objetivo evitar a propagação do coronavírus.

De sexta à noite (12) a domingo de madrugada (14), a Polícia Militar atuou de forma preventiva em diversos pontos da capital, com orientações para dispersão de aglomerações. Neste período, foram abordadas 20.028 pessoas, sendo 14 delas detidas. Além de vistoriar mais de 31.076 mil veículos, a PM também conseguiu capturar 33 procurados e localizar/recuperar 402 veículos.

No mesmo período, a Vigilância Sanitária Estadual inspecionou 76 estabelecimentos comerciais, dos quais 15 deles foram autuados. As ações ocorreram nos bairros Vila Nova Conceição, Capão Redondo, Ibirapuera, Paraíso, Vila Mariana, Jaguaré, Freguesia do Ó, Pompeia, Perdizes, Vila Olímpia, Centro/ República, Brooklin, Alto de Pinheiros e Panamby. Desde julho de 2020, quando a Sanitária começou as ações de campo, já foram realizadas mais de 213,3 mil inspeções e de 4,3 mil autuações em todo o Estado.

O Procon-SP vistoriou 434 estabelecimentos comerciais nos bairros do Butantã, Vila Suzana, Jardim Londrina, Morumbi, Vila Andrade, Vila Mariana, Chácara Inglesa, Bosque da Saúde, Mirandópolis, Praça da Árvore, Vila Prudente, Vila Lúcia, Vila Alpina, Vila Califórnia, Vila Independência, Vila Ema, Vila Celeste, Água Rasa, Parque da Mooca, Tatuapé e Jardim Vista Linda (Estrada de Itapecerica). Destes, 29 locais foram autuados por desrespeito à regra de restrição de circulação, uso obrigatório de máscaras e distanciamento social.

Desde o início das fiscalizações, em 26 de fevereiro deste ano, foram fiscalizados 1070 estabelecimentos na capital, dos quais 129 (12,06%) estavam abertos indevidamente ao público consumidor, contrariando o decreto estadual.