Em agosto de 1989, o cantor e compositor pernambucano morria aos 76 anos, deixando um imenso legado artístico e cultural. A exposição Luiz Gonzaga, na eternidade dos 30! homenageia a data, ao mesmo tempo que, celebra e divulga a história deste patrimônio imaterial da cultura brasileira.
Em 2019, também se comemoram os 70 anos do lançamento da gravação do primeiro forró que se tem notícia, o "forró de Mané Vitor”, de autoria de Gonzaga e do parceiro Zé Dantas, outro marco histórico que reforça a relevância da exposição.
A partir do próximo dia 9 de outubro será possível visitar “Luiz Gonzaga, na eternidade dos 30!”, no Centro Cultural Santo Amaro, em São Paulo. A mostra está dividida em sete estações e mais duas outras seções, que expõem partituras de época, discos, livros, revistas e fotos pertencentes ao acervo do Instituto Memória Brasil. O centro do espaço é ocupado por uma grande instalação, uma alusão ao Juazeiro e a força do povo sertanejo.
Na Estação Rádio, o visitante encontra uma instalação que reproduz uma cabine radiofônica. Nela, há um sinal de “NO AR” aceso e um gibão e um chapéu de couro remetendo a Luiz Gonzaga. O objetivo é que o visitante acredite estar vendo o artista durante uma gravação. Esse ambiente apresenta ao público uma vertente musical não muito conhecida do Rei do Baião: os jingles comerciais e políticos.
A Estação Vitrola mostra ao público os diversos cantores que gravaram música de Luiz Gonzaga. Compõem este ambiente uma vitrola antiga, um disco da cantora Peggy Lee, um painel com imagens e fones de ouvido, com os quais é possível ouvir raridades musicais como a própria Peggy Lee cantando “Juazeiro, Keiko Ikuta, “Baião de Dois e Paraíba”, e David Byrne e Forró in the Dark, “Asa Branca”.
Uma sanfona em tamanho gigante diz ao visitante que ele acabou de pisar na Estação Sanfona. Neste espaço estão expostos alguns dos diversos livros que tratam sobre a vida e a obra do artista. Entre os quais: “O Nordeste nas canções de Luiz Gonzaga”; “Luiz Gonzaga, muito além de um sanfoneiro”; e Luiz Gonzaga, o matuto que conquistou o mundo”. Ainda abordando a literatura a respeito do músico, a Estação Cordel traz alguns dos mais de 120 cordéis que já foram escritos inspirados no Rei do Baião.
Paineis divertidos e coloridos com curiosidades sobre a obra de Luiz Gonzaga compõem a Estação Você Sabia e letras de música que retratam os principais temas da obra de Luiz Gonzaga, como a terra, família, amor, saudade, crença, fauna, natureza e festa, fazem parte da Estação Panôs. Com o objetivo de aumentar o envolvimento do público com a mostra e fazer com que ele guarde uma lembrança da exposição, é possível fazer uma foto no universo do cordel na Estação Interativa.
No espaço destinado aos álbuns gravados pelo Rei do Baião, os visitantes encontrarão expostos 32 LPs, entre os quais: Missa do vaqueiro; O homem da Terra; Sangue de nordestino; Danado de bom; São João quente; Sanfoneiro macho; e 70 anos de sanfona e simpatia. Já o ambiente Móvel Antigo traz, além de fotos, partituras e raridades como o disco de forró de Mané Vito; a revista Rolling Stones, de abril de 1972, intitulada “O Rei do Baião”; e assinatura original de Luiz Gonzaga, datada de 1967, na contracapa do livro “O Sanfoneiro do Riacho da Brígida”.
Com direção geral da jornalista Sylvia Jardim e cenografia de Celso Rorato, a mostra tem curadoria do pesquisador de cultura popular, o jornalista Assis Ângelo. Sobre a relevância de Luiz Gonzaga para a cultura popular brasileira, ele diz: “Até hoje, nenhum artista da música popular conseguiu fazer o que Gonzaga fez: cantar a vida de um povo, de todas as suas formas. Gonzaga tinha a certeza de que ajudava o homem da terra, do campo, cantando suas alegrias e tristezas nas canções que compunha”.
A mostra tem patrocínio das empresas Expresso Taubaté e Kaizen Logística, ambas pertencentes ao setor de carga e transporte no interior paulista e foi viabilizada através de lei de incentivo fiscal, via Proac ICMS da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A realização é da produtora Casa de Conteúdo.
O Artista
Luiz Gonzaga gravou 627 músicas em discos de 78 RPM, compactos simples e duplos de 33 RPM e de 45 RPM e dezenas de LPs de 10 e de 12 polegadas espalhadas também em inúmeras coletâneas levadas à praça nos formatos de LPs e CDs e em trilhas de filmes e documentários. Ao se instalar no Rio de Janeiro no final dos anos 30, para expandir sua obra, o artista pernambucano teve o cuidado de fazer um planejamento antes de confiar ao grupo cearense Quatro Ases e um Coringa o novo gênero musical que criou junto com Humberto Teixeira: o baião.
Primeiro trocou a vestimenta social e os ternos e gravatas e se vestiu dos pés à cabeça de couro, aos modos dos vaqueiros. Em seguida, com linguajar característico e sem rodeios, cantou os personagens da sua paisagem familiar, rasteira e cheia de cactos. Luiz Gonzaga é até hoje o maior representante da música nordestina e o artista da música popular mais biografado na história do Brasil. Em 2012, o filme Gonzaga - de Pai para Filho, mostrou a força deste ídolo popular levando aos cinemas mais de 2 milhões de pessoas. O Rei do Baião, um pernambucano de Exu, foi o artista que melhor representou a região onde nasceu e que tem o maior número de estados do País. “A obra construída por Luiz Gonzaga retrata com fidelidade o sertão nordestino e o próprio Nordeste, nas suas diversas facetas”, ressaltam os organizadores da exposição.
Luiz Gonzaga, na eternidade dos 30!
Data: de 9 de outubro à 7 de novembro
Local: Centro Cultural Santo Amaro
Endereço: Avenida João Dias, 822 – Santo Amaro
Horário: de segunda a domingo, das 10 às 17 horas
Tel.: 5541-7057 /5687 0513 (para agendamento de grupos e escolas)
Valor: gratuita