*Dr. Tomyo Arazawa
Suspender a menstruação por alguns meses é um tipo de tratamento muito utilizado nas mulheres com suspeita ou diagnóstico de endometriose. Para isso, as pílulas anticoncepcionais têm um papel importante, pois além da contracepção podem promover melhora significativa dos sintomas da doença, com melhora da qualidade de vida da paciente.
“A pílula não cura as lesões da endometriose mas, sim, deixa as lesões mais inativas por bloquear a produção de hormônios naturais, principalmente o estrogênio. Esse hormônio estimula o crescimento do endométrio, que é o tecido que reveste a parte interna do útero, assim como as lesões de endometriose”, explica Tomyo Arazawa, ginecologista e obstetra da Alira Medicina Clínica.
O progestagênio na formulação do anticoncepcional também é determinante para a eficiência. É ela que contrapõe a ação do estrogênio sobre as lesões da endometriose e melhora o quadro. “As pílulas combinadas têm estrogênio e progestagênio, mas o estrogênio da pílula é sintética, não funciona como o estrogênio natural. Outras pílulas são compostas apenas por progestagênios. Os dois tipos de pílulas têm efeito parecido sobre a endometriose”, afirma. Existem muitas pílulas no mercado e para a escolha da mais adequada o especialista deve considerar o histórico da paciente, doenças pregressas, efeitos colaterais, riscos e benefícios.
De modo geral, para o tratamento de endometriose, a pílula anticoncepcional é prescrita para uso contínuo, muitas vezes sem pausa entre as cartelas. Além da pílula anticoncepcional, outros métodos contraceptivos hormonais também podem ser utilizados.
Essas medicações costumam funcionar bem, porém por um tempo que costuma ser limitado para muitas pacientes. “Isto ocorre porque, após certo tempo, algumas mulheres decidem tentar a gestação e para isso precisam interromper o uso da pílula ou os efeitos colaterais dos anticoncepcionais podem ser incompatíveis com o seu uso a longo prazo”, explica Arazawa.
Há casos também em que as mulheres podem ter contra-indicações a uso dos anticoncepcionais, como risco elevado de câncer de mama ou de trombose. Nessas situações, seja por contra-indicação ao anticoncepcional ou ineficácia do método para controles dos sintomas, opta-se por um tratamento mais invasivo como o tratamento cirúrgico laparoscópico. O ginecologista é quem sabe qual o melhor tipo de tratamento para cada caso, seja medicamentoso ou cirúrgico, então, nada de tomar anticoncepcional sem prescrição médica, o correto é procurar um especialista para avaliação.
*Dr. Tomyo Arazawa é ginecologista e obstetra da Alira Medicona Clínica. Especializou-se em cirurgias minimamente invasivas como cirurgias robóticas, video-laparoscópicas e video-histeroscópicas (os quais incluem as cirurgias de endometriose), e em medicina reprodutiva. É membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP), da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL) e da International Pelvic Pain Society (IPPS).