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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Geral: Projeto exclui do Código Penal crime de venda de remédio falsificado



A proposta visa tirar do Código Penal o delito, com pena prevista de dez a 15 anos de prisão

Luís Alberto Alves
 A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 8.028/14, do deputado Cleber Verde (PRB-MA), que exclui do Código Penal (Decreto-lei 2.848/40) o crime de importação, venda, manutenção em depósito, distribuição ou entrega de produto medicinal ou terapêutico de procedência ignorada. Atualmente, a pena prevista para o crime é de reclusão de 10 a 15 anos e multa.
 Cleber Verde explica que a pena anteriormente prevista para o crime era de um a três anos, e que o Código foi alterado pela chamada Lei dos Remédios (Lei 9.695/98), que incluiu essa prática no rol de crimes hediondos. Ele lembra que a alteração foi motivada pela descoberta maciça de medicamentos falsos, fabricados e comercializados no País.
 Porém, para o deputado, há agora uma falta de harmonia entre o delito e a pena, e “ofensa aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade”. Segundo ele, em muitos casos, o crime é punido com mais rigor do que tráfico de drogas e homicídio.
 “Em inúmeros casos, o esporádico e pequeno traficante pode receber a exígua pena privativa de liberdade de um ano e oito meses”, afirma. "Constata-se, também, que a pena mínima cominada ao crime em debate excede em mais de três vezes a pena máxima do homicídio culposo e corresponde a quase o dobro da pena mínima do homicídio doloso simples.”
 Para apontar a desproporcionalidade entre delito e pena, o parlamentar ressalta ainda que a importação de medicamento não registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária ), considerada criminosa e hedionda pelo Código Penal, pode acarretar mera sanção administrativa de advertência pela Lei 6.437/77, que define as infrações à legislação sanitária.
                                                          Tramitação
 O projeto foi 
apensado ao PL 4898/12, que reduz a pena para falsificação de medicamente. As propostas aguardam votação do Plenário.


Geral: Conheça nove passos para capacitar e motivar internamente funcionários




 
 
Falta de treinamento desfoca vida profissional
Redação

O quadro se repete nas mais variadas áreas profissionais do país: são poucos os profissionais qualificados. Isso ocorre principalmente nas áreas técnicas, e o reflexo deste fato é o custo cada vez maior de mão de obra e dificuldade de contratação.
 
 Uma alternativa que as grandes empresas estão encontrando é a busca de treinamentos e de cursos para os profissionais já contratados e fortalecimento de políticas de retenção. Isso, porque hoje é necessário complementar o conteúdos dos colaboradores, mas, mais que isso, prepara-los para serem lideranças positivas.
 
"Os profissionais se formam no curso superior e obtêm conteúdo técnico, porém a 'bagagem básica' que as empresas estão buscando inclui também experiência do profissional, capacidade de decisão e utilização na prática do conteúdo técnico. Por isso, além de treinamentos em suas áreas de atuações, as empresas buscam aprimoramentos, como redação, gestão, planejamento e diversos outros temas", explicou o diretor executivo da Innovia Training e Consulting, Ricardo Barbosa.
 
 Para que as empresas saibam como implantar um curso ou treinamento de maneira correta, veja algumas dicas elaboradas pelo diretor executivo da Innovia:
 
1.       O primeiro passo para empresa implantar um treinamento é realizam uma avaliação interna sobre quais são as reais necessidades, evitando treinamentos que não reflitam em resultados;
2.      Outro ponto fundamental é um levantamento dos perfis dos colaboradores para definir os quais devem ser direcionados para um treinamento;
3.      Existem diversas ofertas de cursos e treinamentos no mercado, assim, antes de definir qual deseja, faça uma pesquisa de mercado para saber se a empresa que contratará está realmente capacitada;
4.      Direcione os cursos que serão realizados às reais aptidões e ambições dos funcionários, de nada adianta oferecer um curso de liderança para um trabalhador que não tem nenhuma característica de líder;
5.      Crie contratos para os cursos, muitas empresas oferecem esse benefício para colaboradores que logo na sequência esses desligam. Estabeleça clausulas para que isso não ocorra ou se ocorrer tenha os valores restituídos;
6.       Regras claras são fundamentais, tenha tempo mínimo de participação e avaliação de desempenho, evite que seu colaborador não aproveite o curso adequadamente;
7.      Busque empresas bem localizadas ou que façam o trabalho in company, o deslocamento é um dos principais motivos para desistência e para fraco aproveitamento;
8.     Treinamentos devem ser constantes. Com a velocidade das informações e mudanças rápidas, para ter um profissional realmente capacitado, é fundamental que esse passe por constantes reciclagens e treinamentos, pois, em seis meses muitas coisas mudam;
9.      Depois dos cursos, crie políticas internas motivacionais e de retenção, garanta que terá todo resultado possível do investimento feito.


Geral: Mercado de moda ganhará selo fashion




Redação


 A  Apex/Brasil  (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ) e a Abest (Associação Brasileira de Estilistas ) lançam no dia 5 de novembro o selo Fashion Label Brasil, cujo objetivo é posicionar a imagem da moda brasileira no Exterior.

 O lançamento ocorrerá durante a Conferência Abest de Conteúdo Criativo, na 5ª edição do Salão +B, no MuBE, de 4 a 6 de novembro, em São Paulo com a presença dos representantes da Apex-Brasil Igor Brandão, Gerente de Economia Criativa e Tecnologia, e Isabel Tarrisse da Fontoura, gestora de projetos do complexo moda, que estarão acompanhados de Roberto Davidowicz - presidente da Abest. O evento conta com a participação de 36 marcas nacionais lançando suas coleções de Inverno 2015 para compradores nacionais e internacionais. 

 O Fashion Label Brasil tem como meta posicionar internacionalmente o design brasileiro de moda, mostrando a imagem de um Brasil inovador e contemporâneo, elegante e surpreendente, que foge dos estereótipos, procurando valorizar o rico trabalho dos estilistas brasileiros. 

 "O Fashion Label Brasil é uma iniciativa muito importante para unificar nossa mensagem e nossa identidade no mercado internacional. Estamos cada vez mais presentes no exterior e um posicionamento estratégico fortalece o design brasileiro como um todo", avaliou o presidente da Abest, Roberto Davidowicz .

 Atualmente, a Abest tem 108 marcas associadas que se beneficiarão do selo, com o objetivo de posicionar a imagem brasileira e, consequentemente, ampliar as exportações da indústria brasileira do setor de moda. O projeto leva a mensagem do Brasil a importantes feiras, desfiles e showrooms para mercados estratégicos como Estados Unidos, Europa e Ásia. 

 "O lançamento do selo Fashion Label Brasil, como estratégia de reposicionamento de marca para as exportações do setor, é de fundamental importância para destacarmos a atitude comprometida, a consistência e a vivacidade da moda brasileira", destaca Mauricio Borges, presidente da Apex-Brasil. "Essas qualidades se somam a atributos como frescor, criatividade e sustentabilidade para apresentar uma moda brasileira única, autoral e que vai além das expectativas. É por meio da apresentação desses diferenciais competitivos que reforçaremos a atitude e a visão de futuro que mercados internacionais tanto valorizam na hora de fechar negócios".

 Haverá também iniciativas que proporcionem aos empresários brasileiros a oportunidade de conhecerem melhor os mercados-alvo, estabelecerem parcerias comerciais nos países e fazerem contatos com distribuidores, representantes e compradores locais.

                                                                  Serviço
Salão +B Inverno 2015
www.abest.com.br
www.salaomaisb.com.br

04 a 06 de novembro de 2014
Horário Salão +B 
- dias 4 e 5: 09h às 19h
- dia 6: 09h às 20h
Local: MuBE
Av. Europa, 218 - São Paulo/SP

Variedades: George Clooney e Jean Dujardin em campanha publicitária



Os dois atores estão numa campanha publicitária envolvendo café

Redação


 Com estreia prevista no Brasil para o dia 23 de novembro, a nova campanha da Nespresso estrelada pelo embaixador da marca, George Clooney, conta com a presença do ator francês Jean Dujardin. A saga da campanha, que será um aperitivo do que vem pela frente estará disponível a partir do dia 18 de novembro, em diversos sites de notícias, além dos canais oficiais da Nespresso no Youtube (www.youtube.com/nespresso) e no Facebook (www.facebook.com/nespresso).

 A campanha publicitária completa intitulada "How Far" (Até onde você iria por um Nespresso?) marca a 10º temporada seguida estrelada pelo embaixador da Nespresso, que como novidade, disputa com o vencedor do Oscar de Melhor Ator de 2012, Jean Dujardin, as originais e icônicas sandálias brasileiras nos vídeos dirigidos pelo aclamado diretor Grant Heslo, produtor e roteirista com indicações ao Oscar.

 As originais sandálias brasileiras estão envolvidas na disputa pela última cápsula de Nespresso tendo como cenário o Lago de Como, na Itália. "Com a nova campanha, nos desafiamos a criar um cenário divertido que o público possa se envolver tanto na TV quanto no online. Este ano, trabalhamos também com Jean Dujardin, que nos presenteou com uma dinâmica única para o comercial de TV, a fim de mostrar até onde ambos podem ir para degustar aquele incomparável momento Nespresso", comentou Amanda Capucho, Gerente de Marketing da Nespresso Brasil.

"Como parte da campanha os vídeos e imagens da saga estarão disponíveis em painéis em aeroportos e mídias digitais, como portais e redes sociais, além de revistas, jornais e em anúncios na TV aberta e fechada", concluiu Capucho.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Túnel do Tempo: FHC anuncia demarcação de terras indígenas




Luís Alberto Alves


 Direitos dos índios: No dia 3 de novembro de 1997, o  presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia a demarcação de 22 áreas indígenas, correspondentes a 8,4 milhões de hectares, ocupadas por 15 mil índios.

Radiografia de Sampa: Rua dos Trilhos





Luís Alberto Alves

 Nome de origem popular, e que aparece pela primeira vez, em mapas, no ano de 1914. Ele tem sua explicação baseado no fato de que esta rua se originou no leito de um antigo ramal da Estrada de Ferro Santos/Jundiaí e que levava ao antigo Hipódromo existente na região.

  No mapa da cidade de São Paulo do ano de 1895, pode-se observar essa antiga Estrada de Ferro (hoje Rua dos Trilhos) com o nome de "Estrada de Ferro para o Hypodrómo". A Rua dos Trilhos (foto) fica na Mooca, Zona Leste de SP.


Geral: Versão impressa do Diário do Comércio (SP) deixa de circular



Mais um jornal impresso chega ao fim


Portal dos Jornalistas

 A Associação Comercial de São Paulo anunciou o fim da edição impressa do Diário do Comércio. A notícia pegou os profissionais de surpresa na última 6ª.feira (31/10), inclusive Moisés Rabinovici, o Rabino, diretor de Redação da publicação.
 Em texto publicado em sua página de facebook neste domingo, 2/11 (leia na íntegra abaixo), o então diretor revela que o final do jornal se deu de forma cruel e grosseira, sem que houvesse sequer uma última edição para se despedir e comunicar aos leitores. Diz que a equipe de jornalistas – ele inclusive – teve senha de computador bloqueada e negado acesso aos ramais da redação. “Fiquei revoltado”, comentou.
 Desde 2003 como diretor do DC, Rabino se aproxima dos 50 anos de profissão. Dirigiu a Agência Estado e foi correspondente internacional de Época, Rádio Eldorado e Estadão. Fez parte da primeira equipe do Jornal da Tarde, em 1966.
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, a ACSP diz que o novo Diário do Comércio terá apenas versão digital, em nova plataforma, provavelmente, segundo Rabiniovici, a ser capitaneada por Marcelo Tas. Na justificativa da entidade, a extinção do impresso veio para adequar o DC à “velocidade exigida por um mundo cada vez mais dinâmico”.
 “Não é apenas uma migração para a internet. O novo formato permite a tradução do noticiário em vídeos, a postagem mais dinâmica de gráficos e fotografias, e a atualização mais rápida do noticiário. Teremos, com isso, uma ferramenta que possibilita o diálogo, que identifica os segmentos do leitor, que detecta suas reivindicações e angústias, conquistas e motivos de comemorações.
 Além disso, a mudança para a esfera digital decorre de uma efetiva necessidade de adaptação do nosso jornal às novas exigências do mercado de comunicação. Inúmeros títulos importantes da mídia nacional e internacional optaram por edições exclusivamente online. A continuidade da versão impressa do Diário do Comércio estava ameaçada por anos de operação com resultados negativos, o que determinou a atual decisão”, dizia nota enviada a colaboradores, diretores, leitores e anunciantes.
 Na prática, a conta para manter a versão impressa não fechava há tempos, ainda mais depois do rombo de janeiro de 2013, quando 24 dos 49 profissionais que lá trabalhavam deixaram a publicação por causa de uma ação do Ministério Público do Trabalho em combate à informalidade na redação. Ficaram 25 contratadoa em regime celetista.
 Agora, na equipe do jornal, permanecem apenas os colunistas. Rogério Amato, presidente da ACSP, disse também em nota: “Somos gratos pelo empenho de todos que produziram o Diário do Comércio em sua versão impressa. Sabemos que no setor da mídia o objetivo prioritário é o de satisfazer os leitores. E todos nós teremos a partir de agora um Diário do Comércio com muito mais recursos”.
 O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo tem reunião agendada para esta 2ª.feira com representantes do jornal. Segundo a entidade, os profissionais foram colocados em licença remunerada supostamente por tempo indeterminado. “Nosso trabalho será o de preservar os empregos dos jornalistas, pois a versão online também precisará produzir conteúdo jornalístico”, disse o presidente José Augusto Camargo.

Leia o que publicou Rabinovici em sua página do facebook neste domingo (2/11):
 “Neste momento em que conversamos aqui, estou suspendendo todos os contratos no Diário do Comércio. O jornal acabou.” Ainda não sei o que senti ao ouvir a inesperada sentença de morte do jornal, tão incomensurável. Ainda não a absorvi, passados já dois dias de sua execução.
– Mas assim, nem última edição, sem sequer despedida dos leitores?
– Nada – respondeu Rogério  Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp) e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB).
 – Não dá para continuar: o déficit é insustentável – acrescentou com números que, presumo, embutiam o gasto milionário com processos trabalhistas iniciados em 2013, quando foi demitida a metade dos informais da redação, e a outra metade, contratada pela CLT. A banca de advogados que assessorou a ACSP baixava um taxímetro caríssimo quando consultada até por telefone. A conta era debitada no jornal. Hoje, feitos os cálculos, se todos os informais fossem celetizados, na época, os gastos seriam menores e a sangria na redação, estancada. Perdemos muitos talentos, cortamos cadernos semanais de Cultura, Informática, Turismo e Esporte, reduzimos as páginas do jornal e amargamos frustração, baixo astral e o dobro do trabalho.
 A gerente executiva do Diário do Comércio me demonstrou que receita e despesa quase empatavam, fazia algum tempo, descontados os valores judiciais. Um resultado excepcional, a meu ver, depois que perdemos um anunciante de 80 anos, o Bradesco, e logo em seguida outro fiel, o Grupo Votorantim, ambos levados pelo dumping que prostituiu o mercado de balanços comerciais da imprensa. Mas a ACSP insistia em manter a soma ingrata que nos levava ao pré-sal do déficit, e o tesoureiro a propalava, porque sempre foi contra a existência do jornal, e o assumiu abertamente desde as primeiras reuniões mensais de orçamento entre os superintendentes de cada área — eu respondia pela de Comunicações, dirigindo o DC e uma veneranda revista bimestral, Digesto, fechada agora também. 
 Rogério Amato afastou a sentença de morte que acabava de proferir da nossa relação pessoal. De fato, somos, fomos ou éramos amigos. Ele me procurou, através de um amigo comum, o querido jornalista e mestre Ewaldo Dantas, para ajudá-lo a migrar um portal de Terceiro Setor de um servidor para outro, e “de graça”. Estávamos os três na Agência Estado e eu brinquei, mas fui levado a sério: “Ah, bom, se é de graça, eu topo”. Nasceu daí um convívio repartido com algumas orgulhosas “ewaldetes”, recém-formadas em jornalismo, tão boas que depois as levei para o DC. Um dia ele me convidou para participar de um planejamento estratégico que reformularia a ACSP, a ser presidida por Guilherme Afif Domingos. Fui. Então, me convidaram a ficar.
Figura extraordinária, esse Afif Domingos. Dentro dele há um ótimo jornalista nato. Sua ousadia era maior que a nossa, editores. Criava pautas. Participava de nossas reuniões. Às vezes vinha fazer a capa com a gente, tarde da noite. Derrubava tabus enraizados por anos, como a de não poder dar fotos de alguns personagens do noticiário, ou não publicar notícias negativas de associados, conselheiros ou ex-presidentes da ACSP. Comprava brigas pela justiça e contra impostos. Nos últimos anos, sempre que dava uma porrada no jornal, o presidente Rogério Amato me dizia:
– Você sabe que lutei para esse jornal não acabar… E fui eu quem o trouxe para dirigi-lo.
 Naquele momento, em seu escritório no Jardim Paulista, ele estava acabando com o jornal. E se havia me contratado, estava me demitindo. Tentei ainda obter mais uma edição do DC, a última, uma despedida, como todos os jornais do mundo. “Não!”. Então me disse que, de alguma forma, comunicaria o final aos leitores. Um comunicado à imprensa faria o anúncio, e já estava pronto. Revelou escondendo que haveria alguma continuidade do jornal-papel, mas que o forte seria a “plataforma digital” já em planejamento, ou em testes, não me lembro direito. Antecipou o que me ofereceria por me despedir, e me levou até o elevador.
 Ao entrar no carro, tremia. Liguei para contar à minha mulher. Depois chamei a minha assistente no DC, e anunciei o fim. Ela só foi parar de chorar muitas horas depois. A operação desencadeada pelo presidente Rogério Amato já tinha dizimado o setor de publicidade e administração. Funcionários voltavam de papel à mão com licença remunerada até o dia marcado para a demissão formal. Outros recebiam a convocação de comparecer no RH, noutro andar. Acesa, a tela do meu computador avisava que minha senha estava bloqueada. Minha secretária reclamava que não podia acessar os ramais da redação. Tanta crueldade e grosseria, fiquei revoltado, fui reclamar aos que davam ordens aos técnicos que nos pediam desculpas: “Mandaram fazer, sabe como é…”
 Abriu-se a porta do elevador no oitavo andar, o centro de operações, e dei de cara com quem foi contratado havia quatro anos como superintendente de Comunicações, aliás o meu cargo. Ele viria para “acabar com gargalos”, mas me procurou uma única vez e, mesmo assim, ao tocar o celular, pediu licença e nunca mais voltou. Eu lhe disse: “Quanta grosseria, hein? Precisava bloquear computador?” Ele reagiu: “Pode deixar, vou cuidar disso”. Não me contive, e disparei: “Olha, não cuide de nada. Você nunca cuidou de nada em relação ao jornal. Por favor, fique fora”. A chefe do RH mostrou-se surpresa com a situação. Ela é outra da gestão Amato, vinda de um banco. Tínhamos almoçado fazia poucos dias, e com certeza o que estava acontecendo requeria um planejamento antigo, mas ela nada disse. Estava em seu papel. Ganhei de volta meu computador, mas com as horas contadas.
 A redação encaixotava, limpava gavetas, sentíamos todos como se estivéssemos sendo expulsos. O DC foi o último reduto para alguns jornalistas. O que farão agora? Outros, jovens e talentosos, terão mais chances. Ninguém entendia a urgência com que se acabava com o jornal, faltando dois meses apenas para Rogério Amato se tornar ex-presidente em todos os títulos com que seu nome precisa aparecer.   Não havia tempo sequer para despedidas. Hoje, domingo, enquanto escrevo piscam no monitor pop-ups dos amigos marcando almoço, jantar ou o que for para que se revejam, discutam e entendam o que nos aconteceu.
 Circula a informação de que a “plataforma digital” será da responsabilidade de Marcelo Tas. Tem tudo a ver: há algum tempo ele vinha frequentando a ACSP e agora há notícias de que ele saiu da Band. Ouvi também que os anúncios e licitações contratados serão honrados pelo Estadão. Faz sentido: Francisco Mesquita, de volta ao jornalão, foi vice-presidente na primeira gestão do Rogério Amato na ACSP. O elo entre os dois jornais parece estar com um homem que nós, o Diário do Comércio e o próprio Rogério Amato, flagramos obtendo informações privilegiadas numa disputa por nossa distribuição e impressão entre o Diário de SP e O Estado de SP. Viram-no entrando no prédio, na sexta-feira. Hoje ele trabalha para o inimigo que quis derrotar.
 O Diário do Comércio acabou. Morreu sem o direito a uma última edição. Viveu um período de esplendor, modernizou-se e ganhou prêmios, entre eles dois Esso, um de Fotografia e outro de Melhor Contribuição à Imprensa, com o Museu da Corrupção, já devidamente fora do ar. A capa da tragédia da Maratona de Boston foi selecionada como a melhor do mundo pelo Newseum, de Washington. Fomos pioneiros no uso da Ecofont, criada por holandeses que nos tornaram um case para os grandes jornais europeus.
 Os leitores, tão passivos antes do novo DC, passaram a reclamar quando não o recebiam. A tiragem atingia os 25 mil, com o represamento de tantos outros que o queriam mas não o podiam assinar, por não serem membros da ACSP, única condição. Ele não ia para bancas por pertencer a uma entidade de classe sem fins lucrativos. O que se vai fazer agora, a tal “plataforma digital”, já estava a todo vapor, havia vários anos, com mais de 1 milhão de visitantes/mês. O dcomercio.com reuniu um pessoal altamente competente, e crescia. Só não recomendei a transformação do papel em digital porque algo me dizia, e ainda me diz, que, bem feito, com textos bem escritos, temas inusitados, coberturas aprofundadas e edição criativa, há vida entre jornais em extinção. A melhor morte viria da mescla possível entre as duas plataformas, mais a amplidão de possibilidades abertas pela telefonia celular.
Gostaria de ter fotografado a minha sala depois de esvaziada. Daria uma ótima foto para a última edição: sobre a mesa e cadeiras, ficaram os prêmios e diplomas conquistados pela equipe valorosa que honrou o Diário do Comércio, e aqui incluo também os jornalistas que saíram revoltados no tsunami da formalização de 2013, e que contribuíram, paradoxalmente, para o déficit agora apontado como nossa causa-mortis.