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É preciso tomar cuidado para o leão da dívida não ficar bravo |
*Reinaldo Domingos
O número
de funcionários de empresas, aposentados e pensionistas que pedem
empréstimos com desconto em folha de pagamento é muito alto, o que faz com
que essa se torne uma das principais formas de endividamento da população
e, se essa ferramenta for utilizada sem educação financeira, esse problema pode
se tornar muito sério. Segundo dados que consideram apenas os aposentados
e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), houve uma leve
retração na obtenção dessa forma de crédito.
Esses
dados apontam que, em março deste ano, as operações de crédito consignado
totalizaram R$ 3,543 bilhões, um resultado 4,04% inferior ao mesmo período de
2013, quando foram liberados mais de R$ 3,6 bilhões. Em número de
contratos, a redução é ainda maior: em março de 2014, registrou 1.046.291
contra 1.147.337 contratos efetivados, em março de 2013, uma redução de 8,81%.
Essa
redução se deve a vários fatores, dentre os quais destaco as perspectivas
econômicas negativas, que fez com que crescesse consideravelmente o medo da
população em tomar créditos no mercado, não sabendo se conseguirão arcar com os
compromissos.
Contudo,
em praticamente todas as empresas que realizo trabalho de educação financeira,
observo a utilização dessa ferramenta de crédito de forma inadequada, o que
leva a problemas como queda na produtividade e até mesmo demissões, por isso,
esse é um tema que precisa ser alvo de esclarecimentos e cuidados, antes de ser
oferecido pelas empresas e utilizado pelos funcionários.
Imagina
se, após ter pego um crédito consignado, os problemas comecem a interferir no
trabalho, causando queda de produtividade e motivação? As coisas só piorariam.
Com a educação financeira, essa questão se minimiza, pois as pessoas perceberão
que o problema não é ter dívidas, mas sim não ter total conhecimento da
situação financeira, fazendo com que a vida gire em torno de dívidas
intermináveis, que deixam cada vez mais longe a realização dos sonhos.
Então,
separei algumas orientações básicas e práticas para que as pessoas tenham
consciência na hora de utilizar esta linha de crédito:
1. Antes de tomar
qualquer crédito é importante conhecer a sua real situação financeira, ou seja,
fazer um diagnóstico financeiro;
2. É muito importante não
deixar com que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu
desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar qualquer
prestação sem salário;
3. Antes de buscar pelo
crédito consignado, é importante tomar consciência de que o custo de vida
deverá ser reduzido em até 30% do ganho mensal, isto porque a prestação deste
reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de
aposentadoria;
4. É muito comum a utilização do crédito consignado
para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém, a
troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro
problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento;
5. A linha de crédito
consignado, sem dúvida, se bem utilizada, é importante, porém, não pode fazer
parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser
pontual;
6. Tem sido comum o empréstimo do nome a
terceiros por parte de aposentados e até mesmo funcionários, mas este
procedimento é prejudicial a todos;
7. Caso encontre taxas de
juros mais baixas, é válido fazer portabilidade deste crédito. Para os
funcionários, o caminho será falar com a área de Recursos Humanos; para os
Aposentados, as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar;
8. Para quem quer tomar o
crédito consignado, recomendo que, antes mesmo de assinar o contrato com a
instituição financeira, se faça uma boa reflexão e analise se este valor que
será descontado diretamente no salário ou benefício não fará falta para os
compromissos essenciais mensais.
*Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro,
presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do
best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo
Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.