Seca do nordeste muda endereço para São Paulo; reservatório da Cantareira sem água |
Luís Alberto
Caju
Os paulistanos estão
enfrentando um início de ano muito seco. As temperaturas estão mais altas que o
normal em todo o Estado. No interior, os termômetros estão com 5ºC acima da
média e na Capital paulista com 7ºC. Todo este calor e a pouca chuva já atinge
a vida da população. Isso porque a falta de chuva afeta abastecimento de água
em São Paulo. Diadema é a primeira cidade entre os 39 municípios da Grande São
Paulo que anuncia racionamento de água. Já que o volume recebido nos três
reservatórios da cidade é insuficiente para atender a altíssima demanda. O
racionamento vai atingir 70% da cidade, com cerca de 406 mil habitantes. O
município é abastecido pelos reservatórios da Represa Billings.
Outras 19 cidades estão com problemas no abastecimento
de água. Em Valinhos, Interior de São Paulo, o racionamento já está acontecendo
pelo menos duas vezes por semana e quem for flagrado desperdiçando água vai
levar uma multa de R$ 336,00. A cidade de Itu está com racionamento desde a
última quarta-feira, que será interrompida das 20h às 4h da manhã.
Estão com racionamento de
água as cidades de Sorocaba, Orlândia, Vinhedo, São Pedro, Salto e Porto Feliz.
Já o número de cidades que enfrentam crise no abastecimento de água só aumenta
e entre elas está Conchas, Morungaba, Pedreira, Serrana, Jaguariúna,
Cosmópolis, Artur Nogueira, Campinas, Americana, Sumaré, Altinópolis e São
Pedro. E vale lembrar que na última terça-feira (4), o governador Geraldo Alckmin
afirmou que não via a necessidade de racionamento de água na Grande São Paulo.
Doenças respiratórias
Esta onda de calor que atua no Sudeste desde o
final de janeiro até hoje reflete uma condição de bloqueio atmosférico. Este
sistema meteorológico é mais comum em meses de outono e inverno e não muito
frequente em janeiro e fevereiro. O bloqueio acabou provocando também uma
condição meteorológica incomum para o alto verão: ausência de umidade e de
chuva no Sudeste. E devido a esta realidade aumentou cerca de 30% o número de
pessoas com problemas respiratórios em São Paulo. Tudo isso porque os
paulistanos estão enfrentando as altas temperaturas e a baixa umidade do ar.
O tempo seco e o calor provocam ressecamento
de mucosas do nariz, garganta e pele, além de tosse e infecções respiratórias.
Os problemas respiratórios são agravados, como asmas, rinite, bronquite e até
mesmo enfisema pulmonar. Para evitar estes problemas, é necessário bastante
hidratação e umidificar os ambientes. Vale também evitar se expor ao sol das
10h às 16h e usar o protetor solar. Atenção especial com crianças e idosos
Volta a chover dia 17, porém a chuva esperada
não será tão volumosa para a recuperação completa nos níveis dos reservatórios.
A pouca chuva e o calor excessivo se dão devido a uma massa de ar seco e quente
comanda o tempo em São Paulo. Isso porque temos a atuação de um bloqueio
atmosférico que impede o avanço de instabilidade pelo País.
Corrente de jato
"Este sistema é
composto por ventos no alto da atmosfera, chamados de Corrente de Jato, que
ganharam força e impediram que as frentes frias chegassem ao Brasil, e com isso
uma grande massa de ar quente predominou nos últimos dias de janeiro” -
explicou Patrícia Vieira do Grupo de operações da Somar Meteorologia. Assim, o
Brasil ficou dependendo basicamente da umidade da Amazônia para provocar chuvas
- mas sem ventos que carregassem essa umidade pelo País, tivemos chuvas
concentradas somente mais no Norte e parte do Nordeste.
Segundo a Somar
Meteorologia, as chuvas começam a ser mais homogêneas a partir do dia 17,
quando as frentes frias vão conseguir romper o bloqueio atmosférico. A chuva
esperada não será tão volumosa para a recuperação completa nos níveis dos
reservatórios, e sim apenas para amenizar a situação atual. “A temperatura não
deve cair quando voltar a chover no Estado. Esperamos oscilação, porém o calor
vai continuar” - afirmou o meteorologista Celso Oliveira.