Astrogildo Magno
Geofrásio dirigia caminhão de carga desde os 18 anos. Conhecia
o Brasil de ponta a ponta. Em 50 anos de volante andou em estrada de barro,
cheia de poeira e nas raras de asfalto na região Norte do Brasil. Perdeu a
conta de quantas mercadorias já transportou. A maior parte de sua vida se
passou dentro da cabine do caminhão.
Em meio século de volante nunca se envolveu com nenhum tipo
de acidente. A experiência o alertava a respeito dos perigos que rondam todo
motorista de caminhão, como as mulheres usadas pelas quadrilhas que colocam criança
no colo para simular pedido de socorro.
Sempre priorizou o sono. Jamais utilizou drogas para se
manter acordado e poder dirigir mais de 20 horas seguidas. Procurava dormir e
tirava a diferença na estrada. Explorava bem as descidas para obter vantagem
nos trechos de lentidão. Só parava em postos de combustíveis de sua confiança.
Evitava locais frequentados por criminosos.
Carga
Após duas semanas longe de casa, estava retornando para São
Paulo. Entregaria uma carga no bairro de Cumbica (Guarulhos) e depois tomaria o
rumo da Zona Norte, onde nasceu, cresceu, casou, criou os filhos e ali vive.
Não pensava em parar de trabalhar. Perto de São Jose dos Campos parou num posto
e para ajudar a digerir a costelinha de porco pediu um pequeno drink de
caipirinha, em dose pequena.
Minutos depois começou
a enxergar mal, a cabeça “rodar” e dores nas costas. Chamou o garçom e perguntou
o que havia de errado naquela bebida. Não tinha gosto estranho, porém começou a
sentir-se mal e não tinha força para se levantar da mesa. De repente enxergou
na porta do restaurante a sua mãe, falecida há muitos anos. Ela acenava para
segui-la.....
Astrogildo Magno é cronista
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